29.12.08

Escreveu Fernando Pessoa que

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Já deu para perceber pelos posts do Nuno que chegámos anteontem de Portugal, regressados das breves férias de Natal. O Diogo e a Catarina choraram no avião porque as férias não tinham sido boas e porque queriam ficar em Portugal, a viver em casa dos avós. Claro. Quando lá estamos a nossa vida é fácil: carinho e afecto por todo lado, festa e animação, reencontros, mimos, atenção, família e amigos de todos os tempos. Estamos de férias no espaço e tempo (porque não sinto que lá grande coisa tenha mudado) que dominamos.

Cá (na Holanda) tudo é mais difícil. Porque este é um povo calvinista, porque o céu está (regra geral) cinzento, porque a língua (em todos os sentidos) não é a nossa e a toda a hora temos de fazer um esforço por entender e um esforço por expressar, porque não temos a família, porque os amigos são recentes e não passaram por grande coisa connosco.

Mas é aqui que agora temos o nosso lar; é aqui que educamos os filhos esperando que eles cresçam com todas as ferramentas que lhes permitam ter uma vida feliz; é aqui que nos empregam e valorizam as nossas competências. E acima de tudo, é aqui que construímos o nosso futuro porque planeamos ficar no médio prazo. Na minha cabeça regressar a Portugal no curto prazo está fora de discussão.

Adorei o sol com que Lisboa me brindou nesta semana. Não podia ser mais alfacinha. Estiveram 15, 17 graus e um sol e luminosidade fantásticos - mas ainda assim as pessoas queixavam-se. Adoro voltar a Magoito, ver o mar. Gosto de reencontrar os amigos e beber um copo. E de celebrar o Natal com a família.

Gosto também de estar de volta na minha casa. Tenho pena a ida a Portugal não me encha de energia positiva. Regressar deveria ser carregar baterias mas esse nunca foi o estilo luso: sentir saudade e desejar o que não se tem é o mote.

Viémos para a Holanda porque teve de ser. Eu estou cá por opção. Passada, presente e futura. E assumo isso.

Patrícia

pensamentos pós-natalícios III

Não há mesmo como ganhar: se ficamos pouco queixam-se os avós e os netos que foi curto demais; se ficamos muito queixamo-nos nós que já não podemos com a loucura e as obrigações sociais incessantes; quando ficamos o tempo certo surge aquele ambiente depressivo a que se convencionou chamar saudade.

Talvez a Patrícia esteja certa e o mal seja inevitável. Ir a Portugal implica despertar a tal saudade, o prazer esquecido dos cheiros, sons e sabores de sempre, a alegria de ter quem nos receba de braços abertos e exigências de regressos.

Frustra-nos que as pessoas nos exijam mais, que se zanguem porque já vamos, nós que nos esforçamos tanto para não deixar cair ninguém. Mas no fundo é isso mesmo que queremos: não ser esquecidos, continuar a pertencer. É tão quando chegamos e mergulhamos num mar de afectos quando as férias começam, deixando-nos levar pela facilidade do conhecido.

O difícil é gerir as emoções à medida que o momento do fim se aproxima. Aos poucos nota-se uma irritação crescente por sentir o tempo fugir entre os dedos sem que tenhamos feito metade do que tínhamos planeado.
E sobretudo sem que tenhamos gozado um milésimo daquilo que precisávamos.

No dia da partida temos ainda que lidar com as vozes internas e externas que reclamam e com a repulsa que nos causa a todos a vista da realidade que já conhecemos mais ainda não entranhámos.

Procuramos respostas para evitar tudo isto. Mas repito que talvez não seja possível contornar, é possível que tenhamos que aceitar o mal com o bem.

Nuno

pensamentos pós-natalícios II

Dei por mim a pensar que também como filho tenho obrigações. E comparei-as às que tenho enquanto pai: posso escolher não as cumprir mas elas não deixam de existir.

Que pensar então da escolha dos meus pais, justamente para quem acredito ter tais obrigações, que deixaram as suas terras para regressar apenas nas férias do Verão?

Eu cresci com uma consciência muito ténue dos meus avós, que mais não eram para mim do que referências distantes com presenças fugazes durante as férias. Só as avós viveram o suficiente para ter delas memórias consistentes e só uma parecia ter prazer na nossa presença.

