27.7.09

Encontro no feminino

Sempre achei que os meus amigos eram sobretudo do sexo masculino. Tive Amigos. Não que possa dizer que perdi a sua amizade mas perdi-lhes o contacto. Parece que mulher casada se deve relacionar apenas com a mulher do amigo – não questiono que se deva acolher a mulher que o meu amigo escolheu (gostando dela claro, não sou hipócrita para dizer que gosto de todas) mas não faz sentido perder o contacto com o amigo. Isso entristece-me. Não percebo porque tem de ser assim, sempre me recusei a acreditar na teoria de que homens e mulheres não podem ser amigos.

Mais facilmente achava que mulheres não poderiam ser amigas. Eram rivais. Como não compreendia muito bem a maior parte das interações entre raparigas (estilo vamos todas à casa de banho juntas e coisas que o valham) e me dava melhor com rapazes cresci, a achar que era com sexo masculino que me relacionava melhor. Detestava, e detesto, a ideia da referências das meninas: cinderela e bela adormecida. Não dá para fazerem personagens femininas que inspirem valor?

A vida tem destas coisas. Aprendemos que nos enganamos, ou que estavámos enganadas, ou que ainda era cedo para perceber isto ou aquilo, ou que ela nos faz mudar.

Este fim de semana passei-o com a minha amiga Marta (o meu mais que tudo e pequenotes estavam fora) que veio ter comigo à Holanda. Passeámos pela cidade sem stress ou destino. Simplesmente a conversar e disfrutar da companhia, discutir ideias, receitas, ir às compras, falar de experiências, medos, vontades, vidas. E soube tão bem.

Lembrou-me que, na verdade, tenho tido tantas raparigas e mulheres importantes na minha vida: a minha mãe, avó(s) (apesar da lembranca mais forte que tenho é do desgosto da minha mãe quando a dela partiu), tias, prima (tive mais que uma mas que foi embora cedo como os anjos), as minhas amigas Rita e Marta de Magoito, a Inês do meu liceu, a Sara e a Raquel na univerdade, a Manu no Porto, a Marta que esteve comigo este fim de semana e me tem acompanhado desde os tempos do meu primeiro emprego, a minha sogra, as minhas cunhadas (sendo ambas tão diferentes de mim), a Narcisa, a Xanana, a Cice, a Cris, e, mais recentes, a Elizabeth, a Cristina, a Azumi, a Dietlind e, perdoem-me, as que possam ter ficado esquecidas.

E mais que tudo, claro, e evidentemente não esquecida, a minha Miminha. A minha cereja no topo do bolo. Talvez seja ela que me tem feito assumir mais do que é feita a essência do sexo feminino. Gostaria que ela, e todas as elas por esse mundo fora, crescessem felizes por serem mulheres. Há tanta magia e encanto na condição de mulher. Temos tanta sorte por viver nesta época em que sabedoria não é sinónimo de bruxaria, em que somos respeitadas e não ultrajadas, em que podemos aprender e ensinar, em que podemos ter um sustento honesto, capacidade de escolha, em que podemos ser líderes sem ter o coração endurecido. Tempo em que podemos ser guerreiras, sacerdotisas, profetisas, condescendentes, verdadeiras.

Espero que para o ano possa fazer um fim de semana destes e que mais destas maravilhosas mulheres, se juntem. Não interessa a idade. Só a vontade de, divertindo-se, prestar tributo a essas que me são especiais.

Obrigada Marta, não apenas pela companhia no fim de semana mas por teres aceite o desafio e contigo começado esta ideia. Para o ano seremos mais!

Patrícia

25.7.09

Chegada a Portugal

E porque o dia acabando só assim não seria em cheio, ao fim da tarde partiu a Miminha com o papá quido para Lisboa. Radiante porque ía para Portugal ter com o mano e avós. Portou-se muito bem ao que parece mas isso terá de ser o papá a contar, se assim o entender.

