7.7.10

Eat up - No food waste allowed

Li hoje uma notícia que achei fabulosa sobre um restaurante chamado Wafu na Austrália. A ideia central é “Eat up - no food waste allowed at this restaurant”.

Actualmente, deita-se fora um montante astrónomico de restos de comida em muitas mesas do mundo. Nem vou entrar pelo argumento de que, enquanto tantos estômagos nunca conhecem a sensação de satisfação, que deveria ser suficiente. Há que pensar também na nossa saúde (sobretudo nos perigos variados com o excesso de peso) e no desperdicio que estamos a criar para um planeta que não tem como o digerir.

Ora, no dito restaurante, inicialmente quem deixasse comida no prato pagava uma multa. Agora mudaram de técnica, dando um desconto de 30% aqueles que não deixam nada no prato e, portanto, não criam desperdicio de comida e lixo.

As regras são muito explicitas e precisas e constam do website do restaurante:
- Ao escolher e pedir deve-se ter consciência do que se necessita e o apetite que se tem. Em bom português, não ter mais olhos que barriga!
- Encontrar prazer na comida é acabá-la. Pelo que é pedido ao cliente para não deixar nada no prato (incluindo os vegetais que não são decoração).
- Instiga-se a partilha de refeições (como se faz em casa). Assim garante-se que se reduz o desperdicio de comida.
- Se nós fizermos a nossa parte na redução de desperdicio de comida, estamos a fazer a diferença.

Concordo plenamente. Que tal ser pioneiro desta moda que, certamente, irá pegar?

Patrícia

5.7.10

Celebração do casamento

Há 9 anos, no topo de um Monte no Redondo com a paisagem a perder de vista e pouco antes do pôr do sol, casámos. Familiares próximos e amigos celebraram connosco. Alguns (felizmente poucos) já nos deixaram, de outros alguns perdemos o contacto embrenhados cada um nas suas vidas, outros, vamos vendo em momentos mais breves do que gostaríamos, sobretudo porque temos estado longe.

O que nos uniu - pelo meu lado - foi esse Amor que, (durante séculos, sobretudo filósofos e poetas) tantos têm tentado sem sucesso dissecar, qualificar, quantificar mas que parece poder apenas ser sentido. E de tão diversas maneiras.

Há 9 anos atrás não tive grandes dúvidas ou hesitações em me juntar ao Grandalhão. Amando, a questão que me colocava (e coloco dia após dia) era como seria a manutenção desse Amor. Poderia o Amor perdurar e por quanto tempo?

Entre outros, Sartre discutiu o tema. Como dar estabilidade a uma relação se a personalidade de cada um é dinâmica e mutável? Se somos incoerentes, se uma interdependência construída na individualidade origina um necessário equilibrio tão movediço?

Unir-se a alguém exige construção contínua, atenção, adaptação ou reorientação em função das coisas que vão mudando (e são tantas!) dentro e á nossa volta. A construção de uma vida em comum no respeito da individualidade de cada um.

E surgem frutos. Os “eles” que nos cortam a respiração. Que nos deslubram e maravilham e com tanta intensidade que, por vezes, nos desgastam também. Um projecto comum. Que cresçam saudáveis. Que se tornem Homem e Mulher. Que sejam gente de bem.

A espreitar-te, e a eles, e aos nossos.

Com muito orgulho, ao lado do Homem de olhar verdadeiro, festejo.

Patrícia

4.7.10

Espectáculo de ballet

Foi hoje o dia que ela esperava há meses. Poder pintar os olhos no seu espectáculo de ballet. E porque o prometido é devido, pintei-lhe os olhos.


Lá fomos para o espectáculo a hora devida. E chegámos a sala onde deu o seu primeiro espectáculo de ballet.


Uma plateia internacional compunha o público.

A Miminha é uma graciosidade. Sei que sou parcial mas digo e redigo convicta de que é mesmo. Apareceu duas vezes em palco. A primeira a fazer de fada da Primavera

A segunda, a fazer de ratita, numa varição do Quebra Nozes


Depois, tranquilamente, viu o resto espectáculo.

Ganhou um balão e deixou a sala de espectáculo nos fortes braços do papá. Triunfante mas a queixar-se de que não tinha tido uma flor, enquanto o Campeão se queixava de fome.

Patrícia

eles

Olho para eles em deleite rendido. E apavora-me a inevitável brevidade destes momentos. Forço-me a fixá-los, na vã tentativa de gravá-los na memória como são agora, antes de passarem a ser algo que só pode ser pior do que isto. Eles são as personificações dos sonhos que nunca sequer ousei sonhar, a materialização da ínfima porção de excelência em mim.

Não tenho qualquer ambição de continuidade, e jamais me atreveria a pedir-lhes tal sacrifício, mas sofro por saber à partida que virá o dia em que não poderei continuar a acompanhar as suas caminhadas. Ainda que à distância, pois tal é o fado dos pais, a medo e em silêncio para não os atrapalhar.

Tento convencer-me que sou diferente, que sou capaz de os encorajar a crescer. Porque havia de os prender, eu quero que sejam senhores de si. E eu de mim, orgulhoso que sou do que atingi e de tudo o que ainda me espera.

Mas já vejo no horizonte a curva do declínio e arrependo-me do tempo que perdi. Por mais pequeno que seja, castigo-me pelo desperdício de momentos com eles. A cada novo dia prometo que vou estimar cada gesto, cada som. Que vou fazer este período prolongar-se, se possível eternizar-se.

Quando penso assim tudo desvanece e perco o pudor. Largo o mundo inteiro sem hesitação ou arrependimento. Tudo aquilo por que outros dariam as suas vidas. Pois sou velho antes do tempo, viajo para o futuro sem corpo e antecipo-me a mim próprio. Talvez apenas por cobardia, para evitar sentir o peso da velhice.

Nuno