Sem qualquer benefício pessoal que não seja o prazer que retiramos em elogiar aquilo que é nosso, temos vindo a fazer um esforço consciente de promoção dos produtos e destinos portugueses, incluindo o vinho, a culinária, a música e tudo o mais em que conseguimos pensar.
Se acreditarmos que entre 5 a 10 milhões de portugueses estão, como vimos numa estatística há pouco tempo, espalhados pelo mundo e fazem esforço semelhante, torna-se difícil compreender como é que os vinhos portugueses continuam a ser ilustres desconhecidos.
Mas não é isso que vemos: na Wine Spectator que comprei quando fomos a Valência verificámos não existir qualquer vinho de origem portuguesa analisado ou sequer mencionado; aqui na Holanda temos vindo a confirmar que para a generalidade das pessoas Portugal não é um produtor de vinho de qualidade; e é possível encontrar vinho português à venda nas lojas especializadas mas é preciso esforçar-se para encontrá-lo entre as toneladas de garrafas francesas, espanholas, italianas, alemãs e americanas.
O pior é que não só não há como parece não haver qualquer tentativa séria para mudar isso.
Onde está a publicidade? As pessoas reagem bem às nossas coisas, temo-lo comprovado repetidamente. Pelam-se pela comida, adoram o sol, comentam a hospitalidade e perguntam o que raio fazemos aqui.
Ao fim de décadas a investir em estratégias de promoção do país, através do ICEP ou outros que tal, continuamos sem identidade internacional que não seja o sol e a praia. É preciso mais, importa associar bens tangíveis comercializáveis à marca que já criámos.
Às vezes sentimo-nos originários de algum país africano com produtos exóticos. E no entanto somos membros da UE, criámos autoestradas pelo país todo para facilitar o transporte de produtos.
De forma muito inteligente, Espanha tem vindo aos poucos a conseguir impor-se como um obstáculo intransponível para nós, isolando-nos progressivamente até aceitarmos a integração sem piar.
Neste momento, as empresas portuguesas parecem ter desistido de entrar na Europa: ou vão para Espanha, onde encontram dificuldades deliberadas para entrar, ou se viram para baixo. Nao pretendo aqui argumentar sobre a estratégia comercial nacional, apenas lamentar a quase impossibilidade de encontrar produtos nacioanais.
Nuno
21.12.07
neve
Do meu local de trabalho vejo as árvores cobertas de neve e os canais gelados por vários dias de temperaturas negativas.
Não digo que seja algo do outro mundo nesta zona da Europa mas para mim a coisa tem um encanto especial. É como fazer parte de um postal de Natal.
Nuno
Não digo que seja algo do outro mundo nesta zona da Europa mas para mim a coisa tem um encanto especial. É como fazer parte de um postal de Natal.
Nuno
Brasil da Europa
Nas notícias mais recentes li um artigo do Pacheco Pereira sobre o Porto, o FC Porto e toda a polémica em torno das acusações que recaem sobre Valentim Loureiro e Pinto da Costa, outro sobre um roubo de que foi alvo um futebolista num parque de estacionamento, um terceiro sobre a diminuição objectiva do poder de compra dos portugueses e ainda mais um a propósito da investigação de que é alvo o BCP na sequência de uma denúncia deposta por Joe Berardo.
Uma aflição incontrolável apoderou-se do meu espírito: Portugal entrou na espiral da morte, o país caminha imparável para a ingovernabilidade. A justiça, a segurança, a economia e as finanças, todos elementos essenciais para o bem-estar, parecem condenados a reduzir-se a um estado de pobreza sem recuperação à vista.
E os políticos parecem cegos perante tudo isto, continuam perdidos nas suas vidinhas privilegiadas e trocam cartões de Natal de apreço mútuo pela miséria em que insistem em deixar os portugueses.