Não me lembro de alguma vez lamentar qualquer parte desta realidade. Porque me custa agora que os meus pais não estejam tão perto dos meus filhos quanto no início?

Nuno

pensamentos pós-natalícios I

Estar expatriado é uma explicação sempre à mão para depressões, angústias, tristezas e outros estados negativistas mais ou menos passageiros.

Para um ser humano sempre em busca dos porquês, não poderia haver resposta mais conveniente. Sobretudo se essa expatriação tiver sido forçada - daí o empolamento da saudade emigrante e outros grandes temas do fado.

Nuno

18.12.08

Nossa Lisboa

Tradicional


e/ou moderna


aqui vamos nós!

Patrícia

Antes de ser mãe...

O texto abaixo não é da minha autoria... mas como fala por mim!

Patrícia

"Antes de ser mãe, eu fazia e comia refeições quentes. Eu usava roupas sem manchas. Eu tinha calmas conversas.

Antes de ser mãe, eu dormia tão tarde quanto eu quisesse e nunca me preocupava com que horas iria para a cama. Eu escovava os meus cabelos e tomava banho sem pressa.

Antes de ser mãe, minha casa estava limpa todos os dias. Eu nunca tropeçava em brinquedos ou pensava em canções de embalar.

Antes de ser mãe, eu não me preocupava se minhas plantas eram venenosas. Eu nem sabia que existiam protectores de tomada…

Antes de ser mãe, ninguém nunca tinha vomitado ou cuspido em cima de mim. Eu nunca tinha sido mordida nem beliscada por dedos minúsculos. Ninguém nunca tinha me molhado.

Antes de ser mãe, eu tinha controlo da minha mente, dos meus pensamentos, do meu corpo e do meu tempo. Eu dormia a noite toda!

Antes de ser mãe, eu nunca tinha segurado uma criança chorando para que pudessem fazer exames ou aplicar vacinas. Eu nunca havia experimentado a maravilhosa sensação de amamentar e saciar um bebé faminto. Eu nunca tinha olhado em olhos marejados e chorado. Eu nunca tinha ficado tão gloriosamente feliz por causa de um simples sorriso. Eu nunca tinha me sentado tarde na noite só para admirar um bebé a dormir. Eu nunca tinha segurado um bebé a dormir só porque eu não queria deixá-lo. Eu nunca havia sentido meu coração se quebrar em um milhão de pedaços porque eu não pude parar uma dor. Eu nunca imaginaria que algo tão pequeno pudesse afectar tanto minha vida.

Antes de ser mãe, eu não conhecia a sensação de ter meu coração fora de meu corpo. Eu não conhecia a força do amor entre uma mãe e seu filho.

Antes de ser mãe, eu não conhecia o calor, a alegria, o amor, a preocupação, a plenitude ou a satisfação de ser mãe. Eu não sabia que era capaz de sentir tudo isso com tanta intensidade.

Antes de ser mãe…"

Wishing book


Encontrei, nas páginas da UNICEF, uma ideia que achei brilhante. Diz:

"This is your wishing book.
Inside there are games and things to do.
And also things to think about, to help
You decide what kind of life you want
To live - now, and in the future.

Your wishes are important.
They are to be supported by others.
To be worked for and made into a reality."

Ensina os direitos estabelecidos na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças. Para todas as crianças saúde, educação, igualdade e protecção. www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_crianca2004.pdf

Tem actividades para os seguintes temas:
- Eu e a minha família - o meu direito a viver;
- Eu e a guerra - o meu direito a viver sem guerra;
- Histórias de vidas de meninos - o meu direito a ser bem tratado pela minha família;
- Jogos sobre a saúde - o meu direito a não ser abusado;
- Comida e água saudáveis - o meu direito a ser alimentado;
- Prevenção de doenças - o meu direito à saúde;
- Educação e igualdade - meninos e meninas têm o mesmo direito à educação - este tema é-me especialmente caro;
- Brincar e igualdade - meninos e meninas têm o mesmo direito a descansar e brincar;
- Respeito mútuo - tenho o direito de viver sem abuso;
- O que quero fazer quando crescer;
- Que direitos tenh eu;
- O meu sonho/visão para o futuro;
- Desejar...

Pode ser encontrado em www.unicef.org/teachers - take action - a wishbook, e usado com a família.

Patrícia

17.12.08

Neel

Parece estranho e bizarro o título deste post mas não é.

