16.4.08

O complexo de Electra na Catarina

é mesmo forte e vincado: “papá meu”, “mamã é má”.

Pode ser que a memória me falhe, pode ser que tenha uma perspectiva diferente porque não sou eu o objecto da tremenda paixão, pode até ser (é, certamente) alguma dificuldade minha em gerir isto mas bolas Catarina, esse complexo de Electra está mesmo em actividade!

E o pior é que acho que a minha reacção mais tranquila ou impaciente determinam o tamanho da convicção e teatrialidade na repetição da afirmação “papá meu”.

Isto é estudado na psicologia. O caso da Catarina parece ser um caso de complexo de Electra que tende (como é mais normal na sexualidade) para a identificação positiva: nome técnico que significa que tendo escolhido o sexo oposto - o Nuno neste caso - como objecto do desejo, ficam a rivalidade e identificação acentuadas em relação ao progenitor do mesmo sexo - ou seja, a mim. O passo seguinte é a aceitação do sexo: ao imitar-me identificas-te comigo e aceitas o teu género.

É reconfortante ler no papel todo o racional (e naturalidade com a normal evolução das coisas) mas confesso que às vezes a repetição incessante de “papá meu” seguido de “mamã má” me vai aos nervos. Para simplificar, porque isto das relações é muito mais complicado, são dores de ajustamento ou ciúmes - porque gosto muito, muito dos dois.

Patrícia

O meu filho e as cabras

(advertências aos leitores: este título pode a vir a ser utilizado com outro sentido no futuro, mas por agora são cabras no sentido literal da palavra).

Hoje foi um dia diferente na nossa rotina da quarta-feira. Há quase um ano que dedico as quartas-feiras aos filhos e lar (um luxo por viver na Holanda) e portanto, não desenvolvo a minha actividade profissional normal, ou seja, não trabalho – fora de casa.

Normalmente, este dia é inteiramente dedicado à Catarina e, parcialmente ao Diogo. Hoje, por vários factores, foi ao contrário. A Catarina foi tirar fotografias para o infantário e o Diogo não teve aulas. Tínhamos a consulta para tirar o gesso do pulso do Diogo a meio do dia. Decidimos, então, que poderíamos ir a uma quinta pedagógica onde há animais domesticados (cabras, galinhas, porcos, cavalos, vacas). Fomos.

Na quinta pode-se dar de comer em especial às cabras tanto adultas quanto bebés. Aos bebés dá-se leite em biberões. Claro que os miúdos adoram isto. O Diogo lá comprou 8 biberões (à vez) e andou a dar leite às cabras. A dada altura estava com umas 6 cabritas à volta, um delas a mordiscar-lhe os cabelos! (outra vez uma possível referência para o futuro). Mas eis que num curral mesmo ao lado nascem duas cabrinhas da mesma cabra mãe. As poucas pessoas que lá estavam ficaram comovidas e desataram a tirar fotos. Eu claro que não tinha a minha máquina comigo, tirei fotos com o telemóvel, pena é que não saiba descarregá-las para o PC (quando descobrir ponho-as aqui).

A reacção dos rapazes, e do Diogo também, foi concentrar-se na mãe cabra que sangrava e tinha pendurado o saco amniótico, fazendo-lhes impressão o sangue e o facto de estar “suja”, ao passo que a das raparigas foi focar-se nos recém nascidos com comentários do estilo “ah! que queridos!”. Achei graça, isto está mesmo escrito no DNA de cada sexo.

Depois lá fomos ao hospital tirar o gesso. Está tudo bem. Claro que agora anda um bocado baralhado com o uso das mãos porque sendo destro mas tendo permanecido com a mão direita imobilizada nos últimos dias habituou-se a usar a esquerda, e agora parece meio confuso com a mão que automaticamente usaria. Deve ser sol de pouca dura.

Patrícia

10.4.08

ambição

A mulher de um colega de trabalho (meu chefe no emprego anterior) foi ontem levada para casa em pranto, vítima de um esgotamento.

Este meu colega protagonizou uma das maiores proezas físicas de que tenho memória: não satisfeito com o trabalho que lhe davam os 2 filhos e a liderança da equipa da Europa do Sul num banco de investimento internacional cujas instalações se situavam a 100 kms de sua casa, matriculou-se num MBA classificado nos 10+ da Europa para 2 anos de curso em tempo parcial.
Pouco tempo depois do início do curso a mulher engravidou do terceiro filho e algum tempo depois ele foi promovido a responsável pela Europa inteira do tal banco de investimento.

