4. Todos nascidos em Portugal. Há mais de 5 anos a viver fora. A
Kiki não
tem recordação
do que é
viver (salvo férias) em Portugal, tão pouco foi o seu tempo lá.
O Campeão
veio mais velho mas já viveu mais de metade da sua vida fora de Portugal. Eu e o
Grandalhão
– perspectivas e sentimentos diferentes.
A nossa emigração continua a ser um tempo de indecisão,
de instabilidade e angústia. O tema regresso e a reinserção no nosso país
natal, é
um assunto de permanente debate nesta casa – e já agora para que fique claro, na
da grande maioria de todos os muito expatriados/emigrados que conhecemos).
O regresso é um tema difícil e complexo. Envolve a
tentativa de conciliação das vantagens do reagrupamento familiar e da manutenção
(ou consolidação) da identidade (e dos laços com o país
natal). O regresso poderia ser de interesse para o país, afinal torna possível
a recuperação
de trabalhadores qualificados... mas em Portugal, nesta fase, aconselham-se trabalhadores
a sair. Será
possível,
em contra-cíclo,
regressar em condições económicas minimamente interessantes? Em que
momento (para minimizar o impacto nos pequenotes, para as carreiras)?
Estudos revelam que portugueses de segunda geração (que emigraram
com menos de 16 anos), raramente optam por regressar. Os nossos filhos
contrariam essa ideia – questionam-se sobre o porquê de viverem longe da família
e afirmam, vez após vez, que ˝quando forem grandes˝ vão viver para Portugal. O
Campeão, nesta fase, debate-se sobre se será matemático ou diplomata... português.
Até quando?
E como seria uma reinserção? Familiar – crescemos. habituámo-nos a
viver sózinhos, ao nosso espaço, a outros hábitos. Profissional – também neste
capítulo passámos a agir de forma diferente, temos (ou tenho) outra perspectiva
e expectativa – onde nos enquadrar? Concerteza posso/devo ajudar mais neste
momento de crise (não apenas com as confortáveis remessas de emigrante bem como
na promoção de Portugal fora). Social – não podemos ter ilusões também neste
capítulo.
O que esperamos? Como manter este espaço internacional que
conquistámos? O que esperam de nós?
Existe um fosso enorme entre o sonho do regresso e a sua
concretização. Como existia também quando decidimos emigrar...
Enfim, um desabafo sobre o nosso debate constante sobre a
disponibilidade de regressar a Portugal (ou muitas vezes de partir para outras
bandas), se e quando, o momento chegar.
Patrícia
3 comentários:
Patrícia!!!
Um desabafo de alma inteira!
Olha, escreveu Eugénio de Andrade:
» Sobre o Caminho »
« Nada.
Nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila
dos pássaros
te dirão a palavra.
Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da neve
não há diferença.
Não colecciones dejectos o teu destino és tu.
Despe-te
não há outro caminho. »
Tempos difíceis! Mas se um raminho isolado pode ser arrastado por uma brisa ligeira, 4 raminhos unidos hão-de aguentar-se e fazer-lhe frente... Beijinhos
Acho que essa dúvida te (vos) acompanhará sempre. Ou por muito tempo. Se ficarem, pensarão no regresso. Se voltarem, pensarão numa eventual nova partida. Admito que, se mudarem de poiso, pensarão no regresso a casa, sendo que aí não será "casa" mas "casas". É pelo menos o que se passa comigo. E com outros com quem falei sobre o tema.
Beijinhos!
Tícia,
Um desabafo é um momento de reflexo, mas também de alívio.
Think global, act local.
bjão
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