Finda a missão
de ter uma ideia das possíveis universidades para a nossa Makuks, já que lá poderá
passar os próximos 6 anos, pudémos passar ao modo descoberta de nova (tanto eu
como o Nuno já tínhamos estado há muito, muito tempo) cidade, a quatro, como
tanto gosto.
A
temperatura estava amena, e não choveu o resto do nosso tempo em Edimburgo,
antes fomos brindados por céu azul a contrastar com os lindissimos edificios
muito bem conservados da cidade, como (espero) mostram as fotos.
Edimburgo tem
vestigios de presença humana desde cerca de 8.500 a.c.... Mas é verdadeiramente
na época medieval que se começa a afirmar o seu carácter distintivo que tem
como ponto central o castelo. Não é certo quando a fortificação foi erguida no
topo da rocha, mas pensa-se que terá sido pouco antes ou pelo século XII. Também
no periodo medieval surge o conceito de frade (por oposição à de monge) que
trabalha para a comunidade e pode deixar o mosteiro – esta cidade era povoada pelos
dominicanos (com o hábito preto) e os agostinianos (que trajavam cinzento).
Porque religião foi outro grande factor que marcou aquela zona: inicialmente
marcada pelo culto dos espíritos e dos druidas, assimilando a cristianidade (e
catolicismo) desde o século II d.c. até à proibição do catolicismo romano (ie,
da missa e abolição da autoridade do Papa) com a reforma protestante de 1560 pelos
ingleses, que teve um efeito profundo na vida da nação.
Durante o
século XIV, o comércio começou a crescer e Edimburgo tornou-se conhecida pela sua lã e artigos de couro, ambos exportados
pelo Porto de Leith. As batalhas contra os ingleses eram uma constante, mas
Edimburgo desenvolveu-se como uma cidade próspera tornando-se, durante o século
XV, a capital da Escócia (com Charles II). Por volta do ano 1500, viviam
aproximadamente 12.000 pessoas na cidade tendo a população crescido rapidamente
e chegado a 15.000 menos de meio século depois. Como a cidade era cercada pela
muralha, a sua população em constante crescimento construia casas de vários
andares. Os primeiros arranha-céus de pedra foram construídos na Royal Mile e chegaram
a ter 12 andares de altura (sendo que eram os pobres que ocupavam os lugares de
topo). E quando não era suficiente, os cidadãos construíam casas de madeira em
cima das casas de pedra.
No final do
século XVII, a cidade tinha uma população de 50.000 pessoas. Era pequena, com
demasiada população para o espaço que tinha, imunda e continuamente atingida
por pragas, doenças e incêndios. Era uma das cidades mais insalubres da Europa e
a peste bubônica, o tifo e a cólera eram parte do quotidiano da população de
Edimburgo.
Apesar da ideia
de união entre Inglaterra e Escócia ser velha, a suspeita e a desconfiança entre os dois países impediam
a união, e é só no início
do século XVIII (em 1707) que finalmente acontece. Os escoceses temiam que se
tornassem outra região da Inglaterra, sendo engolidos como acontecera com o
País de Gales cerca de quatrocentos anos antes. Para a Inglaterra, o temor de
que os escoceses tomassem o lado da França e reacendessem a 'Auld Alliance' era
decisivo. A Inglaterra dependia fortemente de soldados escoceses e fazê-los juntar-se
aos franceses teria sido desastroso.
A 1 de maio
de 1707 o Parlamento Escocês e o Parlamento Inglês uniram-se para formar o
Parlamento da Grã-Bretanha, com sede no Palácio de Westminster, em Londres,
sede do Parlamento Inglês. A Escócia manteve sua independência em relação aos
seus sistemas jurídicos e religiosos, mas a cunhagem, a tributação, a
soberania, o comércio, o parlamento e a bandeira tornaram-se um.
Muito mudou para
ambos: os habitantes de Edimburgo deixaram de precisar da protecção da muralha
defensiva e Inglaterra, e a cidade tornou-se um lugar popular para
intelectuais, especialmente no que diz respeito à filosofia, história,
medicina, ciência e economia. Para os ingleses, sem o perigo a Norte, podiam-se
finalmente concentrar em construir um império além da ilha.
