29.11.07

línguas

A Catarina está um papagaio. Persegue toda a gente e repete as últimas palavras de cada frase exactamente com a mesma entoacão, seja quando nos dirigimos a ela ou quando falamos entre nós. Complicado quando se faz perguntas ou quando nos zangamos com o irmão...

Para além disso, tem memória fotográfica e faz imitacões perfeitas dos gestos comuns do dia-a-dia. É hilariante vê-la falar ao telefone enquanto se dobra e ri, mete as mãos à cabeca, dobra as ancas e tudo o mais.

O mais entusiasmante é contudo a velocidade a que processa toda esta informacão e a converte em discurso próprio.
Num cenário de aprendizagem paralela de duas línguas, no qual se podia esperar uma evolucão mais lenta, consegue já formular frases de 3 palavras e decora os pequenos livrinhos de animais e as partes do corpo em poucos dias.
Simultaneamente, as educadoras garantem que faz o mesmo em holandês. Mas só raramente troca as línguas, o que indica que vê uma clara distincão entre as duas línguas.

Nuno

lego

Ontem o Diogo fez algo incrível: sem qualquer tipo de apoio, inventou e montou uma nave Lego. E à tarde preparava-se para fazer o mesmo com um helicóptero que recebeu pelo Sinter Klaas.

Com 5 anos. Está visto que não sai ao pai.
E o mais curioso é que não tinha demonstrado esta capacidade até agora, foi súbito.

Nuno

28.11.07

Nós os 4

Grandalhão, pequenina, minorca e minúscula.

Patrícia

21.11.07

baixa produtividade

Refiro-me neste caso à minha. E no que se refere ao blog.
Porque a minha capacidade contributiva tem andado pelas ruas da amargura.

Mudei de emprego e, desde que tomei a decisão e comecei a comunicá-la, toda a minha energia ficou concentrada na gestão de um processo que, independentemente da experiência que se tenha, é sempre esgotante.

No início de Novembro comecei a trabalhar para uma consultora estratégica de imobiliário, uma mistura de tudo aquilo que me atrai. Espero que venha a ser aquilo que imaginei.

Com o tempo desabituei-me das especificidades da consultoria e acomodei-me aos maus hábitos de trabalhar em empresas grandes: ineficiência, aversão ao risco, acotovelamento e outras características interessantes.
A triste realidade é que aos poucos desaparecem a frustração inicial por cada minúscula decisão demorar séculos e o espanto com a obsessão geral de dinamitar qualquer hipótese de alguém se destacar pela positiva, surgindo no seu lugar a acomodação e o cinismo.

Faço agora o esforço para regressar a uma realidade que já mal conheço. Cada dia é uma luta para me lembrar das razões que me levaram a fazer mais esta mudança, para não ter vontade de regressar para o conforto de uma posição menos exigente.

Por isso tenho tido tão pouco tempo para pensar em escrever aqui. Mas também aqui não desisto, este é um projecto comum pelo qual continuarei a lutar.

Nuno

20.11.07

Vidas duras


Durante a guerra civil Angolana, a área de Mavinga (foto anexa) foi substancialmente minada.

No fim do conflito, em 2002 (dois meses depois da morte de Jonas Savimbi em Fevereiro desse ano), Angola era o pais mais minado do mundo com 10 a 15 milhões de minas enterradas ao longo do pais inteiro – uma para cada homem, mulher e criança angolana.

Todos os dias, em Angola, morrem dez pessoas, vítimas da explosão de minas antipessoais. Um flagelo que mutilou já cerca de 70 mil pessoas - oito mil dos quais crianças. Por detonar, permanecem ainda dez milhões de minas no território.

Esta foto (de John Keane and Christian Aid) mostra o quanto a terra tem ainda de ser revolvida e queimada até que as minas possam ser removidas.

Estou sempre a dizer aos meus filhos (especialmente ao Diogo que a Catarina ainda não entende) que ha crianças cujas vidas são muito duras. Sorte a nossa que não nascemos e vivemos nesta agonia.
Patrícia

2.11.07

Conduzir pela esquerda




Hoje soube, da boca de um inglês, da razão pela qual os ingleses conduzem do “lado errado” da estrada.

Conduzem pela esquerda porque antigamente, no tempo em que os homens se deslocavam a cavalo, quando viam um cavaleiro estranho levavam a mão direita à espada para a puderem empunhar e, sendo caso disso, lutar.

Para ficarem em posição de combate, a mão direita tinha de ir ao encontro da mão direita do seu adversário, de modo que os cavalos ficavam na direcção da esquerda.

E assim nasceu esta (estranha mas agora muito justificada) regra de transito para os ingleses. Faz sentido, experimentem!


Patrícia

1.11.07

Primeiro de Novembro de 2007

Hoje é dia de Todos-os-Santos... Feriado em Portugal, mas não na Holanda.
Destemido, começaste hoje um novo desafio profissional. Se não me falham as contas, é o teu sexto emprego.