Eu sei que estou fora e que tenho menos direito a reclamar mas a minha impressão é que poucos são os que o fazem de dentro. Percebo que é mais difícil, até porque os que têm voz para contestar são geralmente mais bem tratados, mas é desesperante assistir a tudo isto.
Nuno
Uma aflição incontrolável apoderou-se do meu espírito: Portugal entrou na espiral da morte, o país caminha imparável para a ingovernabilidade. A justiça, a segurança, a economia e as finanças, todos elementos essenciais para o bem-estar, parecem condenados a reduzir-se a um estado de pobreza sem recuperação à vista.
E os políticos parecem cegos perante tudo isto, continuam perdidos nas suas vidinhas privilegiadas e trocam cartões de Natal de apreço mútuo pela miséria em que insistem em deixar os portugueses.
Eu sei que estou fora e que tenho menos direito a reclamar mas a minha impressão é que poucos são os que o fazem de dentro. Percebo que é mais difícil, até porque os que têm voz para contestar são geralmente mais bem tratados, mas é desesperante assistir a tudo isto.
Nuno
19.12.07
O frio
chegou em força. Prevê-se 6 graus negativos à noite nos próximos tempos. Os canais começam a gelar, há gente a esquiar nos sítios mais improváveis, os dias amanhecem sempre brancos (embora ainda não neve) e após cinco minutos na rua a cara perde sensibilidade.
Mas as bicicletas continuam a dominar as estradas, os putos jogam futebol na rua, os centros comerciais exteriores estão cheios de gente às compras, as esplanadas continuam postas e muitos sentam-se para tomar café como se o sol banhasse as ruas e o mar se fizesse ouvir ali ao lado. Em suma, a vida continua apesar das temperaturas negativas e do vento gelado que parece cortar a pele.
Gosto do frio, as coisas parecem ter mais gosto. Cada momento passa a viver-se com mais intensidade, talvez por ser mais estanque. A temperatura domina tudo, não é indiferente estar na rua ou em casa, na cama ou fora dela, muito ou pouco vestido. Cada decisão tem uma consequência sensitiva imediata e o convite ao comportamento correcto é muito tentador.
Estou cada vez mais convicto que o clima é directamente responsável pelo desenvolvimento dos povos. Para além das consequências fisiológicas óbvias (o calor convida à preguiça) há a vertente psicológica: para quem vive em zonas quentes a vida é mais fácil, as consequências de decisões incorrectas são menos graves e as pessoas acabam por se acostumar ao facilitismo.
O Inverno aqui sabe mesmo bem. Na rua o frio tem um charme especial e sabe mesmo bem chegar a casa.
Nuno
Mas as bicicletas continuam a dominar as estradas, os putos jogam futebol na rua, os centros comerciais exteriores estão cheios de gente às compras, as esplanadas continuam postas e muitos sentam-se para tomar café como se o sol banhasse as ruas e o mar se fizesse ouvir ali ao lado. Em suma, a vida continua apesar das temperaturas negativas e do vento gelado que parece cortar a pele.
Gosto do frio, as coisas parecem ter mais gosto. Cada momento passa a viver-se com mais intensidade, talvez por ser mais estanque. A temperatura domina tudo, não é indiferente estar na rua ou em casa, na cama ou fora dela, muito ou pouco vestido. Cada decisão tem uma consequência sensitiva imediata e o convite ao comportamento correcto é muito tentador.
Estou cada vez mais convicto que o clima é directamente responsável pelo desenvolvimento dos povos. Para além das consequências fisiológicas óbvias (o calor convida à preguiça) há a vertente psicológica: para quem vive em zonas quentes a vida é mais fácil, as consequências de decisões incorrectas são menos graves e as pessoas acabam por se acostumar ao facilitismo.
O Inverno aqui sabe mesmo bem. Na rua o frio tem um charme especial e sabe mesmo bem chegar a casa.
Nuno
No final do primeiro trimestre do ano lectivo 07/08
as professoras escrevem “Très bon début d´ánnée, Diogo travaille bien. C'ést un élève agréable et très serviable. De bons progrès en français – contiue”.
