22.4.10

Liverpool-Benfica

Na semana passada fui pela primeira vez assistir a um jogo do Benfica no estrangeiro. Por diversas vezes tive a oportunidade de presenciar jogos do Glorioso noutros estádios em Portugal – experiências memoráveis em Faro, na Amadora, em Belém e até em Alvalade – mas nunca tinha estado num estádio estrangeiro com o Benfica em campo.

Quando o sorteio determinou que o Liverpool seria o nosso adversário dos quartos-de-final da Liga Europa liguei para um amigo irlandês, adepto ferrenho do Liverpool, e disse-lhe simplesmente que o tal face-a-face entre as nossas equipas se tinha finalmente proporcionado (na verdade sempre especulámos sobre a hipótese de um Portugal-Irlanda mas este também servia).

Ele percebeu a mensagem e pôs-se logo em campo. Dada a enorme afluência esperada, a quase religiosidade que os adeptos ingleses dedicam aos seus clubes e o curto período de antecedência até ao dia do jogo, sabíamos ambos que conseguir bilhetes seria tarefa complicada. Mas uns dias depois recebi uma mensagem dele a informar-me que tinha conseguido arranjar bilhetes através de uns contactos institucionais e que estávamos confirmados para dia 8.

Como será fácil de imaginar, o entusiasmo era grande ab initio e foi exponenciado pelo resultado do primeiro encontro na Luz: o Benfica ganhou 2-1, deixando tudo em aberto para a segunda mão. Ainda para mais um jogo polémico, com expulsão e penalties a favor do Benfica. Preparei-me portanto para um ambiente de tensão em Liverpool e consumi-me durante dias com a perspectiva de ser descoberto.

Tínhamos planos para jantar no centro da cidade, ir tomar um copo antes do jogo a um pub frequentado pelos adeptos locais e assistir à partida numa bancada sem quaisquer vestígios de outros seres estranhos. O que me teria passado pela cabeça para me meter numa aventura destas? Ia enfiar-me na boca do lobo, e logo num país tão conhecido pela violência relacionada com o futebol.

Chegou então o ansiado dia. Voei ao princípio da tarde para Liverpool e aterrei num aeroporto que, para não fugir ao bom costume dos aeroportos no norte de Inglaterra, não impressiona pelo amplitude do espaço proporcionado aos recém-chegados ou pela harmonia da arquitectura interior. Para mais, aterrei em cima da hora para uma conferência telefónica, desembarquei esbaforido em busca de um espaço sossegado mas, dada a incontornável poluição sonora também tão característica dos aeroportos ingleses, acabei por desistir da mesma e apanhar um taxi para o hotel.

Malas pousadas e roupa trocada, às 6 horas estava com o meu amigo e um colega no centro da cidade para um snack rápido antes de irmos para o estádio. Qual não foi o meu espanto quando, a conselho dos meus anfitriões, pedi uma steak sandwich e me serviram aquilo a que em bom português se convencionou chamar prego no pão. Com mais uns acepipes para embelezar a coisa (nomeadamente a lager monumental para entrar no espírito) mas na essência muito familiar e apropriado para um dia de futebol.

Da cidade, uma mescla descaracterizada de novo e antigo, pouco tenho a assinalar. Tenho dificuldade em destacar qualquer elemento pela positiva e guardo o meu único comentário concreto para o constrangimento que, à semelhança de todas as outras experiências no norte de Inglaterra, me causou a postura da juventude inglesa, demasiado blasée para tão fresca idade.

E assim partimos nós para Anfield, entre conversas recheadas de futebol, histórias de família e trocas culturais. Pelo caminho fiquei a saber que, também entre os adeptos do Liverpool, cansados do Rafa dos mil cuidados, Mourinho continua a ser referência e tema de controvérsia: uns encantam-se pela mestria, outros repudiam-lhe as provocações, todos no fundo gostavam de o ter como manager.

Estacionámos num descampado enorme a uns minutos do estádio e deixámo-nos envolver pelas massas adeptas. Por todo o lado o sotaque carregado e os modos rudes, numa alegoria viva ao passado industrial. Mas acima de tudo a civilidade, sem sombra dos fantasmas de violência propagados pelos media e que tanto me haviam consumido nos dias anteriores.

Adeptos benfiquistas passeiam despreocupados pelas ruas, entre cânticos e conversas descontraídas com locais. Explicam-me que a tensão está reservada para os ódios de estimação, com o ManU em lugar de destaque. Também eles, como nós em Portugal, celebram efusivamente toda e qualquer derrota destes adversários, e visita do Liverpool a Old Trafford ou do ManU a Anfield é rodeada da mais apertada vigilância policial.

