30.11.08

Restauração da independência

Amanhã comemora-se no nosso Portugal a restauração da independência. Andámos subjugados à monarquia espanhola durante um tempo. Segundo reza a história, a 1 de Dezembro de 1640, já lá vão portanto 368 anos, eclodiu em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada por muitas comunidades (urbanas e rurais) de todo o país, levando à instauração da Casa de Bragança no trono de Portugal.

A comemoração é feita com um feriado. O 12.º feriado nacional (seria 13.º se contássemos com o feriado municipal) do ano, sendo que ainda haverão mais dois até ao final do ano. Contas feitas há 15 feriados em Portugal, por ano. Mais 22 dias de férias (ou 25 caso os trabalhadores cumpram os requisitos de assiduidade e pontualidade exigidos pelo novo Código do Trabalho Português), que efectivamente são 25 para todos...

Independência (política) de Espanha celebrada com um feriado. Faz sentido mas é irónico tendo em conta a circunstâncias económicas em que vive o nosso Portugal e a sua (inter)dependência com Espanha. Mas celebre-se, que a data é, de facto, histórica!

Isto é na realidade dor de cotovelo, porque o que queria era ter 15 dias acumulados às minhas férias, em vez da metade que tenho na Holanda.

Patrícia

Cinema

Eu e o Nuno fomos ao cinema, pela primeira vez na Holanda, terça-feira (ou terá sido segunda-feira?) à noite ver o Blindeness, baseado no Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago.

Hoje fui com os pequenotes ver o Madagascar 2. Era em inglês, com subtítulos em Holandês. Foi a primeira vez que a Catarina visitou uma sala de cinema - relembro que tem dois anos e quase oito meses - e portou-se lindamente, apesar de não entender inglês e não saber ler. É verdade que fui, baixinho, contando o que se passava. Não fez barulho e apenas pediu para ir à casa de banho já perto do fim.

O Diogo portou-se também muito bem - como seria de esperar, aliás. No fim, enquanto ainda dançava(m) e cantarolava(m) "I like to move it, move it" arrumou o seu ajuste da cadeira para ficar mais alto, como um menino responsável, sem que lhe fosse dada qualquer orientação.

Muito bem os dois. São um absoluto luxo de filhos!

Patrícia

29.11.08

Comprimento e peso - 6 anos e três meses

"Just for the record": recebemos uma nota da enfermaria da escola a dizer que o Diogo está com 124 cm e 24 kilos.

Após uma pesquisa na net (na qual não encontrei nenhum conteúdo de jeito em Português), lá achámos o seguinte:

Boy
Age: 6 year
Optimal Height: 116 cms (range 102 - 128 cms)
Optimal Weight: 21 kgs (range 15 - 30 kgs)

O que quer dizer algo que já sabíamos: o Diogo é mais alto que a média (tem a quem sair) e, consequentemente, mais pesado também.

Patrícia

Tcha ram!


O nosso, lindíssimo, pinheiro de Natal.

Estamos todos muito contentes com ele: por o termos achado; enfeitado em conjunto, ao som de músicas de Natal, e; por se impôr majestoso no centro da nossa sala. Claro que ainda terá de ser cercado por presentes, mas uma coisa de cada vez.

Acho que, um pouco fruto dos contos de Natal (especialmente O cavaleiro da Dinamarca, este ano sentimos a necessidade de ter uma árvore de Natal a sério. E temos. A mais bonita de sempre.

Feliz Natal!

Patrícia

28.11.08

O primeiro Natal na casa nova

Começámos os preparativos de Natal. Devagar, muito de mansinho, sem fazer alarido para melhor poder apreciar, vamos viver o primeiro período de Natal nesta nossa casa nova.

Embora vamos celebrar de alguma forma o Sinterklaas, a verdade é que temos ignorado por completo a sua existência. Não dá, é pedir demais - se um Pai Natal incomoda muita gente, 2 Pais Natal incomodam muito mais...

Ainda não temos árvore pois ainda não encontrámos uma à venda. Disseram hoje à Patrícia que na Alemanha a árvore só é posta na véspera. O que faz todo o sentido se me lembrar de alguns contos de Natal passados aqui para estas bandas e leva a crer que o mesmo se passará neste cantinho à beira-mar (do Norte) plantado.

Mas de resto estamos activos. Já estamos a escrever os postais, temos lista de compras (muito básica para já, mas não se pode pedir mais a quem acabou de mudar de casa) e já distribuímos alguns penduricalhos vermelhos pela casa.

Não vamos passar os dias aqui mas vamos concerteza celebrar à nossa maneira: fora de tempo.