Há uns dias atrás recebemos, no infantário, um papel com o seguinte:
"Woensdag 17 December
Ben Ik jarig!
Kom je op mijn feestje?"

Neel é o nome do menino - colega de infantário da Catarina - que celebra hoje 4 anos (atenção à idade) e que convidou a Minúscula para a sua festa. Assim foi. Eu e o Diogo fomos deixá-la há pouco em casa do Neel.

A Minúscula ía toda contente pela rua com a prenda na mão. E não é para menos, afinal é a sua primeira festa de aniversário à séria. Quando chegámos fez, primeiro, cara de "não me deixes" mas depois lá se rendeu ao sumo de maçã e ao doce holandês da mãe do Neel, e disse-me "não vou chorar", pelo que vim segura de que se irá divertir.

Estavam lá os seus papás (muito holandeses) mais 4 meninos (também puros holandeses) - todos mais velhos do que a Catarina - e uma menina (holandesa) - também mais velha. Resta dizer que isto é mais uma prova de que a Catarina está absolutamente integrada na Holanda (ou é meio-holandesa, a mais holandesa de todos nós, claro)...

Comentei com a mãe que era engraçado convidarem a Catarina porque ela é do género oposto (nesta fase do campeonato isso faz diferença) e bastante mais nova (dois anos e 9 meses). A mãe do Neel depressa me assegurou que o Neel tinha escolhido os amigos e que a Catarina "faz parte do gang".

Como está a correr não sei. Estou prestes a ir buscá-la!

Patrícia

1.º trimestre 2008/2009 - Avaliação

Refere-se este post ao Diogo, que a Catarina ainda não tem avaliação formal.

A avaliação do liceu segue a estrutura abaixo apresentada, numa escala de A a D, sendo considerada a competência em análise:
A = adquirida
B = a reforçar
C = no início de aquisição
D = não adquirida.

Vou colocar todos os items estudados, apesar de alguns não terem sido avaliados. Em 38 itens avaliados, apenas 3 foram a reforçar. Tudo o resto foi adquirido, o que é absolutamente notável!

Domínio da linguagem verbal
Comunicação
O aluno sabe ou é capaz de:
- Exprimir-se de forma compreensível – A;
- comunicar em diálogo e em grupo - A;
- dizer de memória um texto - não avaliado;

Domínio da linguagem de evocação
- Reportar uma história ou acontecimento - A;
- Resumir, explicar, comentar e descrever - não avaliado;
- Ditar um texto ao professor - não avaliado;

Leitura e escrita
- Localizar a leitura numa frase - A;
- Distinguir fonemas – A-;
- Distinguir palavras, silabas, letras - A;
- Decifrar palavras novas - B;
- Ler em voz alta um texto preparado (respeitando a pontuação e a entoação) - não avaliado;

Interpretação
- Identificar diferentes suportes escritos, diferentes tipos de texto - não avaliado;
- Localizar o índice (título, autor) e localizar-se no livro - A;
- Compreender um texto lido pelo professor - A;
- utilizar a biblioteca – não avaliado;

Vocabulário
- Distinguir, de acordo com o contexto, o sentido particular duma frase ou expressão - não avaliado;
- Reconhecer a família das palavras pela sua forma - não avaliado;

Ortografia
- Copiar uma frase, um texto sem erros - A;
- Escrever o que lhe é ditado respeitando a fono/grafia - A;
- Escrever sem erros as palavras de uso corrente - não avaliado;

Gramática
- Identificar uma frase - não avaliado;
- Distinguir os diferentes tipos de frase - não avaliado;

Escrita
- Reconhecer as diferenças gráficas duma mesma letra e palavra - B;
- Escrever de forma legível e respeitando as regras da escrita – B;

Produção escrita
- reconstituir uma frase com um modelo – A;
- reconstituir uma frase sem modelo - A;
- redigir uma frase - não avaliado;

Matemática
Numeraração
- Enumerar e quantificar - A;
- Contar até – 59 (Em português já o ouvi contar até mil!)
- Organizar objectos, classificá-los e comparar grupos - não avaliado;
- Conhecer dobros e metades - não avaliado;
- Organizar números, compará-los e classificá-los - A;
- Comparar formas diferentes de escrever o mesmo número - não avaliado;
- Associar a escrita numérica e por extenso do mesmo número - não avaliado;