Á chegada à Portela, contida, acenou para os avós maternos e tia e, ao pé deles terá dito algo como: há muito tempo que não vos via. Feliz, contente e deliciada por estar em Portugal.

O Campeão, entretanto, apanhava com os avós paternos o avião para regressar das formidáveis férias dos banhos de água morninha do Porto Santo para Lisboa - tanto avião para um só dia!

E o resto não posso eu contar que fiquei em Amsterdão, com a minha amiga Marta, num fim de semana de mulheres...

Patrícia

Dag kikkers!

Em jeito de boa tradição holandesa, quando os meninos partem para um nova escola fazem uma festinha, com direito a bolo e um presentinho para os seus amiguinhos. No fim de semana fomos às compras e lá nos dedicamos a fazer os embrulhos com as prendinhas para os 23 pequenotes que fazem, juntamente com a Cata, parte da sala dos Kikkers.

Como não somos apologistas da quantidade e qualidade dos doces com que os miúdos são bombardeados nestas alturas, fizémos um pacotinho com: um lápis e borracha de um animal no mesmo; autocolantes de madeira; balões; e um boneco para brincar no banho. E assim preparámos as prendinhas para os seguintes meninos: Aurèlie; Bo; Bode; Ella; Famke; Gloria (com quem a Cata sempre acenava de manhã para se despedir de nós e filha de italianos); Ids (este era o grande amiguinho da Cata desde os 2 anos); Jakira (fala espanhol); Keĵe; Loek; Lucas; Max; Midas; Murilo; Romon; Scout; Stjn L; Stjn H; Týn; Victor; Vincent; e Wayne.


Chegado o dia, a Cata quis ir com o seu vestido de princesa trazido pelo papá especialmente de Nova Iorque. De manhã, quando íamos a caminho do infantário ía toda contente pelas ruas com as pessoas a meterem-se com ela "wat mooie princess" diziam.

Lá ficou, e às 15h, já com a minha amiga Marta que entretanto chegou de Lisboa para passar o fim de semana comigo, fomos para o infantário para a festinha da Miminha. Os meninos ainda se estavam a vestir da sesta.

As professoras fizeram-lhe uma linda coroa:

que por lhe estar um pouco larga lhe caía da cabeça.

Prepararam o lanchinho enquanto cantavam canções de despedida à Cata.

Depois comecou a sessão de troca de prendas da Cata para os seus amigos e das educadoras e do Idsje para a Cata. Contaram as educadoras que a mãe do Ids lhes contou que ele lhe terá dito que, se a Cata ía embora tinham de lhe comprar uma prenda (ofereceram-lhe uma fada lindíssima) e fazer um desenho.

As educadoras prepararam um livro com todos os desenhos que a Cata fez enquanto lá esteve, deram-lhe prendas, beijinhos (o Ids em especial estava triste com a despedida da sua grande amiguinha, mas também por outras muito tristes razões), e eles despediram-se múltiplas vezes e com muito carinho


E assim foi a despedida da Cata da sala dos kikkers. Final de uma feliz e sucedida etapa.

Adeus Kikkers obrigada e que o sol brilhe com felicidade para todos vocês.

Patrícia

22.7.09

Cata - conversa de saída do infantário

Sexta-feira a Miminha parte com o pai para Portugal para as suas ansiadas férias de Verão. Também sexta-feira, terá a sua festa de despedida do infantário onde anda desde o ano de idade.

Normalmente, a sua saída para o ensino Holandês seria apenas na altura em que completasse 4 anos (aqui eles funcionam por idade dos miúdos e não por anos civís ou escolares o que faz muito sentido mas exige grande capacidade de gestão - algo que infelizmente não parece ser uma capacidade básica do sistema de ensino português tal como se encontra actualmente) mas, como vai para o ensino francês, começa a nova escola em Setembro (altura em que terá 3 anos e 5 meses).