A avaliação é de A a D, sendo:
A – competência adquirida;
B – a reforçar;
C – no início de aquisição; e
D – competência não adquirida.
A grande maioria das competências, classificadas em grandes grupos, são avaliadas com A . Tem alguns B e apenas um C. Nenhum D.
A avaliação foi como se segue:
Linguagem verbal
Comunicação:
- Exprimir-se de forma compreensível – B (A língua materna do Diogo é Português. A introdução ao francês – língua escolar - foi há 11 meses, de modo que esta classificação é notável);
- comunicar em diálogo e em grupo - A;
- dizer de memória um texto - A;
Linguagem escrita
- contar uma história ou acontecimento – B/C (novamente, em Português não se nota qualquer dificuldade nesta competência por parte do Diogo);
Leitura e escrita
- perceber o sentido de uma frase na leitura - A;
- diferenciar palavras, silabas e letras - A;
Interpretação
- compreender um texto lido pela professora - A;
Escrita
- reconhecer as diferenças gráficas duma mesma letra e palavra - A;
- escrever de forma legível e respeitando as regras da escrita – B;
Produção escrita
- copiar uma frase com um modelo - A;
Matemática
Numeração
- enumerar e quantificar - A;
- contar até - 39+
- classificar os números, comparar grupos - A;
Geometria
- escrever números - A;
Descobrindo o mundo
- situar-se no tempo e fazer sequências cronológicas - A;
Matéria e tecnologia
- manipular e utilizar técnicas simples - A;
- compreender e respeitar regras de higiene - A;
Educação artística
Educação musical
- cantar canções simples - A;
- participar em actividades com instrumentos - A;
- escutar um registo sonoro - A;
Educação visual
- manifestar interesse por actividades de artes plásticas - A;
- escolher a plicar uma técnica para fazer uma produção pessoal – A;
- provar criatividade e imaginação;
Educação física e desportiva
- participar em jogos de oposição e jogos colectivos – A;
- participar em actividades atléticas e ginastas – A;
Comportamentos e métodos de trabalho
- respeitar as regras da escola e da sala – A;
- estar atento e concentrar-se na realização de uma tarefa – A;
- trabalhar a um ritmo satisfatório – A;
- ser cuidadoso com o seu trabalho – B;
- compreender o trabalho – A .
Estou muito satisfeita porque sei que são muito exigentes pelo que a avaliação não podia ser melhor. Não quero no entanto de deixar de escrever que a melhor avaliação que nós temos é a sua satisfação diária em ir para a escola.
Patrícia
A avaliação é de A a D, sendo:
A – competência adquirida;
B – a reforçar;
C – no início de aquisição; e
D – competência não adquirida.
A grande maioria das competências, classificadas em grandes grupos, são avaliadas com A . Tem alguns B e apenas um C. Nenhum D.
A avaliação foi como se segue:
Linguagem verbal
Comunicação:
- Exprimir-se de forma compreensível – B (A língua materna do Diogo é Português. A introdução ao francês – língua escolar - foi há 11 meses, de modo que esta classificação é notável);
- comunicar em diálogo e em grupo - A;
- dizer de memória um texto - A;
Linguagem escrita
- contar uma história ou acontecimento – B/C (novamente, em Português não se nota qualquer dificuldade nesta competência por parte do Diogo);
Leitura e escrita
- perceber o sentido de uma frase na leitura - A;
- diferenciar palavras, silabas e letras - A;
Interpretação
- compreender um texto lido pela professora - A;
Escrita
- reconhecer as diferenças gráficas duma mesma letra e palavra - A;
- escrever de forma legível e respeitando as regras da escrita – B;
Produção escrita
- copiar uma frase com um modelo - A;
Matemática
Numeração
- enumerar e quantificar - A;
- contar até - 39+
- classificar os números, comparar grupos - A;
Geometria
- escrever números - A;
Descobrindo o mundo
- situar-se no tempo e fazer sequências cronológicas - A;
Matéria e tecnologia
- manipular e utilizar técnicas simples - A;
- compreender e respeitar regras de higiene - A;
Educação artística
Educação musical
- cantar canções simples - A;
- participar em actividades com instrumentos - A;
- escutar um registo sonoro - A;
Educação visual
- manifestar interesse por actividades de artes plásticas - A;
- escolher a plicar uma técnica para fazer uma produção pessoal – A;
- provar criatividade e imaginação;
Educação física e desportiva
- participar em jogos de oposição e jogos colectivos – A;
- participar em actividades atléticas e ginastas – A;
Comportamentos e métodos de trabalho
- respeitar as regras da escola e da sala – A;
- estar atento e concentrar-se na realização de uma tarefa – A;
- trabalhar a um ritmo satisfatório – A;
- ser cuidadoso com o seu trabalho – B;
- compreender o trabalho – A .