Mas nunca para um jogo europeu, muito menos contra uma equipa sem qualquer historial de conflitualidade. Não faria sentido. De forma bem diplomática foi-me apenas aconselhada alguma reserva, nomeadamente quando entrámos num dos principais pubs das gentes locais.

O estádio visto de fora é arcaico, pequeno, rectangular, arquitectura ultrapassada, não deslumbra nem impressiona. Por dentro é apertado, tanto nos espaços de circulação como nos assentos, e denuncia a idade. Houve planos para construir um novo mas foram adiados por falta de dinheiro. Os donos não têm contribuído para a saúde financeira do clube, razão provável pela qual agora o puseram à venda por 500 milhões de libras.

Mas é impossível não se deixar contagiar pelo ambiente. A estrutura interior do estádio, apesar das insuficências técnicas e estéticas, amplifica o som emitido pelo público e cria uma onda de pressão acústica difícil de resistir. Também a (falta de) dimensão contribui para a ideia de sufoco sobre os jogadores, que parecem estar ao alcance da voz e até da mão.

Esta foi apenas a minha sensação imediata. Mas foi após o apito do árbitro, quando as claques, logo acompanhadas por todos em uníssono, começaram a cantar o ‘You’ll never walk alone’ que um arrepio me percorreu a espinha e percebi o que é ser do Liverpool. Entendi também a razão pela qual os jogadores dizem que é o estádio mais difícil de visitar. E isto continuou ao longo do jogo todo, de tal forma que quase não me incomodou a derrota do Benfica.

Um aspecto curioso do processo é que os adeptos sentados atrás do guarda-redes adversário lhe batem palmas quando este se posiciona entre os postes. Mas a maior parte dos guarda-redes estrangeiros não está a par desta tradição e não se reconhece nas palmas, pelo que não as agradece. A reacção das bancadas é então de apupar o distraído, que no entanto continua alheio a toda esta fanfarra e prossegue indiferente aos apupos que lhe são dirigidos.

Outra curiosidade é a tal ausência de barreiras estruturais entre adeptos das duas equipas. Os únicos elementos de separação eram os stewards e um único aviso (em brasileiro) para os adeptos benfiquistas esperarem no fim do jogo para serem acompanhados até às suas viaturas. Isto em comparação com o que vimos recentemente no ArenA em Amesterdão, onde os adeptos da outra equipa estão enjaulados de lado e de frente por grades a toda a altura da bancada.

No final do jogo parecia que nada de especial se tinha passado. Tranquilidade absoluta, a normalidade de um clube habituado a ganhar. O meu amigo deixou-me no hotel, onde ainda pude presenciar uma cena digna de revista entre portugueses que não sabiam falar inglês e ingleses sem paciência para aturar estrangeiros.

No dia seguinte embarquei no vôo das 6 da manhã, não sem antes ter que voltar a testemunhar o aberrante comportamento da juventude inglesa, embalada a beber cerveja aos baldes num bar decadente do aeroporto às 5 da matina.

Nuno

18.4.10

Filhos melhores = planeta melhor

Pergunta vencedora num congresso sobre vida sustentável:

"Todos pensam em deixar um planeta melhor para os nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Nos dias que correm verde é, definitivamente, a cor do amor.

Patrícia

11.4.10

Festa de aniversário da Miminha

(com os amiguinhos, porque já tinha tido uma em família...)

Não fomos originais na escolha do sítio, mas deu resultado com o Campeão e o mesmo modelo provou resultar com a Miminha.

Começaram pela brincadeira







Depois fomos as velas e bolos (home made)







E por fim, as prendas


Patrícia

Piquenique de Primavera

Por ocasião da ultima reunião para celebrar o regresso de um casal português e seus filhotes á pátria depois de quase dois anos em Amsterdão, participámos num piquenique no bosque.

Num bosque há sempre diversão para os pequenotes.





E depois de alguma energia gasta, e tendo-se cada casal responsabilizado pelo farnel, lá “piquenicámos” apesar do frio primaveril.

Oportunidade também para trazer a lume a ideia de como reagiriamos agora a ideia de voltar. Pareceu-me que quem agora regressa, volta com a vontade recapturar a vivência única de familia, de amigos, de conhecimento institivo ou leitura imediata dos motivos da comunidade onde se nasceu. Pareceu-me também que se volta com alguma apreensão: “será que me vou readaptar ao ambiente de trabalho?”

Por hora resta-nos desejar todo o sucesso, pessoal e profissional, a quem parte. E ficar a espera de noticias sobre como é “voltar”.

Patrícia

Caça aos ovos

Ainda com os primos cá, fizémos a caça aos ovos da Páscoa.