Ora bem, como vai sair convocaram-me para uma entrevista de saída para me reportarem as suas observações sobre a “Cata” (diz-se Cótá) como lhe chamam no infantário e, que passo a transcrever, traduzir e relatar:

1 – Desenvolvimento motor

A desenvoltura física da Cata é muito boa: anda, corre, pula e salta, trepa e sobe e desce as escadas com total autonomia e usando dois pés alternadamente. Anda em cima de um muro baixinho sem se desequilibrar, brinca em estruturas de escalar, usa com desembaraço o escorrega e anda de bicicleta (embora com rodinhas).

A motricidade fina da Cata é muito desenvolvida: ela serve-se de lápis/canetas para desenhar, pinta dentro dos traços, corta com a tesoura seguindo uma linha; molda, cola, fixa e aplica materiais sem embaraço; tem uma grande capacidade com os puzzles; veste-se, despe-se, calça-se e descalça-se totalmente sozinha; gosta de ajudar os outros miúdos com as suas tarefas, nomeadamente, a vestir-se ou despir-se.

2 – Desenvolvimento socio-emocional

A Cata é alegre, querida, social e divertida. Tem uma boa relação com as professoras e gosta de volta e meia ir ter com elas para lhes falar ou abraçar sem que seja dependende delas. Tem também um bom contacto com os miúdos do grupo e brinca em conjunto com eles. O Ids e a Aya (que saíu há cerca de um mês para a escola por ter atingido os 4 anos) são os seus companheiros de brincadeira preferidos. No entanto, consegue-se distrair sozinha sem que alguem a entretenha, tendo preferência por puzzles e por brincadeiras livres (normalmente que sejam criativas).

A separação dos pais quando a deixamos de manhã é um momento difícil para ela.

Quando briga com outros meninos consegue resolver sozinha a situação. Todavia, gosta de contar à educadora e que ela, se necessário confirme que a Cata está a proceder da melhor maneira: por exemplo, se alguém a incomoda ela diz “niet doen! Afpakken mag niet”.

A Cata tem muita autoconfiança, sabe o que quer e como se impôr. Nao e influenciável resistindo e mantendo a sua posição.

3 – Desenvolvimento da linguagem

A Cata entende todas as perguntas ou instruções que lhe são dadas. O seu vocabulário da língua holandesa é bastante extenso e expressa com clareza o que quer e o que não quer. Fala holandês com pronúncia e por vezes troca as palavras, deram-me o exemplo de ela dizer “eu sou duas pernas” em vez de “eu tenho duas pernas” mas que pensam que isso terá a haver com a influência do português, a sua língua materna. Todos a entendem e parecem não se aperceber destas suas trocas. Ela é a experiência mais surpreendemte que tiveram com miúdos bilingues porque a linguagem se desenvolveu muito cedo (normalmente atrasa-se quando a criança está exposta a mais de uma língua), há uma clara opção por uma língua ou simplesmente não se as entende nesta fase. Falou de dois casos que tem na sala: a Jakira (mais velha que a Cata) que fala perfeitamente espanhol mas o seu holandês é de muito difícil compreensão, e; da Gloria (mais nova de que a Cata) que parece entender o que lhe é dito em italiano e em holandês mas cuja expressão é muito atrapalhada e difícil.

4 – Outras observações

A Cata gosta muito de actividades livres e criativas mas também gosta das actividades de grupo (como jogos e canções, que sabe todas). É muito popular entre o grupo e, sempre entusiasta, “contagia” ou influencia muito positivamente o grupo.

A Cata sabe as regras do ambiente onde se encontra, respeita-as e ajuda o grupo a respeitá-las. A sua única dificuldade é (já não querendo dormir a sesta) ficar sossegada e em silêncio na sua cama deixando que os outros durmam.

