31.5.14

Grande campeão

Já pus a foto no facebook mas não chega. O momento exige mais, muito mais.

O nosso Diogo confirmou o seu lugar de titular scrum-half na equipa ´mini´ de râguebi de Amesterdão e marcou o seu primeiro ensaio em competições oficiais. No final do torneio os companheiros de equipa, reconhecidamente exigentes e impiedosos, dedicaram-lhe uma salva de palmas pelo desempenho ao longo dos 3 jogos do dia. Foi o único a receber tal dedicatória hoje e mereceu-a por inteiro, tal foi o brilhantismo da exibição.

Voltando umas linhas atrás, o que é um scrum-half? Em português o termo é ´médio de formação´ e trata-se de um elemento de ligação entre a defesa e o ataque, responsável entre outras coisas pelo comando dos avançados e pela colocação da bola em jogo após o ´scrum´ (daí o termo em inglês), ie a formação ordenada em que as duas equipas disputam a bola com os pés até esta se libertar pelas mãos do tal médio de formação.

Jogo fascinante este. Tenho aos poucos aprendido a não só apreciar como a admirar as suas inúmeras qualidades. Dinâmico, emotivo, aguerrido...mas leal, justo, correcto. Como se diz, um jogo de carroceiros jogado por cavalheiros. E a razão é simples: se as regras não forem respeitadas as lesões são inevitáveis e graves. Todos sabem disso e levam esta condição à letra, ainda que isso signifique corrigir um companheiro ou castigar um pupilo.

Falava então do scrum-half, lugar ocupado pelo Diogo. Uma posição pivotal na condução do jogo. Nas mãos do médio de formação está a orientação do jogo, a velocidade do conjunto e a condução da primeira linha de defesa (o ataque). Um médio de formação tem que ter visão de jogo, voz de comando, perfeição no passe e velocidade nas pernas para quando é preciso furar e surpreender.

Não é uma posição fácil mas o campeão parece predestinado. Testaram-no noutras mas não foi feliz. Precisa de estar lá, no meio da acção, para se sentir útil. Nas linhas, onde o puseram de início, é muito isolado e esquecido - perde-se, distrai-se, irrita-se com os egoístas que não lhe passam a bola e acaba por se desmotivar. Mas aqui, bem no centro do remoinho, sente-se vivo e dá tudo de si. Parece saber instintivamente o que fazer com a bola e todos o aceitam naturalmente.

Fico por aqui, sei que pareço babado. Mas depois de quase 1 ano a acompanhá-lo a treinos e torneios, sei do que falo pois observo. E o mais importante é que tem verdadeiro prazer em jogar, retira energia  de cada momento no campo, faz desporto e aprende lições cruciais de companheirismo e perseverança. Hoje jogou 1,5 horas seguidas sempre a um ritmo alucinante e no final continuava a lutar por cada bola com toda a alma.

E o pai cá estará para seguir os seus jogos e fazer o magnífico sacrifício de o levar aos treinos às 3as e 5as à tarde.

Nuno

19.5.14

olhando para trás

Sentado na cama no final de um dos poucos dias de sol que a estação estival nórdica nos reserva, derivo na insónia para uma revisão do ano até agora e dos desafios com que nos deparámos em pouco mais de quatro meses. A sequência é brutal, não admira que estejamos sem fôlego.

Ora vejamos, em jeito de listagem e apenas por alto: o meu emprego novo, que me obriga a viajar muitíssimo mais e a trabalhar por sistema noites e fins-de-semana, e no qual houve mudança completa de liderança e de estrutura assim que entrei; as complicações no emprego da Patrícia desde o fim do ano passado, que a têm deixado num remoinho de emoções e que só agora parecem querer estabilizar; a situação com o Emmanuel causou uma enorme convulsão emocional na família durante mais de um mês, obrigou-nos a encontrar soluções à pressa para os miúdos e continua até hoje por regularizar convenientemente; o acidente com o dedo do Diogo e todo o pânico e cuidados que gerou;  o falecimento da avó da Patrícia, que tanta dor lhe causou; a mudança do nosso melhor amigo de cá para os Estados Unidos deixou-nos um sentimento de perda e isolamento que só agora começamos a ultrapassar; a implosão do grupo de amigos pais de amigos do Diogo na sequência da mudança de escola; finalmente, os planos de mudança para Singapura e a depressão em que ficámos quando tudo se desfez.

Talvez por isso tenhamos dado por nós nos Lusitanos ontem, depois de anos sem sequer pensar nisso. Tem os seus defeitos bem sabemos, mas nestas fases é um consolo. Ouvimos a nossa língua, bebemos Sumol e Super Bock, comemos um bitoque com ovo a cavalo, jogámos matraquilhos e vimos futebol. Isto tudo em plena Amesterdão, a 100 metros do Pijp, uma das zonas mais requisitadas à noite pela juventude da cidade. Foi simples, sem qualquer sofisticação ou requinte. Foi simplesmente bom e retemperador.

Olhando para trás, tem sido um ano difícil e todos nos ressentimos. Felizmente as marcas deixadas parecem temporárias mas tudo junto pesa e inspira, sobretudo em nós adultos, uma rejeição da vida aqui e um desejo de fuga para a frente ou para trás. Vai passar, vamos dar a volta e reiniciar o ciclo. Pacificar empregos e vida em casa, reencontrar amigos antigos e conhecer novos, reavivar interesses e actividades, em suma reatar os pontos críticos da vida.

Visto de forma genérica, temos que tomar uma decisão fundamental para a nossa vida sob pena de perdermos o rumo. Ou voltamos para Portugal e tentamos retomar o que em tempos lá tivemos, ou nos assumimos e tornamos de vez holandeses, ou seguimos o trilho da expatriação e vamos cada mais fundo. 