Nuno

Escrita

O nosso puto charila já escreve. Estou neste momento a olhar para ele enquanto escreve os postais de Natal para enviarmos para o pessoal todo.

Nunca deixa de me impressionar a rapidez com que os miúdos aprendem as coiasas novas. Autênticas esponjas, como é costume dizer. Desde as línguas à matemática, passando pela natação e culminando agora na escrita, a quantidade e variedade das competências que ele adquiriu nos últimos 2 anos são impressionantes.

Não queria fazer a sua apologia, apenas pretendia anotar este momento único: pela primeira vez um dos nossos filhotes escreve os postais de Natal.

Nuno

20.11.08

Ronha

Andava à procura desta palavra há dias. Creio que desde a passada manhã de domingo, quando os pequenotes resolveram acordar (como é hábito) mais cedo do que num dia útil (inclua-se o sábado neste conceito porque é dia de compras e rituais afins).

Nunca fui grande dorminhoca – tinha amigos e colegas que aos fins de semana acordavam lá para as 3 da tarde – mas sempre gostei de dormir: de preferência deitar-me cedo e acordar naturalmente, também para o cedo. E claro, fazia ronha. Lembro-me de verdadeiras ronhas já em idade adulta:
- no Magoito – nas manhãs de fim de semana ou de férias, sobretudo as de Verão, enquanto esperava que aquecesse o suficiente para ir para a praia;
- na Suíça - onde me levantava para tomar o pequeno almoço no foyer, e voltava para a cama para sonhar acordada e dormitar mais um pouco por baixo do magnifico colchão de penas enquanto lá fora nevava;
- nos primeiros 10 meses de casada, antes do Minorca nascer.

Depois desta data, faz agora 6 anos e três meses, acabou-se a ronha tal como a conhecia. E acabou-se de tal forma que já nem me conseguia lembrar da palavra, o que é triste.

No domingo perguntava ao Nuno qual era a palavra que descrevia este comportamento. Ele dizia, "bezerrar? pastar?", mas eu sabia que não, que havia outra palavra, a certa. Disse-me hoje a minha cunhada:
"- ronha?"
"- sim, é isso mesmo. Ronha".

Patrícia

Sinterklaas

No Domingo passado participámos pela primeira vez numa das tradições mais representativas dos holandeses: a chegada do Sinterklaas.

Para quem ler isto e não souber quem é tal personagem, o Sinterklaas é tão simplesmente o conhecido São Nicolau, cujos méritos são celebrados em variadíssimos países através de reproduções coloridas das suas acções beneméritas em favor dos mais desfavorecidos.

Aqui na Holanda o senhor teve tal impacto que continua a ofuscar o Pai Natal - que na verdade é também São Nicolau numa versão desfocada pela Igreja Católica e pelo passar do tempo. É no dia 5 de Dezembro que os holandeses celebram em força com trocas de prendas, leitura de poemas escritos para a ocasião, surpresas e outras actividades.

Até essa data os miúdos são constantemente surpreendidos pelas prendinhas dos Zwarte Pieten (os pequenos ajudantes de cara negra - consta que na origem estes representavam o Diabo escravizado pelo Sinterklaas), que descem pelas chaminés ou batem à porta e fogem antes que alguém possa lá chegar, deixando doces ou pequenas ofertas em nome do Sinterklaas.

Ora tudo começa com a vinda do Sinterklaas de Espanha. A escolha de Espanha como país de origem parece ser inexplicável, até para os próprios holandeses, e é ainda mais estranha tendo em conta que São Nicolau era turco. Para mais, os Zwarte Pieten estão vestidos com roupas típicas da Espanha do século XVI (vi isto na wikipedia...).

O Sinterklaas chega em Novembro de barco e é depois passeado de combóio, autocarro, cavalo ou o que for pelas ruas e canais das cidades, perante hordas de criancinhas à espera de doces e breves contactos com o próprio ou os seus ajudantes.

Ora nós evitámos tudo isto no ano passado, com o pretexto de não querermos estragar o Natal. Mas desta vez os nossos amigos Pedro e Cristina desafiaram-nos e fomos com eles para a Dam assistir a tudo isto ao vivo.

Nada de especialmente excitante, se assim posso dizer. Muita confusão, muita gente, bem ao estilo holandês. O senhor lá chegou de cavalo, o Diogo aproveitou para meter pepernoten (pequenos bolinhos de canela que aqui comem aos montes nesta altura) ao bolso e a Catarina gritava ´eu não quero ir ao Sinterklaas´.