A educadora acha que será positivo para a Cata ir para a escola nesta fase, antes que se comece a aborrecer no infantário por falta de desafios. A escola trar-lhe-á novos desafios que ela procura.

E assim foi a conversa.

Patrícia

Porto Santo

Foi ontem, na sombra de um telefonema do meu pai, que o Porto Santo me tocou pela primeira vez. Em consciência pelo menos.

Só ontem veio à superfície o carinho escondido pela ilha da minha mãe, o niquinho de terra dos cheiros e sabores estranhos, o minúsculo paraíso perdido em que me entediava pela falta de agitação a que, menino de cidade grande, desde sempre me habituei.

Ontem, embalado pela voz do meu pai, revivi nos passos do meu filho os meus próprios, criança de poucos anos a passear com os meus pais ao longo do paredão junto à praia. As mulheres a vender uvas acabadas de colher das videiras plantadas a beira-mar, o clima terno, a água límpida e morna, o sotaque profeta, carros contados pelos dedos das mãos, a vida pautada pelas idas e vindas do barco de ligação à Madeira.

Voltei a subir a ladeira para casa da D. Gumberta, aonde fui buscar o bolo do caco acabado de cozer. E voltei a correr para podermos comê-lo quentinho, com manteiga a escorrer, ainda impressionado pelos cheiros marcantes que sempre dominavam aquela casa.

Sofri a angústia da televisão com os 2 únicos canais disponíveis, ambos públicos, em programação de Verão, e revi os campeonatos mundiais de hóquei em patins em que as mesmas 3 equipas dominavam ano após ano e Portugal era sempre um dos favoritos ao título.

Bebi Brisa de maracujá, comi queijadas frescas, passei horas a fio na praia e regressei a casa da minha avó para um duche com cheiro a pátio e um almoço de peixe-espada grelhado, milho frito, feijão verde, aconchegado pelo bolo do caco e regado a água da fonte.

Até ontem não sabia que o Porto Santo me tinha marcado. Talvez seja apenas delírio de emigrante saudosista mas de repente angustiou-me saber que este lugar não existe mais.

Nuno

21.7.09

O encanto de Magoito meu

A noite passada adormeci muito tarde. Estive a acabar o segundo volume do livro “As brumas de Avalon”, de Marion Zimmer Bradley. Desde que o Diogo foi para Portugal voltei a pegar nos livros e a gozar do prazer da leitura do qual me afastei pela exigência e falta de tempo e energia no dia-a-dia. É uma parvoíce porque desde muito pequena que gosto de ler.

E talvez porque no livro a autora relembra a infância das personagens e um mundo de magia e de pertença, fiquei depois, sem conseguir adormecer, a viver algumas das minhas memórias de infância. E claro, não posso pensar nela sem pensar no Magoito.

Primeiro, sobretudo com os meus avós paternos: dos fins de semana a brincar no campo; da construção da casa dos meus avós; das tardes a caiar os muros e a pintar o portão; a semear arbustos, árvores e plantas; a fazer os murinhos que separavam os canteiros com pedras apanhadas no chão do terreno ou da estrada de cabra e que depois caiava com o meu avô; a brincar com a laica, enorme serra da estrela que era tão grande quanto meiga e me carregava as costas como se fosse um burro. Dela vi nascer uma enorme ninhada de cachoros. Adorava ir para o terreno no fundo da casa onde se avistava nada mais que campo e, ao longe, a torre da igreja de São João das Lampas. Lembro-me de aí correr sempre uma brisa que parecia trazer toda a força e imaginação do mundo. E lembro-me de comer com muito gosto pão de lenha acabado de fazer e tão quente que a manteiga se derretia completamente ao seu contacto. A maior aventura de todas era quando íamos ao “rio da mata”, por caminhos pouco ou nada frequentados e onde, uma vez, por ir a desbravar caminho, quebrei na passagem o fio de uma aranha e fiquei com ela na minha barriga – apanhei um susto tão grande que ainda me lembro perfeitamente que tinha o tamanho de uma avelã, de corpo gordo e um desenho amarelo nas costas.