Na realidade pergunto-me se temos mesmo opção. Em Portugal a economia não permite veleidades e a vida prosseguiu sem nós. Aqui na Holanda estamos confortáveis mas nunca conseguimos sentir-nos em casa e todas as ligações que criamos se perdem num espaço curto de tempo quando as pessoas partem. Tudo somado e tendo em conta quem nos vimos tornando, só a hipótese de continuar parece sustentável. 

Nuno

10.5.14

tanto pouco tempo

Céu encoberto, chuva leve, nem frio nem quente. Primavera na Holanda, que bem a conhecemos já. Ao fim de quase 8 anos, sabemos o que aí vem e conseguimos prever com precisão matemática o triste episódio seguinte, qual novela mexicana em fim de temporada. 

Cada encanto tornou-se banal e a rotina cíclica corrói a dinâmica familiar. Estamos por cá porque aqui nos encontramos. Uma circunstância da vida como tantas outras, um quase acaso ditado por estímulos exógenos, uma adversidade que soubemos converter em bonança mas que ao longo dos anos vem pesando. Quando o frenesim repousa e nos olhamos com sinceridade, reconhecemos a desorientação e o desencanto. 

Só por comparação nos apercebemos do que carregamos aos ombros. Sucessivos casos ao longo dos anos de outros que tentam fazer como nós e se afogam nas exigências diárias. Acabam por desistir e adoptar modelos mais leves, em que apenas um trabalha a tempo inteiro ou de todo. Não, a vida não é fácil, embora possa não o parecer e de nada concreto nos possamos queixar. Mas é quase uma década de ginástica permanente, de correria ao longo do dia para atingir os alucinantes objectivos do trabalho, sair a horas para actividades ou simplesmente para os pequenotes sentirem que ainda têm pais, e recomeçar à noite ou de madrugada para compensar o tempo perdido com a família.

Tempo perdido. Ridículo. Como pode ser tempo perdido se é a prioridade máxima e o a razão principal de viver? Mas assim parecem pensar os empregadores, ainda que digam o contrário. Somos lenha para queimar, por baixo de nós uma quantidade infinda de toros mais frescos à espera da sua vez. 

Dizem que queremos tudo. Não só nós, somos apenas iguais a tantos outros que se esgotam na construção de família, carreira e futuro. Dinheiro, estatuto e reconhecimento, a tríade maléfica do iluminismo que subrepticiamente substituiu a vida de sacrifício do homem sem apelido regido pelo homem superior. Agora todos temos direito a tudo e de nada abdicamos. Essa é a tese sociológica. Mas ninguém a sente assim na prática. No nosso micro universo os segundos sucedem-se entre pequenos acontecimentos, raras visões e grandes escolhas atropeladas por infinitas pequenas decisões de curto alcance, o importante esquecido pela urgência do imediato. 

Isto, o quase indefinível agregado de sítios e experiências sentidos e vividos, este lugar que não é nosso mas na prática temos que ver como tal, a língua agreste que recusa entranhar-se, os costumes entendidos mas rejeitados. Isto.

Queremos casa, gente, comunidade, família. O som do mar, o céu azul, a Primavera em Abril, o cheiro a sardinha, a cerveja à beira rio, as discussões políticas, o Benfica como obsessão, as quezílias familiares, os amigos reconhecidos na rua, a bica no café da esquina, o riso dos miúdos na brincadeira com os primos, a alegria dos avós no reencontro com os netos. 

A carreira que queria já a fiz. Viajei pelo mundo, jantei com ministros, promovi negócios de milhares de milhões, ganhei e perdi, geri gente. Tanta gente, sempre gente, sempre mais. Já está, nada mais ambiciono nesse capítulo. Quero agora começar a segunda fase da vida, a desfrutar de tudo o que ainda tenho pela frente, da companhia da mulher da minha vida e da energia fenomenal dos filhos adolescentes. Recuperar tudo aquilo que pus de lado enquanto eram pequenos e do que abdiquei pela carreira que construí. 

Crise de meia idade talvez, pouco importa o que lhe chamem. É tempo de começar de novo.

Nuno  

5.5.14

Castricum - passeio nas dunas

Uma semana difícil esta de regresso das férias no paraíso... Já passou uma semana e ainda nenhum de nós tomou a iniciativa de tirar a pulseira do Club Med. Uma parolada mas, acredite-se ou não, é a ligação palpável de que sonhos são possíveis. Enfim, não sei, o facto é que todos ainda as temos nos respectivos pulsos.

Mas adiante porque o caminho é para a frente. No fim de semana passeamos nas dunas de Castricum. Um passeio com amigos e iniciado por um almoço muito agradável. O passeio teve de ser curtinho porque o cavalinho da Makukia a esperava para a sua aula semana, mas foi muito simpatico como mostram as fotos.











Para proxima (espero que nao muito longe) tem de ser mais tempo e com direito a piquenique.

Patrícia

3.5.14

Apanhado em flagrante (pelo dono)


Patricia

Di – resultados da Primavera

Recebemos os resultados do Di deste trimestre e, sem surpresas, o Campeão continua em forma.


Teve seis oitos: educação artística, educação física, informática, francês, moral e ciências integradas(ciências naturais, biologia, física); e quatro noves: inglês, matemática, música e ciências humanas (história e geografia).
Ou 84 em 100, elevando os últimos resultados. Segundo o Di, o seu resultado, juntamente com outra menina, foram os melhores resultados no total da classe.
Um orgulho o meu Campeão!

Patrícia