Cálculo
- Cálculo mental - A;
- Utilizar diferentes procedimentos de cálculo e adição, subtracção e multiplicação - não avaliado;

Geometria
- reproduzir um algarismo - A;
- utilizar uma tabela de entrada dupla – não avaliado;
- codificar e descodificar um trajecto – A;
- reconhecer figuras simples - não avaliado;
- se localizar e/ou se deslocar em conjunto - A;
- utilizar algumas técnicas e instrumentos - não avaliado;

Resolução de problemas
- procurar informações úteis - não avaliado;
- justificar escolhas e expôr os resultados - não avaliado;
- saber resolver um problema - não avaliado;

Medidas
- comparar e utilisar medidas de comprimento e peso - não avaliado;
- utilizar a moeda - não avaliado;
- utilizar a régua graduada - não avaliado;

Vida em conjunto
- conhecer as regras simples de vida em grupo – A;
- responsabilizar-se – A-;
- compreender as noções de liberdde, igualidade e tolerância - não avaliado;
- compreender e guardar algumas regras simples de segurança rotineira - não avaliado;
- conhecer os simbolos de França e dos Países Baixos - não avaliado;

Descoberta do mundo
No domínio do tempo
- Distinguir o passado recente do passado mais distante - não avaliado;
- Situar e utilizar a localização no sentido cronológico - não avaliado;
- Comparar os modos e locais de vida de diferentes gerações - não avaliado;

No domínio do espaço
- Localizar-se e situar-se num espaço familiar. Elaborar e/ou tilizar uma planta simples - A;
- Saber situar França, os Países Baixos, a Europa e outros continentes sobre um mapa mundo - A (claro que o Diog sabe loalizar Portugal também);
- Reter alguns aspectos da diversidade da vida animal e vegetal bem como dos habitats - não avaliado;
- Utilizar um vocabulário preciso - não avaliado;

Matéria e tecnologia
- Identificar os estados e propriedades duma matéria - não avaliado;
- Manipular e utilizar técnicas simples - não avaliado;
- Utilisar um computador e conhecer algumas funções de base - não avaliado;

No mundo da vida
- Diferenciar o vivo do não vivo - não avaliado;
- Conhecer manifestações de vida animal e vegetal e referir-se a critérios de classificação (ex. deslocação) – A;
- Reconhecer as grandes funções do corpo humano (movimento, crescimento) - não avaliado;
- Conhecer as diferentes características dos 5 sentidos - não avaliado;
- Compreender e respeitar regras de higiene - não avaliado;

Educação artística
Educação musical
- Cantar canções simples - A;
- Participar em actividades com instrumentos - A;
- Escutar um registo sonoro - A;
- Localizar e memorizar alguns elementos musicais - não avaliado;

Educação visual
- Escolher aplicar uma técnica para fazer uma produção pessoal – A;
- Provar criatividade e imaginação - A;

Educação física e desportiva
- Exprimir-se com o corpo – não avaliado;
- Participar em jogos de oposição e jogos colectivos - A;
- Participar em actividades atléticas e ginastas – A;

Comportamentos e métodos de trabalho
- respeitar as regras da escola e da sala – A-;
- estar atento e concentrar-se na realização de uma tarefa – A;
- trabalhar a um ritmo satisfatório – A;
- ser cuidadoso com o seu trabalho – A-;
- compreender o trabalho – A.

Bom trabalho tanto em inglês quanto em holandês. Diz a professora que foi um bom início de primária e que o Diogo é muito motivado para aprender. Está muito bem e assim deve continuar.

Claro que a avaliação por si é muito boa. Se for lida no contexto em que o Diogo a atingiu:
- numa língua que não é a sua e à qual não é exposto senão na escola (competindo com meninos francófonos);
- para além disso ainda fala (e lê) Português muito consistente e holandês (o suficiente para se safar);
- que mudámos de casa;
- que os pais não andam "em cima dele" para aprender (apesar de o acompanharem);
- que é dos meninos mais populares da escola;
- e que o sistema de ensino francês não é propriamente conhecido por ser facilitista ou benevolente,

é de se tirar o chapéu.

Parabéns filhote - VAMOS COMEMORAR!

Patrícia

O rei da simpatia

Enquanto preparava algumas coisas no quarto dos meninos e vestia a Catarina, decidi colocar um CD de Natal para entrarmos no espírito.