No dia 5 iremos celebrar o verdadeiro dia. Na verdade nada de muito novo para nós que já em Portugal estávamos habituados a celebrar o Natal várias vezes por ano.
O desafio está em criar uma história coerente para os minorcas não se baralharem com tantas personagens e festas diferentes.

Nuno

19.11.08

finalmente em casa

A Patrícia já escreveu sobre a nova casa. Mas eu ainda não.
Talvez porque ela o tenha feito ou talvez porque precisasse de tempo para saber o que queria escrever.

Agora quaisquer dúvidas que pudesse ter dissiparam-se, seja quanto ao conteúdo seja quanto à própria vontade de escrever sobre o tema.

Foi paixão à primeira vista, desde que a encontrei no sítio de busca dos agentes imobiliários. Recordávamos no outro dia que escrevi à Patrícia quando a encontrei e na mensagem dizia algo como ´esta não podemos deixar escapar!´.

Para contextualizar, passámos (sobretudo eu, que sempre estive mais obcecado com este tema) mais de um ano à procura de algo que nos agradasse. Arrendávamos um apartamento num sítio muito bom, com muito espaço e luz, mas o dono queria vender e cada período de arrendamento era arrancado a ferros e renegociado com aumentos de renda substanciais.

Precisávamos por isso de encontrar uma solução que nos permitisse assegurar poiso para os próximos tempos de forma satisfatória. Discutimos longamente se devíamos comprar esse mesmo apartamento que arrendávamos mas acabámos por concluir que precisava de muitas obras e não conseguiríamos suportar o custo.

O problema é que os apartamentos aqui não são como aqueles a que estávamos habituados: a estrutura é em madeira e as paredes parecem feitas de areia; as divisões são absurdas - há casas de 90 m2 com salas de 40 m2 e quartos onde mal cabe uma cama de bebé, outras em que tem que se passar pela casa-de-banho para chegar ao quarto e ainda outras em que um espaço aberto com 2 m2 é uma divisão no prospecto -; e o estado geral da casa é tal que as obras necessárias implicariam um investimento financeiro enorme e meses de trabalho.

Por tudo isto e porque não nos víamos a tentar comunicar com pedreiros e carpinteiros holandeses por gestos, resolvemos que teríamos que encontrar uma casa que precisasse do mínimo possível de obras ou arranjos. E cuja divisão do espaço encaixasse no nosso gosto.

O problema é que casas assim, sobretudo na zona onde morávamos e onde queríamos ficar, são raras e caras. Razão pela qual procurámos noutros sítios - sem sucesso à excepção de 2 casos em que gostámos mas nem tivemos hipóteses de fazer oferta -, em várias modalidades (mudámos de arrendar para comprar e vice-versa inúmeras vezes), feitios (casa, apartamento, R/C com jardim e tudo o mais) e condição (sim, cheguei a insistir para avançarmos para obras...).

Quando me deparei com esta nossa nova casinha soube que tinha que ser para nós. Tive que convencer tudo e todos (desde a Patrícia ao banco) mas soube desde o primeiro momento que ficaríamos bem ali.

A Patrícia começou por não se entusiasmar muito e até ao dia da assinatura do contrato final esteve algo resistente. Até que, depois de concretizado o negócio, ela se entusiasmou e agora está tão apaixonada pela casa quanto eu.

Não sei se é perfeita e nem consigo assegurar que parte da paixão não se deva ao esforço que requereu para concretizar, mas senti-me imediatamente em casa. Algo estranho em mim - como exemplo, em quase 2 anos na anterior nunca me senti confortável.

O que interessa é que agora estamos lá e vamos, como diz a Patrícia abaixo, vamos equipá-la para o Natal (e antes disso o Sinter Klaas...).

Nuno

14.11.08

As cores da nossa rua


Da janela da nossa sala avista-se uma imensa rua debruada de arvores em tons magnificos.

Estamos no Outono e as folhas caem criando longos tapetes de folhas amarelas, laranjas e vermelhas. Sao tons lindos os que agora podemos ver. E quando temos vagar para olhar para as arvores, e esperar por um sopro de vento, podemos encantar-nos com as coreografias que as folhas fazem ao cair. Brincamos, entre nos, dancando e tentando imitar o movimento das folhas que caem. E que de novo se erguem no ar porque passou uma bicicleta ou um carro mais veloz.

Ao fim do dia quando regressamos a casa ja e de noite. O Outono esta a passar a correr. Ja se avista a iluminacao de natal em algumas ruas da cidade.

