Não sei como
se resolveu proceder com eleições presidenciais em Portugal quando se está no
olho do furacão em Portugal com a pandemia. Mensagens tão contraditórias: na
sexta feira apertam o confinamento e fecham as escolas pedindo as pessoas que fiquem
em casa tao dramático e a taxa de contagio e a situação dos hospitais, mas no domingo,
convida-se a população activa a ir as urnas que voto a distância é coisa de
muito planeamento e futurismo... Também não sei como um boletim de voto pode
estar errado. Sim, o primeiro da lista do boletim de voto afinal não concorreu –
a maior anedota seria que ganhasse. LOL. Igualmente, não sei como se aceita
eleger um presidente da republica com mais de 60% de abstenção. Visto aqui de
longe, parece que se saiu completamente do trilho.
Fiquei
aborrecida porque não pude votar. Uma falha qualquer do funcionário que fez o
meu cartão do cidadão, apesar da morada ser estrangeira, não me recenseou como
tal. Não me deixaram votar. Não que fosse fazer a diferença, mas é revoltante
deslocar-me a outra cidade e dizerem-me que não porque alguém não carregou numa
qualquer caixa do sistema de emissão do cartão do cidadão. E não que tenha
grandes esperanças para o pais que neste momento, não estivesse fisicamente agarrado
a Espanha, e Espanha a França e todos na União Europeia, tem a credibilidade duma
republica das bananas qualquer. A incompetência é revoltante. A falta de
alternativas gritante. A mediocridade de quem deveria estar a orientar os cidadãos
(governo e oposição) inabalável. E eis que me deixei levar pela espiral negativa
– a verdade é que não quero muito saber porque não me afecta muito. Não
compreendo a passividade da população civil que parece contentar-se com
criticar com todas as forças e energia mas nunca arregaçar mangas para construir
soluções, ainda que em pequena escala, para alterar o curso da vulgaridade.
Estou
zangada. Não é só Portugal – apesar de ser representativo. É a falta de visão e
cooperação colectivas. Sou humanista e acredito que por mesquinho que seja o
ser humano, em momentos de crise se ultrapassa. Tudo isto foi gerido
pessimamente – sempre a pensar na minha cozinha, o meu bairro, a minha região,
o meu pais. Não posso deixar de observar que é de onde mulheres lideram que tem
vindo o tom de empatia, de união, de cooperação, de tratemos dos nossos e de
todos. Enfim, agora temos o Biden que aparece com o mesmo discurso, pelo que não
posso dizer que é exclusivo. Mas diria que há uma certa tendência, sim, de
maior empatia para os casos concretos e não para os números e para navegar a
vista das reacções dos eleitores. Não é para trazer o género a baila mesmo
porque cá em casa tem sido o Nuno a cabeça fria, a calma, a pessoa que quando o
desespero aperta nos para e diz que isto é o que se esperava. Sei que é uma
tarefa ingrata e hercúlea e não faria melhor mas também não tenho o treino e meios
que quem tem poder de decisão tem. Estou zangada, sim. Falhou o humanismo,
falhou a cooperação global que possibilitaria tratar disto concertadamente.
Votar é um
direito é um dever cívico que nasce a partir do momento em que nos tornamos
maiores de idade. É uma acção publica, daquilo que é res publica (coisa
publica). Parece-me evidente que esse modelo, só por si, não chega. Precisamos também
da acção civil, das comunidades para que nos possamos restabelecer.
Em nota positiva, o nosso
Diogo é, como sabemos, pessoa muito interessada no mundo da politica – com
interesse mais aguçado para assuntos internacionais, é certo – e foi com gosto
ao Consulado votar: o voto dele esta algures nos resultados abaixo. Que venha cheio de força e faça deste mundo melhor.
E a seguir passámos por um drive-through para uns Macnugets e batatas fritas que entre pandemia e frio não havia mais opçoes para aproveitarmos uns minutinhos mais de companhia do filho e apaziguarmos a filha.
Patrícia