Ao ouvir a letra de uma das músicas, pensei que a tinha de reproduzir para aqui, porque parece escrita, de propósito, para o Diogo. Diz assim:

"reparem como ele é: engraçado e bem disposto,
tem já imensos amigos e é alegre como eu gosto!
Estamos hoje aqui por causa, da tua enorme alegria
viémos para te cantar: és o rei da simpatia!"

Sei que olho com olhos de mãe (apesar de muita gente já me ter dito) mas encho-me de orgulho por ver que o Diogo é um menino muito feliz.

Patrícia

Auxiliares de memória

Nos dias que correm tudo é feito através de "auxiliares de memória" informáticos, vulgarmente conhecidas por agendas electrónicas, seja no PC ou no PDA ou ainda no telemóvel. Têm imensa utilidade: ajudam-nos a recordar os imensos compromissos e afazeres e a planear os dias e semanas vindouros. Poderíamos ainda falar do registo do passado, e aí teríamos o exemplo deste blog, mas agora quero mesmo concentrar-me no futuro.

Eu, como verdadeira (sim assumo) control freak, adoro agendas (tenho, guardadas, as dos últimos 10 anos!) e de todos os tipos: a agenda pessoal, a agenda familiar, a agenda profissional e, claro, o outlook de que também uso e abuso. Não uso o telemóvel e não tenho PDA ou blackberry.

Ontem comprei a minha agenda pessoal para 2009 e claro, comecei já a preenchê-la com aniversários, viagens já planeadas, férias de escola do Diogo e dias que o infantário da Catarina está fechado - e com isto já tenho imensa informação guardada.

Ainda não consegui encontrar a agenda familiar, essa sim fundamental para a gestão diária porque regista: as viagens de trabalho, as férias, os dias livres, as festas de aniversário, os jantares, as visitas, os dias da biblioteca, e outros eventos que tal - de todos - é genial! E com isto vamos conseguindo (ou tendo a ilusão de que conseguimos - bem sei) controlar (mais ou menos) as coisas.

Não faço ideia como se conseguem gerir as pessoas que não se munem deste poderoso e fundamental instrumento. Recomendo.

Patrícia

16.12.08

paz e sossego

Pela primeira vez em muitos anos vou passar o ano sem qualquer perspectiva de mudança para o ano que se avizinha.

Confesso que me está a fazer alguma confusão. Não faltam desafios mas acho que me viciei em mudança. Na verdade começo a perceber que sou muito melhor a manter do que a começar algo de novo mas por alguma razão venho sempre fazendo a escolha contrária.

De qualquer forma esse é o meu grande desafio para 2009: manter e evoluir na continuidade. Pois sem dúvida preciso (precisamos) de algum sossego depois de tudo o que vimos fazendo nos últimos anos.

Nuno

plano de férias

Ontem fizemos, pela primeira vez na vida, um plano de férias. Em estilo de folha de gestão de projectos, com os dias na horizontal, as horas na vertical e as tarefas a preencher os espaços a representar a duração estimada de cada uma.

Dei por mim a pensar o que queria atingir com o plano e a abordá-lo de trás para a frente, como faço com os meus projectos profissionais. Ajustámos tarefas, negociámos trocas e aceitámos o resultado final com cedências para ambas as partes.

E agora ocorreu-me que estas são as únicas férias que vamos ter durante largos meses e que temos mesmo que arranjar uma solução para isto.

Nuno

enfrentar os medos

O Diogo agora acorda-me todas as noites para perguntar se pode ir à casa-de-banho. Sempre pensámos que teria a ver com a escola, onde concerteza tem que pedir para sair da sala, mas ontem ele esclareceu o mistério quando acrescentou ´estou a enfrentar os meus medos`.

Isto é, ele só quer companhia enquanto vai à casa-de-banho, ainda que seja à distância. Uma voz é suficiente para o confortar e ajudá-lo a enfrentar o medo do escuro.

Nuno

15.12.08

em público

Em conversas com diversos colegas a propósito da festa de sexta-feira venho ouvindo repetidamente aquilo que sei há muito e nunca esqueço: tenho muita sorte em estar casado com uma pessoa muito especial.

Talvez porque fui ensinado assim - homem, português, filho de combatente da guerra do ultramar, neto e bisneto de gente com vidas duras -, talvez porque com a idade vamos perdendo a sensibilidade ou ainda talvez porque eu seja mesmo assim, tenho tendência a fechar-me e falar pouco sobre sentimentos e sensações.