Estou muito satisfeita porque sei que são muito exigentes pelo que a avaliação não podia ser melhor. Não quero no entanto de deixar de escrever que a melhor avaliação que nós temos é a sua satisfação diária em ir para a escola.
Patrícia
Aos 20 meses
O desenvolvimento da linguagem da Catarina tem sido impressionante. Claro que sou parcial no julgamento mas para quem estava preparada para vê-la a começar a falar por volta dos dois anos e meio, três anos, com base nas teorias de que as crianças expostas a mais do que uma língua desenvolvem a linguagem tardiamente, estou (e não sou a única, o que me encoraja escrevê-lo) impressionada.
Não sinto diferenças em relação ao Diogo que, em abono da verdade, sempre foi precoce no que respeita à linguagem. Pelo contrário, a Catarina, com 20 meses, tem o cuidado de dizer “(s)antinha” cada vez que alguém espirra, ou “bigada” sempre que lhe dão algo que pede. Há muito adulto que se esquece destes básicos!!!
Mas o seu desenvolvimento não fica pela linguagem. Esta manhã, após um bocejo do Nuno disse “papá (s)ono”. Está sempre atenta. Faz legos com o irmão – claro que apenas sobrepõe a peças mas ainda assim, são legos próprios para idades dos 5 aos 12, e não legos gigantes (na escala para pequenotes). Percebe o conceito e tem a motricidade fina para os encaixar.
E como cereja em cima do bolo a personalidade parece ser vincada. Este facto é um pau de dois bicos. É difícil (ou impossível) convencê-la de algo. Por enquanto podemos fazer-nos valer da autoridade parental mas se continuar assim antecipo sérias pegas. Digo que é cereja em cima do bolo se conseguirmos incutir-lhe a filosofia de causa – consequência, ou seja, ela pode fazer as escolhas que quiser se assumir as responsabilidades e consequências inerentes a essa decisão – base da nossa conduta e princípio basilar da nosso papel de pais.
E o que é engraçado é que a convivência com a Catarina me tem permitido perceber algumas frases dos meus pais em relação a mim e a diferenciação para com o meu irmão. Pois bem, é agora claro para mim que a resposta à Catarina é, em muitos aspectos, diferente daquela que tenho para com o Diogo.
Patrícia
Não sinto diferenças em relação ao Diogo que, em abono da verdade, sempre foi precoce no que respeita à linguagem. Pelo contrário, a Catarina, com 20 meses, tem o cuidado de dizer “(s)antinha” cada vez que alguém espirra, ou “bigada” sempre que lhe dão algo que pede. Há muito adulto que se esquece destes básicos!!!
Mas o seu desenvolvimento não fica pela linguagem. Esta manhã, após um bocejo do Nuno disse “papá (s)ono”. Está sempre atenta. Faz legos com o irmão – claro que apenas sobrepõe a peças mas ainda assim, são legos próprios para idades dos 5 aos 12, e não legos gigantes (na escala para pequenotes). Percebe o conceito e tem a motricidade fina para os encaixar.
