Este ano decidimos, pela primeira vez desde que emigrámos e por diversas razões, não ir a Portugal pelo Natal.
Resolvemos que, não obstante, celebraríamos a Véspera de Natal em nossa casa. Fizémo-lo, pela primeira vez, este ano - e que trabalheira dá!
Tendo em conta os amigos de diferentes locais do mundo (4 continentes representados) que convidámos, resolvemos que perú seria o prato mais consensual. Éramos 17: nós os quatro; uma família de mais quatro, ele da África do Sul, ela do Reino Unido e os pequenotes nascidos na Holanda; um casal com um filhote da Holanda; mãe e filho, ela do Japão, ele nascido na Holanda; dois amigos gregos e um casal americano.
Decidido o menú, arranjámos panela (36 litros) e tabuleiro que naturalmente não tinhamos para a tarefa que nos propunhamos. O Grandalhão encomendou o bicho e sábado foi buscá-lo. O bicho tinha 9 kgs.
Ainda sábado, eu e a Kaki preparámos tudo para, com muito carinho, o pôr a marinar. Passou quase 24h numa piscina, a ganhar gosto.
Domingo, cozêmo-lo. Uma cozedura mais ou menos rápida para assegurar que apanhava um entalão mas não o suficiente para se desfazer assim que lhe pegássemos. E, tabuleiro com ele.Recheámo-lo com carnes e enchidos mas não o conseguimos coser - e também não foi preciso.
Pincelado várias vezes e virado outras tantas com o forno ligado durante muitas horas (domingo e segunda), mesmo a testar a paciência. O perú ficou pronto a horas do nosso jantar da véspera de Natal.
O molho, fê-lo a amiga americana, ao estilo do molho que é feito para o perú do dia de acção de graças: manteiga, farinha e o molho do tabuleiro onde assámos o bicho.
Comêmo-lo, depois de ter comido os camarões que o Grandalhão tinha feito como entrada. Pareceram-me bons mas distraí-me a tirar fotos e tratar da refeição dos pequenotes. Quando fui ver o que me calhava na sorte, tinha desaparecido tudo!
Na minha memória ficarão como de deixar água na boca... E em baixo a prova de que até lambiam os dedos a comê-los!
Para os meninos tínhamos preparado almondegas.
As sobremesas foram variadas e trazidas pelos convidados. Tínhamos, apple crumble, american cookies, bolachas holandesas, e claro, bolo rei e broas de natal.
Depois foi o momento de distribuir uma prenda por cada criança.
E do convívio que se segue, até ser já tarde e os convidados, começarem a sua jornada de regresso a casa.
Tivémos saudades sobretudo da família e de tantas pequenas (e grandes) coisas que há, só em Portugal. Mas tendo a decisão sido tomada de passar cá o Natal este ano, soubémos reunir-nos de boa gente, e de fazer uma celebração ao nosso estilo - fortemente influenciado em tudo pela herança de todos os Natáis passados. Soube bem não ter de ir a lado nenhum, apesar de haver os despojos da guerra para tratar... E, tarde e exaustos nos deitámos. Na manhã seguinte, nem queria acreditar quando, às 7 da manhã, acordei com as vozezinhas a gritar "mamã, papá, o Pai Natal passou cá por casa!!!!!!"
Patrícia