31.5.08

Catarinês IV - dois anos e dois meses

Antes de escrever alguns termos/expressões engraçados de Catarinês, há que dizer que ela fala muito bem e não é trapalhona. Mas há coisas que são giras e vai saber bem mais tarde recordar:

- "brinculos" = brincos
- "balulo" = barulho
- "cintio" = cinto

Esta ela já não diz:
- "eu faço tu" = eu faço

Patrícia

"Comprar compras"

Enquanto o Diogo passava pela sua nova experiência que contei no post anterior, fizémos a vida normal: saí do trabalho e fui buscar a Catarina ao infantário. Fui a última mãe a ir buscar o seu filho e, apesar de estar dentro do horário do infantário, tinha um batalhão de 6 educadoras à minha espera para partirem para o fim de semana.

Bom, o normal não é bem verdade porque ontem (pela primeira vez) esqueci-me da chave de casa em casa. Liguei então ao Nuno a apressá-lo para vir para casa. Enquanto fazia tempo à sua espera, brincámos um bocadinho no parque e depois perguntei à Catarina se queria ir às compras. Ela (já) adora ir "comprar compras". Ao dirigirmo-nos para o mini-mercado disse, "e o que é que precisamos?". Ela começou a listar: "bolachas, leitinho, fruta".

Impressionante!

Patrícia

Diogo - Dormir fora de casa

Esta noite o Diogo dormiu, pela primeira vez, fora de casa. Quer dizer, não foi mesmo a primeira vez se contarmos com as vezes que ficou em casa dos avós ou dos tios, mas isso é em casa, por isso não conta.

Esta noite ele foi dormir a casa dum amigo da escola (e não levou o seu felpudo companheiro de cama). Tem ainda mais graça porque acaba por ter um cheirinho de diferentes culturas. O amigo com quem dormiu (bem como os seus pais) é de nacionalidade americana (aquela pela qual se declaram e pagam impostos mesmo não lá tendo residência toda a vida - este pormenor vem de deformação profissional, mas acho curioso).

A baby-siter foi buscá-los à escola e levou-os para casa onde brincaram (ele não se esqueceu de nada: bilhetes do autocarro, da mochila e do bolo). Não houve banho (mas o Diogo tinha tomado duche de manhã) porque os pais gostam de deixar o filho escapar ao banho. Jantaram e depois do jantar foram ao parque comer um gelado (o Diogo está chocado porque o amigo não gostou do gelado que era "igual ao meu e delicioso!"). Ao pequeno-almoço, o Diogo comeu duas fatias do bolo de iogurte que fiz anteontem para ele levar e bebeu dois ice tea, porque o amigo não quis e assim ele tomou a sua vez.

Contou a mãe do amigo que quando chegaram do parque ontem à noite o pai do amigo já se tinha deitado e que a mãe disse, para prepará-los para o facto de serem horas de ir para a cama, algo como, "estão a ver, o pai já está a dormir e isso que dizer que...". Pensava que eles iam dizer, que são horas de ir para a cama também, mas não, do Diogo ouviu "... é preguiçoso!".

Quando chegámos para o ir buscar ficou danado. Não queria vir para casa. Pudera, nós não o deixamos escovar os dentes no sofá, nem beber um ice tea, quanto mais dois, de seguida ao pequeno-almoço. Se deixássemos teríamos uma bolinha cá em casa.

O que mais gostou foi do DS (um aparelhómetro de jogos que os miúdos têm), o que gostou menos foi "de dormir" e "dos brinquedos do quarto" do amigo. Não chorou ou teve o mínimo sinal de desconforto por não estar em sua casa. É mesmo um assombro social.

Patrícia

29.5.08

deixá-los

Hoje fui por os pequenotes à escola. O nosso esquema mais regular neste momento é este: eu levo-os de manhã e a Patrícia vai buscá-los à tarde. É o processo que encaixa melhor nas respectivas exigências profissionais.

Não que seja indolor, tem consequências para ambos: a Patrícia acaba por ser olhada como a que sai mais cedo (apesar de ser uma das primeiras a chegar) e eu tenho que ouvir bocas por causa das horas a que chego (ainda que trabalhe até às tantas à noite). Nada de novo portanto, seja em que ponto do mundo for.

Mas não é esse o tema deste post; quero relatar o comportamento dos filhotes quando fui deixá-los.

O Diogo já está crescido. Sem espinhas, limpinho, é levá-lo e deixá-lo à porta da sala. No máximo pede para ir despedir-me dele à janela ao passar. No ano que vem nem isso, na primária já são deixados no pátio exterior e entram com a professora.

A Catarina funciona por fases, embora nunca seja muito fácil. Numa idade completamente diferente, ainda não reage muito bem ao momento de chegada. Se há alturas em que parece estar à vontade, noutras torna a coisa num episódio de culpabilização parental aguda. As últimas 2 semanas têm sido assim, com gravidade variável.