E é claro, a praia onde o mar muito raramente é manso e muitas vezes, nas marés vivas, vinha embrulhada nas ondas até junto da areia. Sempre em mutação – ora com alguma areia ora com nenhuma. A praia que conheço desde sempre e da qual até os nomes das rochas sei. E antes da praia os diferentes caminhos que percorria para lhe chegar. Na infância, quando ia a pé com a minha mãe, irmão (e às vezes primos), lembro-me sempre de irmos a cantar os três soldados malucos que agora canto com os meus filhos. E, já na adolescência, tantas e tantas vezes acompanhada, pela minha prima.

No início da minha adolescência os meus pais compraram aquela que viria a ser a nossa casa de fins de semana e de férias. No ano em que a compraram (e lembro-me da primeira vez que a visitaram), não passava de uma barracão ao fundo do terreno completamente coberto de capim, onde o Fritz, meu cachorro de, na altura apenas uns mesitos, saltava feliz como uma lebre: só se via as orelhas da bola de pêlo preta aos saltos no meio da erva alta e meio seca.

Ainda hoje confesso que a casa em si não é o meu lar. Apesar dos momentos inesquecíveis à lareira ou dos fins de tarde a ler um livro no meu quarto onde entra(va) um sol gostoso e, claro, as inúmeras festas (com pais e/ou sem pais) e reuniões que ali sempre se viveram.

Mas o terreno, ou jardim e horta, seja o que lhe queiram chamar, estão indelevelmente ligados a mim. Estão porque acompanhei ali muito (claro que menos nos últimos anos). Porque sei a história por trás das coisas: porque a relva não é totalmente direita? Porque o Fritz(oquinha) adorava brincar com pedras, sobretudo na parte mais chegada ao piso de mármore e onde mais estávamos depois dos banhos de piscina e deixava, no momento em que a relva foi plantada e cresceu, pequenas covas por escavar as suas pedras. Dizíamos que noutra vida devia ter sido arqueólogo, tal era o seu prazer com as pedras! E lembro-me dos eucaliptos pequenos (pois não impressiona porque crescem muito rápido) mas impressiona se falar nos pinheiros (um bravo, um que eu chamo de nórdico e que no Natal os meus pais sempre enfeitam e, dois mansos) que ali foram plantados por nós e não tinham mais de um palmo de altura e que, agora, a sua sombra se tornou tão grande que todos os anos têm de ser podados para não tirar sol à casa e à piscina.

Os arbustos que percorrem o caminho que leva do portão a casa e onde sempre esfreguei as mãos para nelas ficar o seu aroma. As árvores de fruto, algumas das quais compravámos nas feiras ou nas lojas de plantas e que eram sempre a minha primeira ronda de cada vez que chegava, as batatas que plantámos e colhemos, e as cebolas, alhos, cenouras, feijão verde, tomate, abóboras, melâncias, melões, meloas, morangos, favas, ervilhas, alfaces, couves, e sei láo que mais que eram a produção da casa, e assim soube sempre que não, as coisas não vêm do supermercado ou estufa. E as flores, em especial as rosas com o aroma absolutamente maravilhoso. E finalmente, a buganvília, naquele tom intenso de rosa cerise, que hoje borda o alpendre e que está sempre tão carregada de flores e dá um encanto incomparável ao alpendre casa.

Quando me perguntam de onde sou digo sempre que sou Lisboeta ou “alfacinha de gema” mas, na verdade, a minha terra, aquela de que fala a Scarlet O’Hara no filme “E tudo o vento levou” é Magoito. Estão, em cada cantinho, tantas e tantas deste cheirinho das memórias do meu Magoito (que há-de ser diferente do de todos os outros) que ontem, com muito carinho, recordei.