Não porque ache pouco importante - bem pelo contrário - mas porque de alguma forma me sinto desconfortável quando o faço. Quando namorávamos talvez não fosse tanto assim mas as contrariedades naturais da vida vêm-me endurecendo. Às vezes para proteger de preocupações aqueles de quem gosto, outras vezes por vergonha de erros ou insuficiências, em geral quero resolver primeiro e partilhar depois.

Mas isto tudo para dizer que não deixo tão óbvio quanto devia a convicção absoluta de que a melhor decisão que alguma vez tomei foi juntar-me a uma pessoa a todos os títulos incrível.

Não perantes terceiros, porque isso pouco me interessa e porque acredito que os actos valem bem mais que palavras (e nesse capítulo estou tranquilo), mas perante a própria.
Depois de tantas aventuras em conjunto e na antecipação de muitas mais deixo aqui com todas as letras: PEQUENINA, ADORO-TE E TENHO MUITO ORGULHO EM TI

Nuno

14.12.08

Por falar em encantos


e ainda sobre sexta-feira e vida profissional: fomos jantar a um dos melhores restaurantes de Amsterdão como celebração da época natalícia, a convite da empresa onde o Nuno trabalha.

Apesar de lá fora a noite estar gelada e de Amsterdão ser conhecida pela sua pragmaticidade, foi muito agradável constatar que a cidade também pode ser elegante.

Patrícia

A beleza e aroma das rosas e a dor dos seus espinhos

Sexta-feira terminei um ciclo que começou há quase dois anos. Trabalhei, neste tempo, provavelmente na atmosfera mais internacional que terei ao longo da minha vida profissional. Só no meu piso, tinha colegas dos seguintes países: Holanda, Marrocos, Itália, Inglaterra, China, Camarões, Tunísia, Japão, Zâmbia, Venezuela, Rússia, França, EUA, França, Chile, Alemanha, Arménia, Espanha, Bulgária, Hungria, Letónia, Polónia e Finlândia. Nos outros pisos, trabalhavam pessoas da Irlanda, África do Sul, Argentina, Escócia, Malásia, Índia...

Já tinha tido uma experiência internacional, quando vivi e estudei na Suíça mas o contexto era completamente diferente.

Na Fundação onde trabalhei, e enquanto lá trabalhei, vi passar uma pessoa do Gana, de Trindade e Tabaco, Dinamarca, Suécia, Bélgica e Brasil. Posso dizer que a exposição à variedade e diversidade de culturas e abordagens (havia gente com experiências muito distintas) é, uma das, provavelmente a maior, grande valia que levo comigo.

Mas há outra mudança acentuada que ocorreu em mim fruto da experiência nesta organização. Neste tempo trabalhei não só com Portugal (onde desenvolvi bastantes contactos na minha área) mas com as regiões de África e Médio Oriente. Quando iniciei o meu trabalho tinha, como a maior parte dos europeus médios, uma ideia muito negativa, negra, quase de causa perdida sobre África. Hoje creio que, apesar de muitas tragédias ocorrerem naquele continente, muito daquilo que pensava era ignorância. Hoje sei um pouco mais sobre aquele fantástico, e no entanto tão misterioso, continente com o qual desenvolvi uma relação bastante forte. Tão forte que, me fará continuar a olhar para, e, voltar a, ele.

Sobretudo com África subsahaariana e com a causa especifica do impacto que a educação feminina pode ter no desenvolvimento destes países. Mas a isto voltarei noutro post.

Ou seja, posso dizer que mais do que um desenvolvimento técnico, tive que ter (necessariamente) uma maior abertura na minha percepção do mundo e nas competências sociais exigidas para desenvolver contactos e relações profissionais. Trabalhei (para além da minha competência técnica na área fiscal) na área do marketing (onde fiz targeting e benchmark) e vendas; no desenvolvimento de produtos; na construção, negociação e formalização de contratos com autores externos e redes de contactos. Tive acesso a pessoas e ocasiões que nunca teria noutras circunstâncias, por exemplo, jantei numa tenda erguida para o efeito a 500 metros das pirâmides de Gisé.