Hoje foi um desses dias. Com uma particularidade: em vez de chorar e esticar os braços a pedir salvamento, agarrou-se a mim, começou a chorar mas afastou-se, virou-se e dirigiu-se à professora sempre a chorar. Como se dissesse"eu sei que tem que ser, faço-o mas não gosto mesmo nada".

É muito pior. Fiquei destroçado.

Nuno

28.5.08

chucha


A Catarina deixou a chucha há aproximadamente 2 semanas. Com 25 meses, bem mais tarde que o irmão (aproximadamente com ano e meio) mas mais cedo do que a média dos miúdos.

Não foi fácil, exigiu paciência e determinação, sobretudo na hora de deitar (chegou a ficar hora e meia às voltas, a chorar cada vez que não estávamos encostados a ela) mas ao fim de uma semana a conquista estava feita.

O mais engraçado é que até as educadoras, tão liberais e progressivas, acharam que se calhar era cedo demais. Mas sabíamos que o Diogo tinha sido capaz, não havia razão para voltar atrás na decisão de a livrar de um vício que pode deixar marcas permanentes na forma da boca e dos dentes.

A Patrícia diz que ela tende a ganhar o hábito de por a mão na boca para compensar mas estou convencido que não. Talvez o faça de vez em quando mas não para adormecer e de forma alguma numa proporção preocupante.

Nuno

actualização

Para me obrigar a manter o caso como referência, actualizo a história do tal colega cujas escolhas descrevi num post há uns tempos: acabou por seguir o exemplo da mulher e é agora também vítima de um esgotamento.

A sua situação pessoal é grave e não sei como vão recuperar, sobretudo no curto prazo. Venho oferecendo repetidamente a minha ajuda mas a verdade é que não sei como posso realmente fazer a diferença.

Suponho que seja difícil perceber quando nos está a acontecer a nós; todos já passámos por períodos de cansaço extremo e ultrapassámo-los sem consequências de maior e todos parecemos acreditar que com força de vontade tudo se consegue.

No entanto, assistir de perto a situações do género relembra-nos da nossa vulnerabilidade. É como passar por um acidente grave na estrada: geralmente conduz a uma desaceleração enquanto o episódio estiver fresco na memória.

Nuno

mais de 100

são já os posts deste nosso blog. Este é o centésimo primeiro...

Nuno

27.5.08

memórias

Ontem li que o nosso cérebro não regista, ao contrário do que acreditamos, os acontecimentos na totalidade; numa demonstração de eficiência invejável, a massa cinzenta que nos ocupa o crâneo gere a capacidade de memória disponível conservando apenas metadata, que mais tarde servirá para reproduzir os acontecimentos.

A questão essencial neste processo é que a informação não é conservada seja em que formato ou medida for, apenas fica o registo de alguns dados essenciais sobre os eventos e o resto é apagado. Esse resto, que faz parte da história e é tão relevante para reviver o passado, é mais tarde reconstituído, numa sequência lógica que encaixe na metadata efectivamente guardada.

Por outras palavras, boa parte das nossas memórias não passa de imaginação, o que esclarece sem dúvida aquelas cenas embasbacantes dos nossos pais a discutirem episódios que ambos viveram ou presenciaram sem conseguirem alcançar um consenso razoável.

Com base nisto, ganhei novo empenho no registo dos acontecimentos aqui, da forma mais fidedigna possível. Para mais tarde recordar, ainda que depois não acredite no que escrevi pois não é assim que me lembro da história...

Nuno

25.5.08

Dia da mãe - II

O dia da mãe já foi em Portugal, já foi na Holanda e foi agora em França. A única coisa que têm em comum é ser festejado ao domingo. Para os franceses o dia da mãe foi hoje, e a prenda do Diogo foi esta:



Patrícia

mais e mais

Novo fim-de-semana, novas conquistas; parece ser esta a descrição mais adequada da nossa evolução familiar e individual.

Desta vez o Diogo é o grande protagonista. Ontem começou a andar de bicicleta sem as rodas laterais auxiliares - na verdade já o tinha feito mas forçado por mim - e pela primeira vez teve um amigo da escola a passar a noite cá em casa.

E este é claramente um dos aspectos positivos desta experiência: este amigo que ficou em nossa casa é filho de uma japonesa e de um irlandês. O miúdo tem 6 anos e fala japonês, inglês e francês (esta última por causa da escola) e está, tal como o Diogo, a aprender holandês.

Ocorreu-me no outro dia que, se formos ficando por cá, nunca irá ocorrer aos nossos filhos que Espanha é um exemplo de desenvolvimento ou qualquer ideia de inferioridade em relação aos estrangeiros.

Para eles, tal como vem acontecendo aos poucos para a Patrícia e para mim, haverá o sentido de um mundo representado figurativamente pelo filme Matrix e pela personagem do Neo: entra-se e sai-se de qualquer ponto com pouco mais de uma ligação telefónica e uma viagem curta e todas as personagens que não sejam as relevantes para a história são totalmente desprezadas.

