Francis Fukuyama é o
autor de muitos artigos e livros sobre politica internacional. Tornou-se
conhecido por causa do seu livro The End
of History and the Last Man? Publicado em 1992 e relacionado com as previsões
no pós guerra fria. Para mim, o seu livro mais marcante foi Our Posthuman
Future: Consequences of the Biotechnology Revolution que li ha muitos anos atras
e reli há 2 ou 3 anos (porque apesar de escrito em 2002, se mantem actual).
Fukuyama, agora
com 67 anos, veio a Amesterdão (parece que pela quarta vez) para apresentar o
seu novo livro: Identity: The Demand for Dignity and the Politics of Resentment,
publicado no final do Verão do ano passado. Este Professor americano, formou-se
nos clássicos e tem um Ph.D. em Harvard, em Ciência Politica.
Eu, o Grandalhão
e o Campeão fomos vê-lo, na Aula Magna da Universidade de Amesterdão, esta passada
sexta feira. O Grandalhao e eu ja o tínhamos
visto, creio que em Maio de 2011, quando apresentava o seu livro The Origins of
Political Order.
Na altura, achei-o
muito impressionante. Gigantesco. Não tive a mesma sensação anteontem – sim, claro,
uma pessoa com um saber enorme – mas talvez esteja cansado, ou o tema não fosse
tão apaixonante, o simplesmente o facto de que hei-de ter mudado expectativas
entre 2011 e 2019.
O evento
passou-se na (lindissima) antiga igreja Luterana, no canal Singel, numero 411, em Amsterdão
que foi construída em 1632-1633 e que e agora propriedade da Universidade de Amesterdão
– a sua Aula Magna. De relembrar que o Luteranismo foi um movimento religioso
iniciado por Martin Luther (alemão) no inicio do seculo XVI numa tentativa de
reformar a Igreja Católica e Apostólica Romana. Esta “tentativa” foi muito bem sucedida e
tornou-se a forca motora da reforma protestante e espalhou-se por todo o norte
da Europa, incluindo a Holanda, e na verdade, moldando aquilo que a Holanda se
tornaria (e é) hoje.
O que Fukuyama
nos apresentou anteontem foi o seu novo livro centrado na ideia de Identidade a explicar os fenómenos populistas que temos
vindo a assistir nos últimos anos – fenómenos que não são necessariamente racionais
mas que estão a relacionamos com um pedido de reconhecimento de identidade que
une grupos com diferentes interesses no mundo de hoje. Que vários dos lideres
que tem ganho preponderância na politica actual, tem tendências nacionalistas e
autoritárias e que ameaçam destruir ou pelo menos destabilizar a ordem (económica
e jurídica) internacional. Num momento em que muitos interesses são defendidos
por inúmeros grupos e há uma grande dispersão de defesa de direitos, a politica
encontra-se sempre numa inercia por causa da necessidade de consenso. Essa
inercia causa uma grande frustração porque decisões e ações não são tomadas por
forma a resolver assuntos, assim criando o ambiente propicio para o
aparecimento de “homens de Acão”. Estes lideres, carismáticos, procuram
estabelecer uma conexão com “o povo”, que e usualmente definido numa linha de
identidade nacionalista de forma que oferecem uma chamada irresistível para um
grupo, excluindo uma grande parte da população. Esta chamada que se pensava vir
de uma racionalidade económica e, defende Fukuyama, mais uma necessidade de
reconhecimento de grupos que não pode ser saciada ou explicada só por razoes de
índole económica mas que, devido a tendência autoritária dos lideres, ameaça a
democracia.
Uma ideia que tem
sentido. E apesar do professor não estar na sua melhor forma, foi uma hora
interessante de apresentação seguido de um debate. Um privilegio assistir ao
vivo.
Patricia