Consta
todavia que os ingleses tiveram sempre mão no devido controlo dos escoceses, e
em particular de Edinburgo de várias formas: na Escócia havia fome (mas não vinha
abastecimento de comida de Inglaterra...), talvez porque isso fazia com que muitos
jovens se alistassem no exército da Grã-Bretanha, fazendo com que não houvesse
perigo de crescimento e impetos de
independência e/ou força de trabalho a norte... Por outro lado, durante o século XIX, com a revolução
industrial (e a produção de cerveja e a indústria gráfica, seguidos por
banqueiros e advogados que também ai se estabeleceram), Glasgow ganha importância
em detrimento de Edimburgo (capital politica da Escócia) e torna-se a segunda
cidade do Reino Unido (a estratégia de dividir para reinar...). Ainda no início
deste século se concluíu a construção da Cidade Nova, que atraiu muita imigração
irlandesa (em 1850 a população era de 170.000 pessoas).
Durante o
século XX, o sector do turismo cresceu Edimburgo tornou-se um destino turístico
popular. E encantador.
Edimburgo é
listada pela UNESCO como World Heritage Site. A cidade velha estende-se do alto
e rochoso cume no topo do qual foi construído o castelo até ao Palácio de
Holyrood. Caracteriza-se pela sobrevivência de ruas de padrão medieval, em
espinha de peixe, de ruas estreitas que saem de uma unica rua mais larga e
longa. Esta topografia quase dramática resulta em panoramas espectaculares e um
ambiente icónico, com um
nível de conservação de autenticidade muito elevado, sentindo-se integridade na
conservação da traça original das ruas e dos edificios. E foi sobretudo na
cidade velha que os nossos passeios se concentraram.
Em particular a Victoria Street que é,
provavelmente, das ruas mais fotografadas da cidade tanto é o charme, com lojas maravilhosas nas quais fomos entranto, à espreita.
Fomos até à
entrada do Castelo e visitámos a magnífica catedral de St Giles - edificio central da cidade velha - fundada em 1124 pelo rei David I,
uma igreja em funcionamento há quase 900 anos – apesar do edificio que visitámos
datar do seculo XIV com reformas ao longo do tempo. E um pano de
fundo para a turbulenta história religiosa da Escócia. Durante a nossa (e de muitos outros turistas) visita decorria,
impassível, uma missa. E o ambiente era paz.
Subimos ao observatório da cidade que fica no cume de Calton Hill, perto da extremidade leste da Princes Street e com
fácil acesso ao centro da cidade de Edimburgo. O horizonte
é vasto e as vistas lindíssimas.
Onde encontramos um canhao portugues, do seculo XV que se passeou pela Asia, fez parte das possessoes do Rei de Burma, e acabou aqui depois de capturado pelos Ingleses em 1885.
Também nesse
cume está o monumento nacional, construído em honra do Vice Almirante Horatio
Nelson em 1815, em comemoração da vitória sobre as armadas francesas e espanholas, na Batalha de Trafalgar em
1805 (onde morreu).
Com
retemperos que a cidade tambem oferece deliciosos repastos, ao fim de um dia longo, ainda tínhamos o Tour do Harry
Potter que começava às 6 da tarde – já escuro como breu - no cemitério Greyfriars onde jazem
muitos dos que aqui morreram e passando por locais que inspiraram J.K. Rowling a escrever o Harry
Potter (a cidade onde a obra foi escrita). O guia era americano, estudante de filosofia na universidade e foi dando também informação pertinente sobre a vida de estudante em Edimburgo.
O Grandalhão e a Makuks não
estavam devidamente preparados para o frio - não quando o guia parava muito
para falar - e estavam congelados de modo que jantamos tapas no Andaluz -
ninguém estava com muita paciência para procurar local e o jantar estava delicioso.
E nestes caminhos,
em maravilhosa companhia, tudo bem disposto, com concessões aqui e ali de
todos, conversa, piadas e gargalhadas, o dia se passou na perfeição.
Patrícia