Ainda assim completou o MBA e decidiu mudar de emprego...para uma consultora de gestão. Acordou com os sócios um regime que lhe permite trabalhar algum tempo a partir de casa mas continua a tratar-se de uma consultora de gestão, com as exigências conhecidas de uma empresa do género, nomeadamente ao nível da disponibilidade, dos horários e das viagens.

A mulher dele aguentou durante os 2 anos do curso um emprego de alta exigência física e mental e a lida da casa com os 3 filhos. Quando ele acabou e mudou de emprego, a ideia era passar a dar mais assistência.

Assim foi, pelo menos até certo ponto, pois um projecto no estrangeiro exigia-lhe viagens semanais com estadias durante a noite. Ao mesmo tempo, a exigência do trabalho da mulher foi aumentando exponencialmente, ao ponto de até para mim ser óbvio que ela não podia aguentar mais.

Agora rebentou. E ele há algum tempo que se questiona sobre tanta ambição.

Nuno

9.4.08

Gesso

Hoje fomos ao hospital trocar o gesso.

O antigo, onde tínhamos desenhado dois pokemons:



E o novo, com um verde alface escolhido pelo Diogo:



Está tudo bem. Apenas por precaução vai-se manter imobilizado por mais uma semana.

Patrícia

4.4.08

voz activa

ou a prova que a democracia pura só traz confusão.

Os meus sogros vieram para ficar connosco uns dias. Por decisão e vontade próprias (pelo menos segundo sei), vão buscar os pequenotes mais cedo às escolas, subtraindo-os assim por um período ainda significativo à rotina desgastante e conferindo-lhes umas merecidas mini-férias.

Ora hoje de manhã os meus sogros avisaram-nos que não poderiam ir à mesma hora de ontem e pediram-nos para avisar na escola do Diogo que ele teria que ir na mesma para o 'naschool'. Confiantes nos processos adquiridos, ignorámos o pedido pois acreditávamos que a escola, à falta de outra informação, se limitaria a cumprir o acordado.

E assim aconteceu. O problema foi que não contámos com a voz já activa do próprio: o campeão recusou ir para o 'naschool' pois garantiu que os avós iriam buscá-lo. E as professoras foram na conversa, embora não tivessem qualquer indicação nesse sentido por parte dos pais.

A Patrícia recebeu um telefonema da escola a perguntar se alguém o iria buscar, pois ele tinha falhado deliberadamente a boleia e agora estavam todos presos na escola por causa dele. Lá foi o meu sogro em regime de emergência para salvar a situação.

Tudo porque o menino de 5 anos já tem voz própria. Como se põe cobro a isso?

Nuno

2.4.08

Adeus às fraldas?


Anteontem, a Catarina chegou do infantário, e tendo visto o mano a usar a sanita pediu para o fazer. Achei que era capricho dela mas lá lhe fiz a vontade e, com o redutor apropriado que o irmão usou há uns tempos, sentei-a na sanita.

Fui passando pela casa de banho a perguntar se já estava, ao que ela sempre me respondia que não. Tal não foi o meu espanto quando, decidindo que era hora de pôr cobro ao capricho e ir para o banho, me deparei com 2/3 objectos (bem) identificados no fundo da sanita! Ela, entretanto, dizia “Calila chichi, mamã”.

Claro que festejei (juntamente com o Diogo que logo se juntou à “festa”) o acontecimento com muitas palmas e entusiasmados parabéns – só pais poderão entender a alegria deste acontecimento por (pelo menos) dois motivos bastante óbvios: (i) pelo sucesso que representa para os filhos (e que os pais adoram presenciar); e (ii) pela libertação e autonomia para os pais que durante os últimos anos trocaram fraldas, tiveram de pensar sempre em levar fraldas extra ao sair de casa, bem como o resto do material acessório e, locais para trocá-las aquando na rua, e sei lá o que mais – mas pensei que tivesse sido sómente uma feliz coincidência.

Ontem, quando fui buscá-la ao infantário, a educadora disse-me que a Catarina tinha pedido para ir para a sanita e feito um chichizito. Bom, pensei eu, parece que a Minúscula se começou a interessar pelo assunto, tenho de lhe ler mais vezes o livro da Matilde que explica ao mano Vasco que está na hora de deixar a fralda (como o fizémos vezes sem conta com o Diogo).

Esta manhã, de novo após a utilização da casa de banho por parte do mano a Catarina pediu-me para ir à sanita. Lá a pus, e o resultado foi de novo surpreendente com os “presentes” lá no fundo. Parece que estamos mesmo em processo de abolir as fraldas cá de casa! E isso são muito boas novidades...

Patrícia