E como cereja em cima do bolo a personalidade parece ser vincada. Este facto é um pau de dois bicos. É difícil (ou impossível) convencê-la de algo. Por enquanto podemos fazer-nos valer da autoridade parental mas se continuar assim antecipo sérias pegas. Digo que é cereja em cima do bolo se conseguirmos incutir-lhe a filosofia de causa – consequência, ou seja, ela pode fazer as escolhas que quiser se assumir as responsabilidades e consequências inerentes a essa decisão – base da nossa conduta e princípio basilar da nosso papel de pais.
E o que é engraçado é que a convivência com a Catarina me tem permitido perceber algumas frases dos meus pais em relação a mim e a diferenciação para com o meu irmão. Pois bem, é agora claro para mim que a resposta à Catarina é, em muitos aspectos, diferente daquela que tenho para com o Diogo.
Patrícia
18.12.07
O Luxemburgo
e a nossa ida lá ficaram por comentar. Faço-o agora.
De novo os sentimentos contraditórios, como em tudo aquilo que mexe com Portugal. Mais uma vez de volta a este tema, já me aborreço a mim próprio, mas não será por isso que deixarei de falar sobre ele.
No Luxemburgo estivemos bem, sentimo-nos confortáveis. Nada a relatar senão um contínuo bem-estar, como se estivessemos de volta a casa.
Aproveito para deixar aqui uma palavra de agradecimento aos nossos amigos Marta e Miguel pela recepção calorosa de que fomos alvos. De tal forma o foi que vejo com agrado a possibilidade de repetição futura da viagem até lá.
Por falar na viagem, acabou por correr bem. Tínhamos algum receio do comportamento dos putos mas portaram-se bem. A viagem não é tão longa quanto isso, apesar de se atravessar vários países a distância total não chega aos 400 kms.
No regresso o clima não foi favorável: houve um momento, já em território holandês, em que a autoestrada se tornou intransitável por causa do volume de precipitação. Basta lembrar que entrámos em aquaplanning a 80km/h com aquele carro.
Já o país em si parece não existir, encurralado pela sua dimensão residual entre os monstros alemão e francês. A minha percepção é que o Luxemburgo não passa de um conjunto de estradas a ligar os países adjacentes, faz lembrar aquelas regiões alentejanas que se demarcaram enquanto pontos de passagem nas viagens cíclicas entre o Algarve e o resto do país.
No fundo não é uma questão de tamanho mas de carácter. O Luxemburgo pareceu-me território de ninguém, uma espécie de zona franca à espera de desintegração por uma qualquer legislação. Os nossos amigos trabalham lá mas vivem na Alemanha e fazem compras em França.
Sente-se uma presença portuguesa relevante. De certa forma, fiquei com a sensação que sempre que tiver saudades basta-me percorrer 400 kms em vez de 2000. Na verdade, reduziu em enorme medida a vontade de ir a Portugal pelo Natal.
Ao mesmo tempo, rejuvenesceu o meu gosto por este nosso país de adopção. Aqui sente-se uma identidade fortíssima, uma cultura dominante apesar dos inúmeros expatriados. Posso dizer que, em pleno frenesim de portuguesismo, me senti mais Amsterdammer que nunca.
Nuno
De novo os sentimentos contraditórios, como em tudo aquilo que mexe com Portugal. Mais uma vez de volta a este tema, já me aborreço a mim próprio, mas não será por isso que deixarei de falar sobre ele.
No Luxemburgo estivemos bem, sentimo-nos confortáveis. Nada a relatar senão um contínuo bem-estar, como se estivessemos de volta a casa.
Aproveito para deixar aqui uma palavra de agradecimento aos nossos amigos Marta e Miguel pela recepção calorosa de que fomos alvos. De tal forma o foi que vejo com agrado a possibilidade de repetição futura da viagem até lá.
