4.6.12

até 1000

conta a nossa kiki com 6 anitos em Francês e Português. Em Inglês e Holandês não tem investido tanto, confesso que não sei até onde vai.

Nas aulas só esperam de meninos desta idade que saibam contar até 30. Por isso a professora, tão caracteristicamente quadrada, manda-a parar quando ela se entusiasma e avança lampeira pelos trinta-e-tais. Na mesma turma há várias crianças (algumas com pais franceses) que apresentam dificuldades em contar até 20. Ou em escrever o seu nome, enquanto a nossa pequenota já se aventura pela leitura em várias línguas.

Quando confrontamos as professoras com tal disparidade desaconselham saltos nesta altura e asseguram-nos que ela é desafiada e que conseguem gerir os diferentes ritmos dentro da turma. Já os pais dos alunos mais fracos queixam-se da exigência excessiva das aulas e da preferência dada aos alunos mais fortes e perguntam-nos (por iniciativa própria e sem que alguma vez tenhamos partilhado com eles as nossas interrogações a este respeito) com frequência se pensamos pedir para ela saltar um ano.

Ao rever a minha própria experiência escolar, relembro diferenças notórias de nível entre alunos da mesma turma. Tal era comum e reflectia-se com naturalidade nas notas. Ao longo de 13 anos de escolaridade pré-universitária no liceu francês conheci muitos alunos brilhantes mas não recordo qualquer caso de passagem dupla de ano. Pensar assim tranquiliza-me em relação ao caso da kiki.

De qualquer forma sabemos que ela não quereria saltar e que o seu equilíbrio emocional na escola é precário e depende da presença daquelas amigas nucleares que foi criando ao longo destes anos. Por isso ficamos atentos mas deixamos andar, pelo menos enquanto estivermos convencidos que é desafiada.

Nuno

1 comentário:

Berta disse...

Nuno!

Desde há muitos anos que nas nossas escolas alguns professores e técnicos sugerem Turmas de Nível. E isso porque se torna uma missão impossível agarrar em simultaneo as crianças com dificuldades e promover um desenvolvimento cabal das outras com grandes capacidades. Privilegiou-se tendencialmente a inclusão de crianças com necessidades educativas especiais, e bem, mas houve sempre resistências em formar turmas com crianças mais dotadas... Parece-me que finalmente este governo está a encarar essa hipótese!?! Mas é uma matéria de alguma delicadeza. Basta nos colocarmos no papel de pais de uma ou outra condição de crianças...
Quanto à Kiki,e reflectindo sobre o assunto, o que me parece é que poderá eventualmente existir um «desfasamento» entre o domínio cognitivo e o domínio afectivo!? Poderá ser uma explicação para o facto de a sentirem ainda motivada. Quem sabe? Tambem penso que vocês vão notar, sentir, constatar o momento de viragem, i. e., o momento em que lhe seja favorável uma resposta mais específica para o seu desempenho.
Filhos, se acharem por bem, leiam e não publiquem pois é uma reflexão apenas. Beijinhos