No final de Fevereiro de 2020, o Grandalhão, a Makuks e
eu, estávamos em Portland a preparar uma mudança de continente. Em Março de
2020, o vírus SARS-CoV-2 foi considerado uma pandemia – surto de um vírus a nível
mundial - e as fronteiras fechadas, fechando-nos a possibilidade de concretizar
esse plano. Incrédulos do impacto que teria, durante cerca de ano e meio sustivemos
a respiração e ficamos a espera da reabertura das fronteiras dos EUA ao mundo, em
modo de espera.
Ao longo da historia da humanidade houve várias epidemias,
dizimando populações e civilizações mas regras geral relativamente confinadas
no espaço. O facto de vivermos num mundo global, fez com que o surto deste vírus
altamente infecioso se espalhasse por todo o planeta.
No final de Dezembro de 2020, a vacina da Pfizer foi a
primeira a ser aprovada contra este vírus, havendo neste momento 9 vacinas aprovadas
globalmente, mesmo se em diferentes regiões. Na Europa, a Pfizer, Astrazeneca,
Moderna e Janssen são as mais usadas. Um trabalho hercúleo de administração massiva
de vacinas, com atrasos na distribuição e complicações na organização foi posto
em curso, tendo-se optado por prioridade aos trabalhadores de primeira linha no
combate ao vírus, aos mais fragilizados, e depois a população mais activa e saudável.
Por fim, os jovens. Reaprenderam-se regras de higiene e de distanciamento
social. Em Julho, o Grandalhao, o Champs e eu estávamos vacinados. A Makuks seguiu-se
em Setembro. Já se sabe muito mais do que se sabia quando tudo começou, pese
embora as teorias negacionistas do vírus e/ou anti-vax.
Claro que a ameaça de uma reviravolta da pandemia continua
no ar com o surgimento alarmante de
novas variantes do vírus, que podem escapar da resposta imune, reduzindo a eficácia
das vacinas.
Á data de hoje, pelos números do John
Hopkins, a nível da população mundial, foram reportados 3,2% casos, resultando
na morte de 0,064% da população de 7.9 mil milhões de humanos. Não querendo
desrespeitar o sofrimento daqueles que foram directamente afectados por esta
tragédia vendo pessoas próximas a sucumbir a este vírus, não posso deixar de
observar que, numa perspectiva numérica, isto é quase nada. Sim, bem sei, vidas
não são números e uma perda é uma tragédia para os próximos.
Passaram 20 meses desde o fecho das fronteiras dos EUA até
à data da sua reabertura em 8 de Novembro. E nesse mesmo primeiro dia, se
apresentou o Grandalhão em Schipol para a travessia aérea: Amesterdão, Seattle,
Portland. Corajoso, achei. E lá foi,
segundo conta, a ponte aérea foi tranquila. Agora a fazer as suas coisas por
Portland e com o plano de voltar em breve.
Por aqui, cá continuamos no dia a dia. A Makuks na sua
vida escolar e social – sexta feira trouxe amigos cá para casa a noite e eu
recolhi-me para o quarto para os deixar a vontade. Ontem fomos as duas a Haia
tomar o pequeno almoço ao sítio já do costume – tem graça como vamos escolhendo
os nossos locais preferidos nas diferentes cidades - com o Champs.
Ainda nos rimos um bocado com a coincidência da prevalência
de acontecimento nos sobrolhos direitos nos filhos: a Makuks tem a sua cicatriz
de guerra e o Champs agora terá também por causa do seu râguebi.
E à tarde, fomos ao centro de Amesterdão fazer umas
comprinhas. A iluminação de natal já decora a cidade e o ringue de patinagem já
está em pleno funcionamento em frente ao Rijksmuseum. Isto apesar de na sexta
ter sido declarado outro “lockdown” parcial nos Países Baixos por causa do aumento
de contágios. Um “lockdown à holandesa”, claro.
À espera que o Grandalhão, também meu Espalha-Natal,
regresse e dê inicio a época do Natal - que para nós começa com o Sinterklaas -
pondo os CDs da época, fazendo a árvore, vendo o Polar Express, preparando
postais e prendinhas.
E é hoje que chega, da sua casa em Espanha, o Sinterklaas
a Amesterdão, acompanhado pelos Piet e trazendo presentes, letras de chocolate e pepernoten para a criançada.
O dia da chegada é celebrado com uma parada colorida pelas ruas da cidade e uma
chuva de doces, e a festa permanece no dia-a-dia de todos até a sua celebração no
dia 5 de Dezembro.
Mal posso esperar!
Patrícia