25.1.08

loja portuguesa

E eis que, ao fim de um ano a morar oficialmente cá, visitámos a loja de produtos portugueses. Chama-se Neves BV, Wijnimport e fica em Zwanenburg.

Que maravilha ver todos aqueles produtos a que nos habituámos desde sempre, incluindo vinho, pão a sério, pastéis de nata e bolo-rei. E ouvir português na rua é tão confortável para quem passa os dias envolvido por línguas estranhas.

Um aspecto engraçado do espaço é a aculturação visível das pessoas que gerem e trabalham na loja. Emigrantes de décadas, são fluentes em holandês e misturam no discurso em português palavras da língua de adopção. Palavras que compreendemos mas estranhamos quando inseridas no discurso na língua-mãe.

Nuno

totós

O cabelo da Catarina não promete vir a ser uma fonte de orgulho para ela. Nasceu com muito pouco, o crescimento tem sido extremamente lento e o que vai aparecendo é fino e de aparência fraca.
(desculpa filhota, isto não é um insulto, não há menina mais linda que tu e o que relato acima em nada contradiz esta evidência).

Numa das duas vezes que fomos ao cabeleireiro (não me lembro do nome, é aquele só para putos) com ela, a senhora olhou para nós e perguntou o que queríamos que fizesse. Quando respondemos que era para cortar, perguntou-nos o que havia para cortar. Agora conseguimos rir, na altura a nossa reacção não foi tão positiva.

O cabelo dela tem sido portanto uma fonte de frustração para a Patrícia, que gostava de fazer experiências com o mesmo. Todos os aparelhos destinados a prender, moldar, afastar ou enfeitar o cabelo testados na nossa filhota foram rejeitados (caíram) em pouco tempo.

Ontem a minúscula aparece de totós em casa. A educadora do infantário fez-lhe dois totós, um em cada lado da cabeça. O efeito prático foi nulo pois ela não precisa de segurar o cabelo, mas em termos estéticos foi brilhante. E a Catarina adorou, de tal forma que se olhava ao espelho ou chamava as pessoas e dizia "uau!".

A Patrícia ligou-me e pediu-me para ir para casa assim que possível pois tinham algo para mostrar-me. Depois de ela me assegurar que era algo bom, imaginei que seria algum resultado de experiências na escola ou infantário e pensei em máscaras ou algo do género. Quando a vi fiquei encantado.

Tentámos tirar fotos mas, por razão desconhecida, a máquina estava incapaz de focar e os nossos telefones não têm capacidades fotográficas. Fica para a próxima, agora já sabemos que é possível. Por que raio não nos lembrámos dos totós? Ou será que lembrámos mas não funcionou?

Nuno

16.1.08

porquês

O Diogo começou na semana passada a bombardear-me com perguntas impossíveis. O fenómeno é sem dúvida interessante, até porque responder às perguntas é um exercício de criatividade pura, mas receio que o nível de complexidade tenha apenas atingido o nível básico.

A primeira questão foi "qual é a palavra mais importante?". Procurei explicar as razões pelas quais é impossível responder de forma sintética, que o contexto bla-bla-bla. O olhar dele fez-me lembrar o daqueles entrevistadores experientes quando começo a dar tanga nas entrevistas.

Mas a verdade é que guardou algo do que disse porque hoje me perguntou "qual é a coisa mais importante?". Apanhou-me de surpresa mas o impacto já não foi o mesmo da outra vez. Desta olhei para ele com calma e respondi "não sei". Ele percebeu a resposta e disse "para mim é o ar", algo que eu incluí algures na resposta da outra vez.

Nuno

12.1.08

Momentos que me fazem feliz

- as gargalhadas do Diogo, meu príncipe do mundo e cavaleiro de luz;
- o abraço do meu Amor quando a noite me adormece;
- o sorriso cúmplice da Catarina, minha fada maravilhosa.

Tenho mesmo sorte com a harmonia que se vive em nossa casa.

Patrícia

11.1.08

Com esta não contava

Hoje não estou nos meus melhores dias. Não é muito comum ir-me abaixo porque sou uma pragmática por excelência e não gosto dos lamentos, dos ombros descaídos, do “é muito complicado/difícil e não ha como mudar”. Mas hoje tive um episódio muito flagrante sobre algo que me anda a incomodar: a eficiência que esperava ver na organização onde trabalho não é exemplar, como esperava que fosse quando vim de Portugal.

Tive uma proposta. Uma proposta que é boa porque tem inerente o reconhecimento do meu trabalho mas na qual não acredito, ou melhor que aos meus olhos é absurda e patética. E o problema é que não tenho como a contornar pois é, nesta fase, a única forma de conseguir um objectivo maior.

Bolas!

Patrícia

10.1.08

ficamos por aqui

Alguns casais amigos com quem fomos falando enquanto estivemos em Portugal pelo Natal estão a aventurar-se no mundo traiçoeiro do terceiro filho. Alguns põem a hipótese, outros já decidiram, raríssimos são aqueles que já lá estão.

Não é o nosso caso. Estamos satisfeitos com os dois que temos. Suponho que ter o casal ajuda, se tivéssemos dois rapazes ou duas raparigas é possível que fizesse pressão para tentar a sexo oposto.

Felizmente assim não foi e saiu o casalinho cliché: rapaz mais velho e flexível, rapariga mais nova mas tenaz. É tão bom vê-los crescer, ganhar autonomia, tomar decisões, zangar-se connosco, corrigir-nos, no fundo preparar-se para o seu estado natural de adultos.

E nós apoiamo-los ao máximo nessa conquista de independência, embora custe tanto arriscar. Mas fazemo-lo pois acreditamos que a supervisão é o único verdadeiro papel dos pais. Não somos donos deles, apenas temos o privilégio de os ajudar a atingir o seu potencial.

Não somos adeptos da fase bebé, para nós esse é apenas uma espécie de período preparatório para o nascimento verdadeiro. Os psicólogos infantis falam desta fase como a infância dentro da infância, à qual se segue a adolescência a partir de 1 ano de idade. Para mim a etiqueta faz sentido, nos primeiros tempos a actividade é imensa mas a resposta perceptível é residual. É a partir da autonomia motora que se dá a partida.

Não consigo sequer pensar em ter mais um. Agora que a Catarina está a chegar à idade em que pode acompanhar-nos, voltar para trás seria um choque enorme. Queremos planear viagens e actividades com eles, ter outra vez a flexibilidade de partir de manhã sem destino fixo e regressar quando apetecer.

Estamos mesmo em número certo.

Nuno

tabu

A partir de agora não escrevo mais sobre Portugal, regressos, etc. Pelo menos no tom de reflexão ou crítica que tem caracterizado os meus últimos posts.

Vou concentrar-me no objecto que definimos para este nosso blog conjunto: nós, a nossa vida cá, experiências, dificuldades, aprendizagens, memórias e tudo o que seja relacionado. Mas sempre de um ponto de vista colectivo, com vista a preservar para o futuro a memória da vivência actual.

Nuno