Votos de realização, reconhecimento (por parte dos outros porque eu tenho o maior orgulho em ti) e sucesso. Quiçá o dia é um augúrio de que neste darás “o salto”!

Patrícia

Varicela II


Há 3 semanas a Catarina apareceu com varicela. Precisamente 16 dias depois, revelou o Diogo os primeiros sinais de ter sido contagiado.

Ao contrário da miminha, para quem a varicela pareceu passar ao lado, o Diogo ficou muito incomodado, comichoso, queixoso. As “barbolhas” (não sei porque raio embirra com esta palavra) que “fazem mal”. E não pode ir ao after school (estava de férias do liceu). Valeu o pai estar também de férias, ou para ser mais precisa, entre empregos, e estar cheio de energia e paciência para distrair o seu campeão. Foram 3 dias (e noites) de extremo incómodo. Agora passou. E ficaram despachados desta doença de infância!

Patrícia

A escolha dos nomes

Porque e como escolhemos os vossos nomes.

Diogo – tem origem no Latim e tem como significado “o conselheiro”

Estiveste quase a chamar-te Miguel. Pelo menos era essa a nossa intenção ate a manha, já com 6/7 meses de gestação, em que o teu pai resolveu abordar-me com “sabes que também gosto de Diogo”. Isto porque tinha estado na noite anterior com um amigo chamado Diogo. Disse-lhe que o nome não me chocava, que até gostava, e que, assim sendo podíamos deixar a sorte decidir (eu estava confiante porque regra geral, o teu pai não tem sorte ao jogo, por compensação...). Assim atiramos uma moeda (já eram Euros na altura) ao ar. Não sei se escolhemos cara para Diogo e coroa para Miguel ou vice-versa, sei que o resultado do lançamento decidiu que te chamarias Diogo. E assim ficou, sem qualquer hesitação.

Catarina – tem origem no Grego e significa pura, casta.

Discutimos outros nomes (usando um livro que enumerava e explicava a sua origem etimológica), ainda antes de seres concebida: Inês e Matilde são os que agora me recordo. Catarina foi escolhido por ser um nome sonante, forte, internacionalmente usado e, também, feminino.

Hoje os vossos nomes adquiriram outra dimensão. São colossos, sons de Amor (muito e infinito), palavras de ordem, ligações a uma memória repleta de historias e significados. Quando escolhemos os vossos nomes ainda não vos tínhamos visto (sim ver, porque conhecer não posso escrever uma vez que já conhecíamos um infinitésimo do vosso comportamento na minha barriga). Espero que gostem deles e que os usem com orgulho. Porque esses nomes são vocês...

Noutro post tenho de escrever os vossos cognomes/alcunhas, que são já uns quantos!

Patrícia

P.S. Corrige-me Nuno naquilo que estiver enganada.

e agora para um momento menos positivo...

(e com poucos acentos e afins)

Recebo diariamente notícias e impressoes sobre a situacao em Portugal. Excluindo as variacoes indiossincráticas, leio sobretudo uma descrenca generalizado no futuro.

A impressao que tenho é que se acentua em Portugal o fosso entre os ricos e os outros, que a classe média se extingue lentamente e que se cria uma gigantesca classe de remediados, pessoas que continuamente contam os tostoes e rezam para nao perder o emprego. Nao há iniciativa, todos olham para o Estado como salvador e lutam por um lugarzinho a sombra num qualquer servico da máquina pública.

E o Estado, cada vez mais controlador e manipulador, fomenta essa dependencia enquanto anuncia pseudo-medidas para a combater. Os lobbies ficam cada vez mais poderosos, a Igreja mantem uma forca incompreensível num estado laico e tudo se divide entre 3 ou 4 grandes famílias. Nao há lugar para a competencia, tudo o que conta é a fidelidade a este ou aquele senhor, típico de um sistema feudal, de uma sociedade da Idade Média.

Mas nao é só Portugal, os países do Sul da Europa em geral fazem esse caminho. Espanha, esgotado o sector da construcao, está longe de ter uma economia equilibrada e pujante, Itália está uma desgraca, Grécia nunca deixou de o ser e a Franca para lá caminha.

O mundo está (passe o lugar comum) globalizado e, nesse contexto, os países do Sul todos juntos nao sao maiores que uma regiao chinesa. Para a Europa, o caminho para a sobrevivencia pode passar por especializar regioes, deixando ao Sul nada mais que o turismo. E Portugal nada mais será que uma regiao engracada de Espanha. E Lisboa uma capital de provincia da Península Ibérica.

Depois de muitas ilusoes, a descrenca talvez signifique que os portugueses finalmente se aperceberam da realidade. Depois da negacao, a depressao, talvez se siga agora a reaccao?

Nuno