Por falar na viagem, acabou por correr bem. Tínhamos algum receio do comportamento dos putos mas portaram-se bem. A viagem não é tão longa quanto isso, apesar de se atravessar vários países a distância total não chega aos 400 kms.
No regresso o clima não foi favorável: houve um momento, já em território holandês, em que a autoestrada se tornou intransitável por causa do volume de precipitação. Basta lembrar que entrámos em aquaplanning a 80km/h com aquele carro.
Já o país em si parece não existir, encurralado pela sua dimensão residual entre os monstros alemão e francês. A minha percepção é que o Luxemburgo não passa de um conjunto de estradas a ligar os países adjacentes, faz lembrar aquelas regiões alentejanas que se demarcaram enquanto pontos de passagem nas viagens cíclicas entre o Algarve e o resto do país.
No fundo não é uma questão de tamanho mas de carácter. O Luxemburgo pareceu-me território de ninguém, uma espécie de zona franca à espera de desintegração por uma qualquer legislação. Os nossos amigos trabalham lá mas vivem na Alemanha e fazem compras em França.
Sente-se uma presença portuguesa relevante. De certa forma, fiquei com a sensação que sempre que tiver saudades basta-me percorrer 400 kms em vez de 2000. Na verdade, reduziu em enorme medida a vontade de ir a Portugal pelo Natal.
Ao mesmo tempo, rejuvenesceu o meu gosto por este nosso país de adopção. Aqui sente-se uma identidade fortíssima, uma cultura dominante apesar dos inúmeros expatriados. Posso dizer que, em pleno frenesim de portuguesismo, me senti mais Amsterdammer que nunca.
Nuno
15.12.07
Voltar a Portugal
nesta fase não faz qualquer sentido. Não tenho grandes angústias sobre o assunto.
Esta não foi primeira vez que sai do país, não por não gostar muito dele, mas por querer fazer as coisas de outra forma. A verdade é que não acredito no país tal como agora o vejo e sinto. Várias vezes disse que o pior momento da minha vida foi quando tive de regressar da Suíça para Portugal (já fez 11 anos). As circunstancias eram diferente mas o espirito critico era grande já na altura. Hoje digo que foi também um período muito difícil aquele em que o Nuno já estava na Holanda e nós não, e uma fase (não a inicial) já aqui.
O investimento emocional foi muito grande. O custo da mudança não se pense que não pesa. Mas agora está feita. Sujeitar de novo os pequenotes à mudança não me parece boa ideia, não já pelo menos e certamente não para Portugal. Podemos não ter o bolo rei, a manteiga portuguesa, os bolinhos e os cafés, mas temos o privilégio de estar-lhes a proporcionar uma educação nossa e coerente.
Hoje é Sábado. Neste preciso momento estão os filhotes abraçados a dançar na sala e a ouvir música infantil portuguesa. São meninos felizes. E no forno está um bacalhau com natas preparado para receber mais logo novos amigos, também eles expatriados, vindos de Espanha, Itália, Irlanda, China e Roménia. Temos também queijo, chouriço, croquetes, e claro, um belo vinho tinto, da região demarcada dos vinhos do Dão. Fazemos questão de lhes oferecer apenas produtos portugueses, tentamos transmitir-lhes o nosso pais. Não o esquecemos, somente o celebramos e promovemos cá fora e à nossa maneira.
Patrícia
Esta não foi primeira vez que sai do país, não por não gostar muito dele, mas por querer fazer as coisas de outra forma. A verdade é que não acredito no país tal como agora o vejo e sinto. Várias vezes disse que o pior momento da minha vida foi quando tive de regressar da Suíça para Portugal (já fez 11 anos). As circunstancias eram diferente mas o espirito critico era grande já na altura. Hoje digo que foi também um período muito difícil aquele em que o Nuno já estava na Holanda e nós não, e uma fase (não a inicial) já aqui.