Nuno

21.5.08

Comprimento e peso – 25 meses

Ontem a pequenota visitou o consultatiebureau para o habitual controlo de desenvolvimento. Mede 91 cm e pesa 13 kgs e 200 gramas.

Fizeram-lhe ainda outros testes de percepção, desenvolvimento da linguagem e motricidade nos quais a sua resposta esteve acima do que é esperado para a sua idade: identificou todas as partes do corpo que lhe pediram, e num livro desdobrável as imagens e fez uma torre com todos (eram 7) os cubos que lhe deram.

Patrícia

13.5.08

fim-de-semana

Talvez porque sim e talvez porque não, este foi o melhor fim-de-semana desde que estamos na Holanda. Do meu ponto de vista, escusado será dizer.

Os miúdos estão a crescer e aos poucos começam a ser companheirinhos de primeira. O Diogo já trata de si (dentro dos limites da razoabilidade) e a Catarina, apesar de ainda minúscula, demonstra uma maturidade impressionante. É actualmente possível gerir um dia apenas com conversa e orientação.

Em 3 dias fizemos de tudo, sempre com um ambiente de descontracção e aproveitamento. Jantámos fora (no primeiro dia num restaurante, no segundo no terraço de nossa casa), fomos à piscina, ao parque, às compras e ainda tivemos tempo para descontrair em casa e para trabalhar (não, não fui só eu, a Patrícia e o Diogo também). E, repito, tudo com calma.

O sol e o calor mudam tudo. É como se fosse um país diferente. E suponho que pouco a pouco estejamos a aprender a fazer as coisas sozinhos. Sobretudo eu, pois a Patrícia sempre mostrou maior disponibilidade do que eu para as coisas com os miúdos. Mas agora até eu tenho gosto em ir com eles fazer coisas. Sempre disse que preferia miúdos a bebés.

Nuno

12.5.08

Sr. Relva - I


No pavilhão do conhecimento comprei o Sr. Relva, para fazermos experiências em casa.

Assim que chegámos de férias iniciámos a experiência.

Demorou mas finalmente o cabelo do Sr. Relva começou a brotar.

Patrícia

11.5.08

Dia da mãe - I

Em Portugal é no primeiro domingo de Maio. Aqui não sei a regra mas foi hoje.

O Nuno deu-me o embrulho que tinha escondido desde que lhe entregaram no infantário da Catarina,



E a prenda que a Catarina me deu é linda:



É muito bom ser vossa mãe.

Patrícia

Bonito ramo de flores

que recebi ontem ao pequeno-almoço.



Patrícia

Tempo

Claro que é um título muito genérico porque me pode dar para escrever sobre tanta coisa. A minha ideia, ao criar este post foi comentar a influência que o tempo, leia-se, metereológico ou o estado do tempo da atmosfera, pode ter sobre nós em geral, e em particular sobre mim.

Como o Nuno escreveu tivémos uma semana de férias e a vontade de voltar para a Holanda era pouca. Quando vamos, verificamos o que estamos a perder, certo, mas mais do que tudo para mim a verificação de como em Portugal, por inúmeros factores, toda a vida se torna muito, mas muito mais fácil.

No entando, quando voltámos fomos presenteados com um fenomenal tempo metereológico. E isso muda tudo: a disposição; o tempo que não se perde com veste cachecol, casaco, gorro, luvas e sei lá o que mais, e tira tudo 10 minutos depois; a vivência da casa (o terraço passa a existir), e da rua; tirar os vestidos do armário e dar-lhes uso bem como a piscina insuflável da arca e dar-lhe uso - a facilidade não é a mesma que a de ter apoio por perto, mas ajuda.

A foto tirada hoje mostra, entre outras coisas, o céu azul sem uma nuvem que seja. Era bom que o futuro se pudesse ver (ou pelo menos nos parecesse ver) claro como este céu. Parece mentira.



Patrícia

8.5.08

semaninha

Estivemos de férias em Portugal durante uma semana. Não mais que isso, meros 7 dias. Mas foi, do meu ponto de vista, o melhor período em terras lusas desde que viemos para aqui.

Apesar da turbulência, criada mormente por uma viagem de trabalho da Patrícia que cortou exactamente a meio a semana, ao fim de 2 dias já me sentia como se nunca tivesse saído dali, como se houvéssemos passado umas férias fora do país e estivéssemos de regresso.

Foi a primeira vez que tal senti, até agora os regressos têm sido mais perturbadores do que reconfortantes. Não consigo saber o motivo, pois pode dever-se tanto a uma clarificação emocional recente como à decisão que tomei de aproveitar ao máximo os dias, mas tranquilizou-me quanto à capacidade de reajustamento quando a altura chegar.

E, sob a forma de um ressurgimento súbito da crença no futuro - limitado com precisão ao tempo de estada -, chegou-me a certeza que quero regressar de vez para construir algo a partir dali.

Nuno