3.7.22

Makuks - relatorio final S6

Este ano (potencial) e o próximo (confirmatório) anos são determinantes para os acessos às universidades que são muito (e cada vez mais) criteriosas nas escolhas dos seus alunos.

Desde muito nova que a Catarina tem manifestado interesse por medicina: seja como médica cantora, ou médica do espaço, neurocirurgia, pediatra mas sempre medicina. Por isso, na escolha das cadeiras para a S6 (equivalente ao 11 ano em Portugal), escolheu as “3 ciências”: Biologia, Química e Física e matemática como “majors”, quer dizer como as cadeiras avançadas ou aprofundadas e que terá de fazer no seu European Bac(calaureate) ou EB.

O EB é um diploma educacional bilingue, que certifica que o aluno completou os seus sete anos de estudos secundários numa escola europeia (ou acreditada), pelo Conselho de Governadores da organização intergovernamental. O diploma é atribuído pela realização, com sucesso, dos cursos e exames associados que exige que os alunos completem um mínimo de 10 cadeiras e que sejam totalmente proficientes em duas línguas europeias. É reconhecido como uma qualificação de entrada na educação superior em todos os Estados Membros da EU, bem como, noutros países.

A nota final do exame do EB consiste em:

- 20% das notas da S7 (próximo ano);

- 30% das notas dos exames escritos de Janeiro;

- 15% dos exames orais em Junho (se aplicável); e

- 35% dos exames escritos em Junho.

A carga é pesada para os estudantes, sobretudo porque o sistema obriga não apenas a conhecimento sólido de todas as disciplinas mas também conhecimento especializado em determinados tópicos. Adicionalmente, os alunos tem de ter um fluência muito forte em duas línguas. E tanto mais quando a escolha da Makuks recaiu sobre as “3 ciências”. 

As taxas de EB são bastante elevadas – porque os alunos que não mostram potencial académico forte o suficiente na S6 são encorajados a acabar os estudos secundários noutro sistema para não chumbarem. E este filtro aplica-se ao longo de todo o percurso na escola secundária neste sistema – ou seja, apenas alunos academicamente fortes ficam no sistema ao longo da educação secundaria.

A média de todas os EBs de todas as escolas Europeias está perto dos 76% e é extremamente difícil obterem um resultado de 90% ou mais, o que reflecte a exigência do processo de exame e o facto de que os alunos tem de ser muito sólidos num espectro muito alargado de disciplinas, acrescidos do factor fluência bilingue a nivel de exame. A exigência bilingue nos exames filtra deste sistema muitos estudantes monolingues, que não conseguiriam passar.

Acresce referir que muitas das universidades com rankings mais elevados fazem o filtro dos estudantes na S6, com base nas notas, e condicional a que “defendam” os resultados na S7. Ou seja, para as grandes universidades, os resultados que agora a Catarina teve são o resultado inicial que olham para considerar os candidatos.

Isto tudo para pôr em contexto os resultados brilhantes da nossa Makuks. A sua média final de S6 é de 9.06 (ou 90,6%) absolutamente brutal (e como acima referido, extremamente difícil).

Deixo o relatório com os comentários dos professores (se carregarem na imagem conseguem ver com mais detalhe).

Acresce mencionar que no meio disto tudo, a Catarina tem uma vida social bastante activa e saudável: festas, cinemas, saídas, hang outs não foram, de todo, perdidas por ela ou trocadas por tempo para conseguir os resultados.

A mãe, muito orgulhosa da sua menina, convida todos a celebrarem a nossa Makuks que, parece, tem possibilidade de se candidatar a qualquer universidade que bem entenda.

Patrícia

2.7.22

Índia

Antes que se faça tarde e a Patrícia me expulse do blog por falta de participação, aqui ficam o registo fotográfico - devidamente acompanhado de fugazes mas sagazes observações - da minha visita à Índia.

Em 7 dias, Singapura-Bangaluru-Hyderabad-Chennai. Itinerário intenso sem espaço para descanso ou visitas culturais. Dias longos, muitas horas de viagem de avião e carro, tudo desenhado para aproveitar ao máximo o tempo e investimento dedicados.  

Vacas claro. E cabras também. No meio da estrada, debaixo das pontes, às portas das casas, no meio dos campos. Nada as perturba ou desvia, nem mesmo a loucura do trânsito. 


Ao longo dos anos, rodei por muitas más estradas e observei comportamentos absurdos nas mesmas. Vietname, Turquia, Rússia, China, Nova Iorque, Itália, Portugal, cada uma intimidante à sua medida. Nunca a este nível. Não é qualquer aspeto em particular, é tudo junto: a densidade extrema, a poluição sufocante, o calor esmagador, e acima de tudo a absoluta falta de regras aparentes: 2 faixas pintadas no asfalto rapidamente se tornavam 5...mais uma na direção contrária nas margens. 

Tirando a madrugada, em que o fluxo ameniza, é constante e incessante. Felizmente tínhamos condutores dedicados a nós de manhã à noite, prática corrente e absolutamente necessária para visitantes inexperientes sobreviverem nas idas e vindas de um dia de trabalho.


A improvisação sistemática é outro aspeto que surpreende o visitante novato. Em cada gesto do quotidiano, práticas arcaicas e evidentemente arriscadas são a norma. A pobreza é gritante e endémica, não dando espaço a pudores ou hesitações. Curiosamente, a disseminação da miséria é tal que em poucas horas se instala no viajante uma relativa indiferença. Para ilustração pungente, as 2 horas de viagem para a fábrica em Chennai decorreram quase integralmente ao longo de bairros de lata.  



Nos intervalos de tudo isto, uma camada espessa e suculenta da mais profunda humanidade que encontrei até hoje em todas as minhas viagens. Tudo é gente, o calor é muito mais que climatérico, as relações definem por completo a realidade, as tradições e cerimónias milenares repetem-se inalteradas. Entre o fumo dos autocarros, surge com frequência uma cara sorridente a olhar para nós nos olhos com ternura ou curiosidade. 

Cercadas de lixo, animais e caos, as mulheres circulam aprumadas com os trajes tradicionais de cores alegres e coloridas, cujo significado não consigo infelizmente decifrar. A vida brota em cada recanto, a juventude uma fonte de esperança e pujança futura para o mundo. Há tanto para melhorar e ao mesmo tempo tanto com que se extasiar. 




Deixo esta para arrematar, com intenção de lá voltar com a Patrícia e cumprir um sonho de 2 décadas.


                                        

Nuno