O investimento emocional foi muito grande. O custo da mudança não se pense que não pesa. Mas agora está feita. Sujeitar de novo os pequenotes à mudança não me parece boa ideia, não já pelo menos e certamente não para Portugal. Podemos não ter o bolo rei, a manteiga portuguesa, os bolinhos e os cafés, mas temos o privilégio de estar-lhes a proporcionar uma educação nossa e coerente.
Hoje é Sábado. Neste preciso momento estão os filhotes abraçados a dançar na sala e a ouvir música infantil portuguesa. São meninos felizes. E no forno está um bacalhau com natas preparado para receber mais logo novos amigos, também eles expatriados, vindos de Espanha, Itália, Irlanda, China e Roménia. Temos também queijo, chouriço, croquetes, e claro, um belo vinho tinto, da região demarcada dos vinhos do Dão. Fazemos questão de lhes oferecer apenas produtos portugueses, tentamos transmitir-lhes o nosso pais. Não o esquecemos, somente o celebramos e promovemos cá fora e à nossa maneira.
Patrícia
14.12.07
uns minutos antes
de me sentar ao computador a Patrícia chamou-me para ver a Catarina. Não me disse para quê para manter a surpresa. Quando cheguei à sala a minúscula estava sentada à frente do computador, de rato na mão e a comentar o que via no ecrã.
Agora está a reclamar comigo porque lhe ocupei o lugar, isto enquando me rapta o rato e se passeia pela sala com ele.
Entretanto largou-me e foi atormentar o irmão. Filhote, vais sofrer nas mãos dessa mega-peste. Mas também vai provavelmente ajudar-te muito.
Nuno
Agora está a reclamar comigo porque lhe ocupei o lugar, isto enquando me rapta o rato e se passeia pela sala com ele.
Entretanto largou-me e foi atormentar o irmão. Filhote, vais sofrer nas mãos dessa mega-peste. Mas também vai provavelmente ajudar-te muito.
Nuno
e mais do mesmo
Ainda no mesmo tempo, eis que resolvi o mistério do vai-e-volta.
A resposta é na verdade simples dentro de uma complexidade irresolúvel: não há regresso possível. Não ao país, pois é sempre possível regressar fisicamente, mas ao que era.
Acabou, qualquer tentativa nunca será mais do que uma reposição digitalmente composta de um clássico da televisão dos anos 60: não acrescenta nada e só aumenta a nostalgia de algo irrecuperável.
Como tentar reviver os tempos da juventude, voltar ao país de origem depois de emigrar só poderá resultar numa enorme frustração.
Nuno
A resposta é na verdade simples dentro de uma complexidade irresolúvel: não há regresso possível. Não ao país, pois é sempre possível regressar fisicamente, mas ao que era.
Acabou, qualquer tentativa nunca será mais do que uma reposição digitalmente composta de um clássico da televisão dos anos 60: não acrescenta nada e só aumenta a nostalgia de algo irrecuperável.
Como tentar reviver os tempos da juventude, voltar ao país de origem depois de emigrar só poderá resultar numa enorme frustração.
Nuno
quase Natal
e os já habituais sentimentos contraditórios.
Nesta altura volta a assaltar-me a dúvida fundamental: e se de repente se proporcionasse voltar para Portugal? Refiro-me a uma oportunidade inquestionável, de tal forma que só deixasse espaço à vontade. Que faríamos então?
Olho para nós e vejo pouca disposição para voltar a partir. Todos estamos confortáveis, adaptados e rotinados, os grãos de areia na engrenagem foram lentamente retirados e tudo funciona sem hesitações.
Escusado será dizer que continuamos a interrogar-nos regularmente mas já o fazíamos em Portugal, nada mudou nesse campo.
A verdade é que Portugal se transformou no nosso estrangeiro. Penso que já comentei o tema aqui mas não consigo evitar o regresso a esta questão que me atormenta. Talvez porque um novo ano está à porta, parece-me uma boa altura para tomar decisões relevantes. Ou simplesmente porque vamos a casa e já não consigo pensar no meu país como tal.
