30.10.07

mais pais

Desde que cá chegámos sentimo-nos muito mais pais do que quando estávamos em Portugal.

Ao contrário do que poderia ser de supor, isto não se deve ao aumento de trabalho com os miúdos ou de presença junto deles, justifica-se ao invés pela responsabilidade que agora recai integral sobre os nossos ombros.

Em Portugal, a educação do Diogo e da Catarina era partilhada entre nós e os avós. Logo, era fácil fazer recair a culpa dos maus resultados sobre eles, que mimavam em excesso.
Era também simples assumir exclusivamente um determinado papel na condução dos assuntos pois havia gente suficiente para todas as personagens necessárias.

Aqui somos só nós a tempo inteiro, tanto quando temos energia para lidar com eles como quando estamos esgotados por um rotina diária de exigência extrema e só sonhamos com o sofá e uma qualquer série estupidificante na TV.

E isso significa que se nós não fizermos ninguém fará, que os putos se viram para nós para tudo e que os resultados só a nós podem ser imputados.
Sem sermos por isso melhores pais, mais somo-lo sem dúvida. Também por aí somos mais adultos e o regresso (e cada visita, na verdade) parece cada vez mais difícil.

[Nuno]

herança familiar

Depois de me culpabilizar vezes sem conta pela vinda para cá e pelos efeitos que tal decisão teve e tem sobre os meus pais, lembrei-me de repente que não fiz e faço mais do que qualquer um dos meus antepassados mais recentes fez na sua vez.

Os meus avós paternos como os maternos iniciaram (tanto quanto sei) uma viagem progressiva e continuada da província para a cidade, à qual os meus pais e agora eu damos continuidade.

Não consigo retratar com exactidão as origens de cada um. Basta contudo para contextualizar referir que o meu pai é algarvio e a minha mãe madeirense. Viveram ambos nas capitais de distrito antes de se mudarem para Lisboa para estudar mas os seus pais mudaram de locais mais remotos para essas mesmas capitais.

O que para trás ficou é o tema que pretendo explorar com bem maior profundidade no futuro próximo mas a informação que tenho no momento bastou-me para me sentir bem mais acompanhado nesta aventura.
Como se este meu passo fizesse parte de uma estratégia desenhada muito antes de eu ser sequer imaginado. Como se houvesse destino.

[Nuno]

26.10.07

Rodinhas


Na véspera de natal de 1993 recebi um envelope com uma(s) chave(s) e uns documentos de um carro. Que grande prenda que os meus pais me deram! Era um Renault Super 5 que era, até ai, usado pela minha mãe. E nem sequer tinha, ainda, a carta de condução.

Depressa me converti ao conforto do carro e larguei a “acelera” e o capacete com que andava há dois anos. Para alem da possibilidade de deslocação fácil (“rabinho tremido”), o carro acrescenta à nossa vida mais um espaço, quase como uma casa. Lá, temos a nossa musica, as nossas coisas, e lá podemos colocar em palavras o acto de condução, somos senhores do nosso destino!

Depois do Renault Super 5 tive um Renault Clio e, algures em 2001, tive um Peugeot que era parte da retribuição mensal da primeira empresa onde trabalhei. Quando mudei de emprego, regressei à Renault, passei a ter uma carrinha Mégane, no mesmo esquema, mas que resolvia melhor a necessidade originada pelo aumento da família. No meio destes carros cujo uso era meu, conduzia, volta e meia, os carros dos pais e do irmão. Sempre adorei conduzir.

Em Dezembro de 2006, perto do período de Natal, quando deixei a segunda empresa para quem trabalhava e resolvi rumar aos Países Baixos, fiquei sem o objecto em discussão neste texto. A empresa para a qual trabalho agora não atribui carro.

O carro não é um bem de primeira necessidade, todos concordamos. A Holanda tem uma boa rede de transportes públicos, e aqui adquiri a minha Batavius (bicicleta adaptada às necessidades familiares: neste momento tem três bancos, o meu, mais duas cadeiras atras para os pequenotes e, um imenso cesto como porta bagagens na frente). Assim nos temos vindo a deslocar nos últimos meses.

Mas eis que o Nuno vai ter (finalmente) carro da empresa. Se tivesse ficado no primeiro emprego mais seis mezitos, poderia ter tido carro, como eu, em 2001. Seis anos esperou e eis que agora vai te-lo. Poderia o momento ser mais oportuno? Agora que sabemos o que é, e também o que significa não o ter, e agora que o inverno se começa a fazer sentir...

Por isso esperamos, contando os dias, para celebrar a nova conquista. E que bem que sabem as conquistas quando se as sabe reconhecer e celebrar. Ainda nem chegou mas o animo já se alterou.

Faltam apenas uns dias.

Patrícia

Comprimento e peso – 18 meses

No passado dia 16 a Catarina voltou ao consultatiebureau para o habitual controlo de desenvolvimento. Mede 86 cm e pesa 12 kgs.

Patrícia

15.10.07

Varicela


A semana passada foi diagnosticada varicela, “waterpoken” ou “chicken pox” a Catarina. Tudo tem corrido muito bem e as “pústulas” já estão a secar. Um bocadinho de febre, e mimo e está passada mais um obstáculo que sempre tentei evitar.

O curioso é que foi ao infantário. A política holandesa a este respeito é que todas as crianças, desde que saudáveis, devem ter a doença quando são pequenas, evitando assim males maiores no futuro. De modo que, encontrando-se bem de saúde (i.e., sem febre) podem ir a escola. E a Catarina foi, poupando-me assim dias de faltas ou de ferias. Cá está mais uma forma de comparar a produtividade e pragmatismo em Portugal e na Holanda...

Só espero que eu, e o Diogo, não sejamos apanhados também pela varicela...


Patrícia