Depois de todos os ovos encontrados foram partilhados irmamente e os pequenotes deliciaram-se com o chocolate. E foi tempo de vir partir dos primos e tios com quem tanto se divertiram.

Patricia

7.4.10

As mãos da minha mãe

O texto não é de minha autoria ou a minha mãe tem grande arte na costura mas recebi-o e, subscrevendo-o, resolvi transcreve-lo. Afinal as mãos da minha mãe sempre foram as mais poderosas.

“No tecido da história familiar, as mãos de minha mãe reforçaram as costuras para nos
Protegerem de qualquer empurrão da vida …

As mãos de minha mãe uniram com um alinhavo as partes do molde sem esquecer que cada uma é diferente da outra e que juntas fazem um todo.

As mãos de minha mãe fizeram bainhas para que pudessemos crescer para que não nos ficassem curtos os ideais…

As mãos de minha mãe emendaram os estragos pra voltarmos ausar o coração …sem fiapos de resentimentos…

As mãos de minha mãe juntaram retalhos para que tivessemos uma manta unica que nos cobrisse …

As mãos de minha mãe seguraram presilhas e botões para que estivessemos unidos e não
perdessemos a esperança …

As mãos de minha mãe aplicaram elásticos para nos podermos adaptar folgadamente
às mudanças exigidas pelos anos …

As mãos de minha mãe bordaram maravilhas para que a vida nos surpreendesse com as suas contínuas dádivas de beleza …

As mãos de minha mãe coseram bolsos para guardar neles as moedas valiosas das melhores recordações e da minha identidade …

As mãos de minha mãe, quando estavam quietas… zelavam os meus sonhos para que alimentassem os meus ideais com o pó das suas estrelas …

As mãos de minha mãe seguraram-me com linhas mágicas, quando entrava na vida … para começar a vesti-la!

As mãos de minha mãe nunca abandonaram o seu trabalho… E sei muito bem que hoje, onde estiverem, fazem orações por mim … E eu … Eu beijo-as como se recebesse bençãos!”

Patrícia

5.4.10

Ajax-PSV (2)

Conforme prometido, aqui está o tal artigo no i sobre o Ajax-PSV e a vida em Amesterdao vista pelo nosso amigo Rui Tovar.

(em www.ionline.pt/conteudo/53848-destino-ajax-psv-calvinistas-um-dia)

Viagens na Minha Terra

Destino: Ajax-PSV. Calvinistas por um dia

por Rui Tovar, Publicado em 03 de Abril de 2010 | Actualizado há 15 horas

É uma viagem surreal pelo ArenA, por entre urinóis ao ar livre, batatas fritas com maionese e escadas rolantes para entrar nas bancadas

Ajax, bicicletas e canais. O ABC de Amesterdão é mais variado que isso e desagua por outros caminhos. Desta vez não passam pelo Red Light District (RDL) nem pelas coffee shops, duas zonas abandonadas ao sabor do vento e à beira de uma reestruturação da câmara municipal assim que todos os arrendamentos expirarem. Porque a Amesterdão dos holandeses não é a dos turistas. É como a diferença do Sherlock Holmes de Hollywood (the real one, o fiel retrato dos livros de Conan Doyle) e o da BBC (mais cerebral que físico). Ou o Batman de Christopher Nolan (the real one, o fiel retrato dos comic books) e o de Tim Burton (mais fantasia que realismo). E a Amesterdão dos turistas perde-se nas ruas e vielas da RLD e das coffee shops, enquanto a Amesterdão dos holandeses ganha outra dimensão em zonas exclusivamente residenciais, sem canais mas com a beleza e a originalidade da arquitectura, fascinante e intolerante ao crescimento desmedido e tão (des)característico das metrópoles.

As duas Amesterdão são reais e convivem juntas mas só uma é a verdadeira. The real one. E essa Amesterdão, a dos holandeses forretas e calvinistas, foi-me mostrada por quatro portugueses residentes (Nuno, Patrícia, Diogo e Catarina, por ordem de idades), que vivem longe das tentações, mais turísticas que outra coisa qualquer mas igualmente identificáveis com Holanda e Amesterdão. Como as casas de três andares, as ruas limpas e a tranquilidade geral, como se o stresse fosse uma palavra proibida e a paz um mandamento da condição social. E desportiva, acrescentamos nós. Porque é dia de Ajax-PSV (4-1) e a cidade anima-se.