Os nossos filhos estão a transformar-se em verdadeiros emigreses. Só por persistência pura conseguimos que mantenham o português.
E a conversa com o Luís fez-me perguntar porque insistimos nisso, porque não deixamos o inevitável acontecer. Queremos mesmo regressar?
A Patrícia já quer deixar de ir a Portugal pelo Natal. E eu compreendo-a. Se esta passou a ser a nossa casa (porque assim é, aconteceu naturalmente) é aqui que devemos celebrar as grandes ocasiões.
Ainda sou contra mas não sei até quando. Aos poucos começo a ter mais vontade de explorar o resto do mundo que ainda não vi do que voltar para trás. Mesmo a Holanda começa aos poucos a parecer-me pequena (quero dizer em termos de prejecção, pois fisicamente é indiscutível), imagino-nos noutros sítios.
Deixei de pertencer. Tenho agora projectos em Portugal e o meu chefe deu-me liberdade para ir antes das reuniões para passar mais tempo lá. Recusei, já não sei o que lá faria.
E as pessoas esquecem, raríssimas são as que fazem esforço por manter contacto. Para a esmagadora maioria a iniciativa tem que ser nossa. Mas o investimento é grande e suponho que com o tempo deixe de ver a razão para continuar a fazê-lo. Há tanto para onde ir, tanta gente para conhecer e Portugal começa a ser tão pequeno.
Divagações de emigrante. Agora só sonho com bolo-rei e uma bica.
Nuno
Nesta altura volta a assaltar-me a dúvida fundamental: e se de repente se proporcionasse voltar para Portugal? Refiro-me a uma oportunidade inquestionável, de tal forma que só deixasse espaço à vontade. Que faríamos então?
Olho para nós e vejo pouca disposição para voltar a partir. Todos estamos confortáveis, adaptados e rotinados, os grãos de areia na engrenagem foram lentamente retirados e tudo funciona sem hesitações.
Escusado será dizer que continuamos a interrogar-nos regularmente mas já o fazíamos em Portugal, nada mudou nesse campo.
A verdade é que Portugal se transformou no nosso estrangeiro. Penso que já comentei o tema aqui mas não consigo evitar o regresso a esta questão que me atormenta. Talvez porque um novo ano está à porta, parece-me uma boa altura para tomar decisões relevantes. Ou simplesmente porque vamos a casa e já não consigo pensar no meu país como tal.
Os nossos filhos estão a transformar-se em verdadeiros emigreses. Só por persistência pura conseguimos que mantenham o português.
E a conversa com o Luís fez-me perguntar porque insistimos nisso, porque não deixamos o inevitável acontecer. Queremos mesmo regressar?
A Patrícia já quer deixar de ir a Portugal pelo Natal. E eu compreendo-a. Se esta passou a ser a nossa casa (porque assim é, aconteceu naturalmente) é aqui que devemos celebrar as grandes ocasiões.
Ainda sou contra mas não sei até quando. Aos poucos começo a ter mais vontade de explorar o resto do mundo que ainda não vi do que voltar para trás. Mesmo a Holanda começa aos poucos a parecer-me pequena (quero dizer em termos de prejecção, pois fisicamente é indiscutível), imagino-nos noutros sítios.
Deixei de pertencer. Tenho agora projectos em Portugal e o meu chefe deu-me liberdade para ir antes das reuniões para passar mais tempo lá. Recusei, já não sei o que lá faria.
E as pessoas esquecem, raríssimas são as que fazem esforço por manter contacto. Para a esmagadora maioria a iniciativa tem que ser nossa. Mas o investimento é grande e suponho que com o tempo deixe de ver a razão para continuar a fazê-lo. Há tanto para onde ir, tanta gente para conhecer e Portugal começa a ser tão pequeno.
Divagações de emigrante. Agora só sonho com bolo-rei e uma bica.
Nuno
Subscrever:
Mensagens (Atom)