E tempo de comecar a preparar a epoca natalicia. O Nuno ja iniciou o estimulo auditivo com os CDs de Natal. Agora e tempo de pensar na nossa arvore e de comecar a preparar a chegada do pai natal.

Patricia

11.11.08

A primeira noite na nova casa


Passámos o dia inteiro, eu e o Nuno nas mudanças. Claro que a empresa que contratámos fez o trabalho pesado mas havia as escadas (45 na casa anterior) e nesta ainda não contei mas é capaz de ser o mesmo número. Não há elevador, no bom estilo calvinista holandês. Mas lá está, se em "Roma sê romano", em Amesterdão sê Amsterdamer" (porque ser holandês já não escreveria, não neste contexto pelo menos, mas isso é conversa para outras núpcias). Ao menos estamos em forma!

Ao fim do dia o Nuno teve de estar disponivel para uma conference call, e por isso deixamos o PC ligado a internet na casa antiga para não arricarmos problemas de ligação na nova casa. Fez a conference call sentado no chão de uma sala imensa e vazia, enquanto nos esperávamos por ele na nossa casa.

Muito ficou pronto no primeiro dia: cozinhei sopa e a refeição já em casa, o nosso quarto e o dos pequenotes estão bastante avançados, a sala também. Falta ainda um bocado - sobretudo no escritório/quarto das visitas - e vai ser necessário já amanhã que nos visitam os meus sogros.

A sra. que nos limpa a casa foi buscar os meninos e trouxe-os à casa nova onde eu esperava por eles. De manhã o Diogo não estava contente porque era o quarto dia seguido que não ía ao trabalho, e "isso não é justo". Mal ele sabe que ir ao trabalho seria bem mais repousante: ao fim do dia até os dedos dos pés me doiam!

Claro que o quarto deles foi aquele no qual mais tempo investimos. Estava pronto a ser usado (apesar de termos trazido as duas camas enquanto esperamos pelo beliche), com os brinquedos e roupa nos respectivos armários. As crianças têm estas coisas: de imediato se apoderaram do espaço como se sempre tivessem sido senhores dele. Como se não fosse nada, ou antes, como se fosse tudo tão natural.

Não parou de chover a noite inteira, e isso dá um charme ainda maior ao nosso quarto. Quem o visitar entenderá o que digo.

Patrícia

9.11.08

Novo ninho

Pois é. Chegou o dia. Amanhã, por esta hora, estaremos (espero) a jantar na casa nova.

Foi o Nuno que a descobriu. Eu estive um pouco alheada do processo de selecção e papelada inerente à compra de uma casa. Ficámos 1 ano e 10 meses na casa arrendada na jekerstraat. Foram bons momentos, alguns mais duros, claro.

Agora vamos para uma casa que é mais a nossa cara e será, certamente, mais o nosso canto. Esperamos que nos dê mais estabilidade e liberdade para a tornarmos mais nossa.

Estou mesmo contente. Estes útimos tempos, desde as férias até agora, foram difícieis e muito exigentes. A nossa casa (já) é muito acolhedora: esperemos que família e amigos nos visitem e se sintam também bem nela.

Patrícia

5.11.08

8º aniversário de namoro

Sim, nem mais, é hoje. Faz 8 anos que começámos a namorar, com oficialização no ÀS PÁGINAS TANTAS no Bairro Alto. Engraçado, depois disso voltámos lá 1 ou 2 vezes e nunca mais.

Com tantas datas que agora temos para celebrar (o casamento, os aniversários dos 4, emancipações diversas dos putos e tudo o mais) esta vai perdendo preponderância. Mas continua a ter imensa importância, não só por tudo o que gerou mas também pelo que representa em termos de memória de tempos perdidos.

Nessa altura éramos tão livres, impulsivos, decididos. Formávamos uma dupla terrível, se um dizia mata o outro gritava esfola, sempre radicais e intransigentes com tudo e todos.

Antes de termos putos o Fred disse-me que criar filhos era uma arte de compromisso; assim é - dou-lhe inteira razão a posteriori pois na altura não concordei -, nunca mais tivémos hipótese de avançar sem pensar nas 1001 consequências. Também por isso crescemos, amadurecemos, somos agora mais ponderados, diplomáticos, interesseiros.

Por vezes é tentador ter pena do que deixámos de ser, do que ficou para trás. Visto daqui, era mais fácil e mais bonito. Apetece pensar que devia ter durado para sempre.

Mas eu discordo profundamente; não trocava o que fomos por aquilo em que nos tornámos. Nem em sonhos. E não tento sequer explicar porquê, limito-me a aceitar o que sinto.

Nuno