Não se pense que tudo foi um mar de rosas. Acredito que poderia ser muito melhor mas simplesmente não acredito na direcção daquela organização. E isso levou à minha saída. Com alguma pena, verdade, porque acredito no potencial que aquela organização tem mas com os olhos postos para a frente e um novo desafio que começará já no início do próximo ano.

E vão sendo estas experiências que nos fazem continuar a crescer.

Patrícia

12.12.08

atacadores

Comprámos umas botas xpto ao Diogo. Ele escolheu o modelo, garantiu que eram aquelas mesmas que queria e fizemos-he a vontade pois sabíamos que ele precisava mesmo de botas capazes de enfrentar um Inverno duro e muita pancada nos jogos de bola na escola.

O problema é que as botas têm atacadores, ele não sabe fazer os laços e não tem mostrado muita vontade de aprender. Apesar da nossa pressão, ao fim de 2 meses continua a não ser capaz de se desenrascar sozinho.

Ou melhor, ele desenrasca-se pedindo a amigos, professoras e afins, mas não faz sozinho. Para ser honesto, não me desagrada inteiramente que ele se safe dessa maneira: demonstra engenho e capacidades sociais. Mas incomoda-me que não se empenhe em fazer as coisas por si.

Nuno

11.12.08

férias de Natal

Mais uma vez o drama das férias em Portugal.

Vamos ficar uma semana, só para passar o Natal. Mas já temos os dias todos ocupados, de tal forma que se torna impossível planear o mais pequeno momento para nós.

Incrivelmente frustrante, pois são os únicos períodos em que poderíamos descansar. A vida aqui não dá tréguas, entre trabalho e as milhentas obrigações andamos sempre a correr. E depois chegam as férias e somos sovados pelas infinitas exigências.

É o preço a pagar pela possibilidade de tocar terra de novo.

Nuno

um Diogo para cada menina

Para recordação...

A Catarina comentou há dias que uma amiga da escola tinha ido para casa com a sua mamã, o seu papá e o seu Diogo.

Nuno

saudades por antecipação

Por vezes dou por mim a olhar para nós e a pensar como no futuro vou sentir saudades do que somos agora.

Os pequenotes estão em idades fabulosas, cada um à sua maneira e os dois em conjunto. Fazem uma dupla hilariante, vezes sem conta fico num canto a rir enquanto assisto às suas discussões ou brincadeiras.

A sua cumplicidade é estonteante, juntos construíram um mundo completamente à parte, no qual só eles se entendem. Espero que mantenham isso. Bem nos esforçamos por incentivar ambos a olharem um para o outro como melhores amigos para sempre.

Nuno

quero alguém dê-me

é a frase obrigatória da Catarina à hora de jantar. Come duas garfadas e depois quer que um de nós a ponha ao colo e lhe dê à boca.

Se não o fazemos recusa-se a comer. O que com ela é um problema pois está cada vez mais holandesa: leite, pão, queijo, carne e pouco mais.

Nuno

gritos

A Catarina descobriu o poder dos gritos. E usa essa técnica sem qualquer pudor, seja nas suas disputas com o irmão seja para chamar a nossa atenção para algo que quer.

Grande guerra que vai ser. No outro dia teve um mini-castigo por causa disso mas só lá irá com o tempo.

Nuno

leitura

O Diogo entrou na fase espectacular da paixão pela leitura. Tenta ler tudo o que lhe passa pela frente, seja em livros, cartazes na rua ou pacotes de leite ao pequeno-almoço.

Para nós também é uma experiência nova pois ele faz isto em 4 línguas ao mesmo tempo. Muito mais complicado pois em cada uma há variações significativas ao nível da pronunciação das letras e das sílabas.

Mas de alguma forma ele vai conseguindo diferenciar e mantém-se a um nível alto no liceu francês, apesar de estar em clara desvantagem perante miúdos cujos pais são nativos e que falam francês em casa.

Nuno

7.12.08

O Nemo (ou terá sido a Dori?) foi à piscina


Este fim de semana a Catarina começou finalmente uma actividade extracurricular: natação. Para ser mais precisa, deveria chamar-lhe as aulas de adaptação ao meio aquático.

A bela Catarina andou a semana inteira a decidir qual o fato de banho que iria escolher. Optou pelo do Nemo – qualquer escolha seria boa porque ela é sempre linda! Mas eu acho que, tirando a parte da perda de memória, que disso ela tem-na todinha, ela é mais a Dori: azul, tagarela, cheia de energia positiva e, (desculpa filhota mas é verdade) terrível a cantar.

