O Grandalhão já deixou a sua impressão da nossa escapadela aqui. Deixo também a minha.
Dos quatro, eu era a única que jà conhecia Praga. Visitei num verão ainda no século (milénio 😁) passado. Lembrava-me da ponte, do relógio astronómico e pouco mais. Agora que temos o blogue, fica o registo para mais tarde recordar.
Praga é a capital da República Checa, conhecida pelo extenso e vestusto património histórico e arquitectónico do centro da Europa. A cidade é conhecida como a "cidade das cem cúpulas", apesar dos Checos serem, de acordo com censos, o país europeu menos religioso da Europa.
Situando-se no centro da Europa, "apanharam" com tudo. Ora vejamos, assim muito sumáriamente:
- a cidade de Praga como centro urbano e núcleo político do reino da Boémia, nasceu no século IX e tornou-se um ponto importante das trocas comerciais da Europa medieval. Por causa desta relevância mercantil, em 1170 construiram a primeira ponte de pedra sobre o rio moldava (vltava na língua local) que é um afluente do rio Elba.
- no século XIV, a cidade ganha um enorme impulso pelo governo do imperador germano Carlos IV de Luxemburgo - grande herói e patrono da cidade - que ali estabeleceu a capital do seu império. Foi ele que ali fundou a universidade, mandou construir a icónica ponte Carlos IV, e da cidade nova.
- grande rivalidade entre os checos e germanos, levando à "defenestração de Praga", no século XV, em que os dirigentes da cidade foram atirados pela janela da sede do governo pelo povo enraivecido.
- no século XVI, os (católicos) Habsburgos ascendem ao poder, e nova "defenestração de Praga", precipitando a eclosão da Guerra dos Trinta Anos pela Europa, período no qual Praga foi ocupada por saxões e suecos.
- no século XIX estavam sobre a ascendência dos Austrohungaros.
- Em 1918, Praga torna-se a capital da nova e independente Checoslováquia, para ser invadida em 1938 pela Alemanha nazi, e cedida para a órbina da União Soviética no pós II Guerra Mundial.
- Com a queda do muro de Berlim, e da União Soviética, libertam-se da influência desta e no final de 1992, a República Checa separa-se da Eslováquia.
Tédio ou estabilidade não é algo conhecido pela gente que vive ali!
Chegámos pouco depois da hora de almoço e deixámos a pouca bagagem num hotel simpático na zona turística central. Com fome, lançámo-nos na street food local (para turista).
E passeámos pelo centro da cidade velha, onde vimos a praça central com o relógio medieval astronómico (provavelmente o mais famoso do mundo), construído em 1410 pelo mestre relojoeiro, de quem se conta foi cegado para que não repetisse a sua obra em mais lado nenhum. O relógio é composto por 3 partes:
- a esfera inferior da Torre do Relógio representa os meses do ano, os signos do zoodiaco e o escudo das armas da cidade velha;
- a esfera superior é o relogio astronómico própriamente dito - a sua função original era representar as órbitas do Sol e da Lua (ao invés de dizer as horas);
- as figuras do relógio com o desfile dos dozes apóstolos que ocorre a cada momento em que o relógio marca as horas (e passa-se nas janelas superiores do relógio).
- há ainda quatro outros personagens: o turco, a avareza, a vaidade e a morte (um esqueleto que marca o início do desfile ao puxar uma corda).
A Praça é muito bonita e arranjadinha e foi nosso ponto de passagem todos os dias da nossa estada, por razões variadas.
Depois fomos passear à beira do moldava. Também passámos diversas vezes, ao longo da estadia, por esta lindíssima ponte Carlos IV que liga a Cidade Velha ao Castelo de Praga. A ponte é acedida de ambos os lados por torres, e tem 30 réplicas (as originais estão em museus) estátuas em estilo barroco.
Gárgulas deslumbrantes
Personagens que não esperava
Do outro lado da ponte, está situado o maior castelo fortificado do mundo, o castelo de Praga que domina a colina da margem esquerda (oriental) do rio. O castelo foi construído entre os séculos XIV e XVII e actualmente é habitado pelo presidente da reública. Mesmo ao lado do castelo, encontra-se a lindíssima catedral gótica.
Jantámos, sob recomendação do taxista que nos trouxe do aeroporto, no restaurante U Rudolfina.
E ainda fomos para mais um passeio pós jantar na bela ponte, sob alguns flocos de neve.
À procura da famosa parede do John Lennon que desde o início dos anos 80 quando Lennon foi assasinado e (Praga se encontrava sob jugo soviético). Lennon era reverenciado como pacifista e era um herói na época em que os comunistas proibiam as músicas dos Beatles e depois do Lennon a solo, por causa das mensagens. De modo que a parede era continuamente decorada com grafites inspirados no John Lennon, e as autoridades limpavam-nos, e novamente reapareciam novas grafites na parede. De modo que o muro é, não só uma homenagem a John Lennon, mas também um monumento à liberdade de expressão e à rebelião não violenta que a juventude checa fazia contra o regime autoritário comunista.
Eu ainda queria ir espreitar a absiteria (nunca tinha ouvido falar) mas estava tudo K.O.. No dia seguinte, passámos pelas peeing statues, de bronze e provocatórias em frnete ao museu do Kafka.
Vimos a pontes Carlos IV de outra perspectiva (outra ponte) e o Grandalhão tem uma foto espectacular da ponte velha daqui no seu post.
Enquanto víamos outros pontos da cidade que naturalmente presta homenagem a um dos filhos da cidade e muito conhecido escritor, Franz Kafka.
Fomos à procura e passámos pela estátudo do homem pendurado, balançando acima de uma das ruas do centro histórico de Praga, e imagino que deixando pessoas preocupadas com a possibilidade de um homem estar prestas a morrer. A estátua é deliberadamente provocativa e representa Sigmund Freud. Do escultor (Cerny), o oscilante Freud é surpreendemtemente realista à distância. É uma declaração escultural sobre a dúvida do escultor sobre o intelectualismo do século XX.
Mais uma experência de comida Checa no Svejk para ganharmos energia para a visita do dia.
A deslumbrante catedral gótica
E o maior castelo fortificado da Europa. A janela abaixo, é a tal janela da defenestração de Praga, onde foram atirados pela janela os representantes dos Habsburgs a 8 de Novembro de 1618. Ninguém moreeu e apenas tiveram pequenas escoreações mas as consequências foram enormes e o início de um dos grandes conflitos da história da Europa Moderna: a Guerra dos Trinta Anos
A vista do castelo sobre a cidade
A oferta dos ingleses aos Checos pela ajuda na Segunda Guerra Mundial
E mais iguarias locais ao jantar
E pequeno almoço (melhor tosta de pêra abacate de sempre)
Já no dia de partida, visitámos as exposições do brilhante Salvador Dalí e do Warwhool
E ainda espreitámos o antigo cemitério judeu, entre os mais antigos cemitérios judaicos sobreviventes do mundo com a mais antiga lápide a datar de 1439. No cemitério existem cerca de 12.000 lápides.
Sim, é uma cidade turística e como tal habituada a servir pessoas que vem e vão sem grande apego. Não sentimos grande hospitalidade dos locais que parecem ter sido preparados para constante mudança e instabilidade e portanto não mostram os dentes a estranhos e andam à sua vida.
Não deixa de ser uma cidade com uma arquitectura fenomenal e muita história (e agora nossas histórias também) para contar. Soube bem este interregno. Sabe sempre bem estar a quatro a explorar novos sítios, culturas, comidas. Testar a resistência física, o palato, e a abertura da mente.
Patrícia