No ArenA tudo parece surreal e diferente. Como a Holanda do RLD e das coffee shops. Para já, há urinóis no meio da rua. Não, não são casas de banho públicas como aquelas do Rock in Rio. São mesmo urinóis e são cinco como se fosse uma estrela. Bem, estrelas são aqueles que lá param porque é inevitável o olhar de quem por lá passa. Depois, há a febre das batatas fritas. Ao lado do estádio há MediaMarkt (onde é que eu já vi isto?) e McDonald's. No meio deste enclave, uma loja pequena, sem pretensões e a abarrotar de gente. São as batatas fritas que chamam por eles. E por nós. Lá dentro, é o caos organizado em que todos falam a mesma (imperceptível) língua. Entre palavras que machucam o ouvido e torcem a língua quando tentamos reproduzi-las, só entendo mayo, de maionese. Cá fora, famílias inteiras partilham esta mania e não as entendo. A elas, que desta vez não dizem mayo (a única palavra "holandesa" que conheço).

Quando penso que a aventura acabou, mais um episódio pitoresco. Todas as quatro bancadas do estádio têm entradas pelas escadas rolantes e assim parece que vamos para um centro comercial. Mas não, vamos ao ArenA para ver o jogo entre o terceiro e o segundo classificado do campeonato holandês (o líder é o Twente, outro pormenor surrealista). Do jogo propriamente dito, só duas certezas: os holandeses não têm noções tácticas na defesa (excepção feita à Laranja Mecânica de 1974 e 1988, e, e, e...) e são uns fiteiros desgraçados, como nós. Agora entendo a batalha de Nuremberga no Mundial-2006, com recorde de cartões (20), empurrões, sururus e afins. Basta um toque e eles caem como se fossem a Cinderela com chuteiras de cristal. Se comessem as batatas fritas aguentavam tudo.


Nuno

4.4.10

Aniversário da Miminha

Fez hoje 4 anos a nossa Miminha. 4 anos celebrados no dia 4 do 4.

Os avós paternos chegados na noite da véspera.

Muitas prendas, sobretudo vestidos, saias, camisolas para andar sempre linda.

Fizémos um bolo
Cobrimo-lo

Cada um fez uma sugestão sobre a decoração do bolo em desenhos

Decorámo-lo


Levámos a Miminha de surpresa ao espectáculo da Disney no gelo sob o tema princesas.

Cantámos os parabéns, soprámos as velas e comemos o bolo.


Parabéns meu docinho de “menina grande”!

Patrícia

3.4.10

“Casa das cartas”

Falava ao Nuno sobre o eventual interesse do cartão dos museus em Amsterdao quando o Campeão, interrompendo como é seu costume a conversa, disse:
– "Pois é mamã, porque temos de ir á casa das cartas”.
Respondi:
- "Casa das cartas?”
Ele:
- "Sim, aquela do portão grande e castanho que falaste no outro dia quando vinhamos do museu. O museu das cartas.”

E fez-se-me luz. Realmente falei-lhe que poderíamos um dia ir á “maison Descartes”, um instituto francês em Amsterdão onde se podem ver filmes, documentários, trazer livros, etc, e claro tudo em francês.

Eu e o Nuno partimo-nos a rir. Maison Des cartes poderia realmente ser a casa das cartas.

Patrícia

2.4.10

Tropenmuseum

Chegados a Abril, abrimos oficialmente a época das visitas com a chegada do meu mano, companheira e prole. Faz sentido porque este país literalmente floresce em Abril e Maio.

4ª feira, meu dia “off”, decidimos ir ao “Tropenmuseum” - museu tropical. É um museu étnico onde se encontram objectos, vestuário, filmes, música e outras tantas manifestações de cultura de vários locais do mundo: África, América Latina, Caraíbas...

O lema do museu é “every object tells its own story” e dá pano para mangas com ideias, valores a trabalhar com os pequenotes.

A reacção dos pequenotes – nascidos no cantinho da Europa - quando entrámos na primeira sala do museu foi em coro; “UAU”. E viram todos o museu com muito interesse. Para regressar!

Patrícia

Lights in / Lights off - Hora do planeta 2010

Já vai este post com quase uma semana de atraso mas importa mencionar que aderimos à campanha da WWF: a hora do planeta.

Trata-se de uma chamada de atenção global que visa alertar para a necessidade de protegermos o Planeta, onde os seres humanos devem viver em harmonia com a Natureza. Durante uma hora, no dia 27 de Março 2010 (sempre no último sábado de Março), as luzes apagam-se por todo o mundo entre as 20H30 e as 21H30 locais.

Esta iniciativa teve inicio em 2007 em Sidney e um ano mais tarde teve uma adesão mundial.

Por todo o planeta as luzes estivam on









E depois off










Agora há que não esquecer de aplicar parte disto ao dia-a-dia.

Patrícia