Chegados à piscina, na primeira aula havia três pequenotes entre os 2 anos e meio e os três, os respectivos pais (menos nós que pensávamos que não teríamos de ir com ela para a piscina) e os professor. Duas meninas e um menino. Claramente o menino era o mais destemido. Nas outras pistas, o Diogo e outros meninos faziam os seus exercícios normais.

A Catarina foi excelente nos seus diversos desafios:
- molhou com um regador a cabeça da outra menina e deixou que o menino molhasse a dela (isto é especialmente importante porque até há cerca de um mês atrás chorava no banho cada vez que lhe molhávamos a cabeça) – esta parte ainda sentados à borda da piscina;
- encheu um balde com o regador até que ele fosse ao fundo da piscina – através deste exercício o professor levou-os para dentro da piscina. Os pais não os seguram, eles têm de procurar o seu equilíbrio pelo seu próprio pé. Aliás, a páginas tantas engoliu um pirolito quando perdeu o equilíbrio e se afundou: o professor esperou um tempo e depois puxou-a, porque ela não reagiria... ficou provado!;
- empurrou uma bola de ping pong com o nariz ou a soprar;
- percorreu o colchão e lançou-se nas mãos do professor; e

no fim não queria sair, de tão divertida que estava.

Bom começo para a Minúscula que muito merece as suas actividades. A ver se temos força para as continuar (e se ela se autonomiza depressa da necessidade de um pai com ela na piscina – isto já é wishful thinking) mas com tino, sem cairmos na ditadura da vida em função das actividades extracurriculares dos meninos.

Patrícia

6.12.08

Saudades da minha praia


*Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa"

Sophia de Mello Breyner Andresen

4.12.08

vizinhos

Quem não tem histórias escabrosas de vizinhos maléficos, sobre os quais poderíamos jurar passarem pelo menos metade do seu tempo a magicar patifarias para transformar a nossa vida num inferno?

Pois aqui na Holanda também os há, tão maus ou piores do que em Portugal. Suponho que seja mais um fenómeno global. Aliás, histórias de terror sobre vizinhos circulam livremente entre expatriados e são contadas às crianças como incentivo para comerem os legumes.

Nós tínhamos vizinhos desses na casa alugada em que estávamos. Não era assim tão mau, era só chato. Ele e a mulher reclamavam por tudo e por nada, e sobretudo com as crianças eram absurdamente intolerantes.

Isto apesar de terem passado 8 meses em obras, perturbando com isso toda a vizinhança sem que ninguém no entanto se queixasse, e de gostarem de ouvir música aos berros nas mais variadas horas do dia.

Enquanto nós fazíamos por compreender que tal é o fado de quem vive em apartamentos., eles atiravam-se aos arames cada vez que um dos nossos putos dava um salto ou uma corrida. Como sofremos a pedir aos miúdos para não correrem dentro de casa!

Finalmente mudámos de casa e anunciámos-lhe que íamos sair. Pela primeira vez lhe vimos os dentes tal foi o sorriso. E nós, radiantes também por nos livrarmos deles, pensávamos "bom de mim fará que depois de mim virá". Mas não nos ocorreu que isso vale para os dois lados.

A Patrícia empenhou-se bastante em fazer boa vizinhança neste novo sítio, dando-se inclusive ao trabalho de escrever postais de Natal para os vizinhos mais próximos todos. Tivemos reacções muito afáveis e ficámos com óptima impressão da generalidade das pessoas em volta.

Até que no fim-de-semana passado bate à porta um vizinho, com o qual nunca tínhamos falado, se apresenta nessa qualidade e me pergunta se as agulhas de abeto espalhadas no tapete eram nossas. E, ainda com um tom acusador, continua a apontar em volta e a mostrar-me a sujeira que eu tinha feito com a árvore de Natal.

Olhei-o nos olhos e perguntei-lhe se estava tudo bem com ele. Ficou atrapalhadíssimo e respondeu que sim, estava tudo bem. Continuei: - Sou o seu novo vizinho, é um prazer conhecè-lo. Ele já gaguejava mas não lhe dei espaço. Pedi licença e fechei a porta, assegurando que limparia tudo assim que acabasse o que estava a fazer.

Nuno