Pandemia. Distância social. Proteger as células do corpo. Sim, claro. Mas somos também seres sociais, e por isso manter a sanidade mental, alimentando o contacto com os outros e também fundamental.
As medidas começaram a relaxar um pouco, depois da segunda vaga cá pela Holanda, e por isso retomámos alguns contactos, para tirar a barriga da miséria.
No domingo passado fomos lanchar a casa dos nossos grandes amigos portugueses cá da Holanda. Recebem-nos sempre com uma mesa maravilhosa e delicias a sair do forno: bolinho de cenoura e nozes (delicioso, e não pedi a receita!!); pão, doces caseiros, queijos; frutos frescos e secos diversos; uma bonita travessa com maças assadas a sair do forno; chá e acima de tudo sempre uma conversa deliciosa que nos faz sentir acompanhados. Levamos um bolinho de matcha em castelo.
Esta sexta feira, devolvemos o convite que uma família nos tinha feito já há bastante tempo, com um jantar em nossa casa. Ja tínhamos tentado antes mas meteram-se as obras e depois a pandemia.
Uma família interessante: um casal e duas filhotas. Ela italiana, formada em biologia. Ele com dupla nacionalidade, filho de mãe francesa e pai alemão e formado em psicologia. Ambos neurocientistas, neste momento a estudar em especial a empatia. As filhas, de 9 e 6 anos, nascidas na Holanda e a estudar na mesma escola dos nossos filhos, a escola europeia.
O novo protocolo: sapatos ficam a porta de casa; nada de beijos ou abraços e a primeira coisa a fazer é ir lavar as mãos. Chegaram com uma enorme travessa de tiramisu, que comemos como sobremesa, apesar de termos tido de esperar porque eu a meti no congelador quando era suposto ter sido no frigorifico. Disparates de Patricia!
O jantar era muito simples, uma mesa com picos variados para entreter enquanto a Makuks foi gentilmente buscar as pizzas ao Mangiamore. E para sobremesa, tínhamos os tiramisu e macas assadas, não tão bonitas como as da Cristina porque eu gosto em especial que fiquem quase em puré. Para ganhar um espaço especial no coração das meninas, tínhamos coca-cola que, como nós também fizemos com os nossos, só lhes é permitido em dias especiais.
Conversa muito intensa sobre ao que andamos, projectos, educação, e um bocadinho de neurociência e filosofia. Em especial, falou-se num projecto que ela está presentemente a desenvolver cá na Holanda com um grupo de especialistas diversos e que pretende ver se e possível influenciar o voto com empatia, isto e pensando nos outros e no futuro (por exemplo, quando alguém vota ter em conta a mudança climática e impacto que terá não para o próprio mas para os outros, ou da vacina, que pode ser um risco para o próprio mas visa a protecção de todos), mas ao mesmo tempo, deixar espaço a liberdade de escolha pessoal. Tema polemico que discutimos todos.
Fez-me lembrar um comentário do Champs aquando do Brexit: que aqueles que nele votaram não estarão cá para viver as consequências e que portanto algumas pessoas não deveriam ter o mesmo peso em algumas decisões do que aqueles que (mais provavelmente) estarão (que na realidade ninguém sabe o amanhã). Posição também polémica, mas passado tempo de facto concordo que pelo menos se deveria considerar a ponderação do peso do voto.
Já ontem,
passamos por Haia para almoçar uma belo Thai com o Diogo pelas ruas que os
restaurantes só estão abertos em Take-away.
Depois visitamos uns amigos holandeses em Roterdão que se mudaram para uma casa espectacular, recuperada de uma escola antiga e com andares com pés altos fenomenais. Conversa também agradável e ainda bem que levamos o pão de ló.
Patricia