Patrícia

18.7.09

Em busca de explicação genética (ou outra) na parecença por género

Aos olhos da família (nuclear e alargada) o Campeão e a Minúscula têm sido vistos como réplicas nossas. O Campeão em parecença e em feitio é muito semelhante ao Grandalhão, toda a gente o diz. E o Nuno consegue ler os comportamentos e sentimentos do Campeão fazendo analogias com o seu modo de estar na vida. A Minúscula chamo, por vezes, mini me. Os meus pais dizem que, para além da semelhança física (e há fotos minhas na sua idade que comprovam que de facto somos iguazinhas na mesma idade), os comportamentos da Quiducha são, em tanto, semelhantes à sua experiência comigo.

Estas supostas semelhanças têm-me intrigado imenso. Será que, de facto, cada um dos pequenotes é uma fiel cópia de cada um de nós? Faz sentido que as semelhanças físicas sejam com o progenitor do seu género, mas porquê as formas de encarar a vida? Se procurar semelhanças do Campeão comigo não as encontro. Dizem que tem a minha expressão, o mesmo modo de olhar, a cor dos olhos. Acaba aqui a evidência de que é meu filho. E as da Minúscula com o Nuno? Consigo enumerar o facto de ser alta e ter as pestanas longas, isso vem do lado do pai... E sim, bem que lhe podem fazer os testes de ADN, ela é filha dele.

Quanto a semelhanças com outros membros da família, eu associo alguns comportamentos do pequenote ao meu irmão ao passo que o Nuno associa os comportamentos da pequenota à sua irmã... Normal, acho, porque é a nossa maior experiência do ser pequeno noutro sexo...

Talvez seja sempre assim, apesar de estar convencida que os filhos são normalmente um espelho do cruzamento de génes com maior influência de um deles. Mas não me lembro de ouvir os meus pais dizerem que eu ou o meu irmão éramos os seus retratos fiéis. Gostaria de entender melhor. Espero que os meus filhos sejam muito felizes mas não sou de opinião que eu estou acabada e que eles (neste caso ela) poderá alcançar aquilo que não fiz, pelo que não olho para ela como a minha tábua de salvação, como estou em crer que alguns pais fazem, ela é muito, só e toda ela. Tenho a certeza que o Nuno comunga esta minha opinião.

O que será então que nos faz aparentemente tão semelhantes? Onde estão os meus génes no Campeão? E o que fica no Campeão da convivência comigo? Os valores e regras? A cultura? As percepções? O grande Amor que nos une? Nao é pouco, bem sei.

E, no entanto, consigo ver algumas semelhanças entre o Campeão e a Minúscula.

Talvez um dia alguém me explique este grande mistério.

Por agora fica a imagem de um adulto e um pequenote, um do sexo masculino e um do sexo feminino. Porque, seja como for e nas possíveis combinações a quatro, é de mão dada que andamos pelos caminhos da vida.

Patrícia

15.7.09

Mulheres às compras

Hoje foi mais um dia da mamã (quartas-feiras fico em casa com os pequenotes – privilégios de viver na Holanda) mas, desta vez, sem Diogão.

Para prevenir crises, o Grandalhão sugeriu esta manhã que fosse com a Miminha para uma sessão de shopping terapy, vulgo, compras. Num aparte, sim é verdade que o meu Amorzão me incentiva para ir às compras, ao contrário da regra geral dos maridos que gostariam que as suas mulheres se contivessem um bocadinho mais. E assim foi, propus-lhe umas compritas. Ela imediatamente aceitou - e assim começa a nossa história, que alegremente antecipo longa, de sessões de compras a duas. Promete!

Esta foi a minha primeira aquisição a conselho da Miminha. Na escolha de um bikini, ela ajudou-me a decidir por este: rosa às florezinhas.


Patrícia

Historias das férias de Verão - I

1 - Recado

Os meus pais pediram hoje ao Campeão para fazer um recado que consistia em ir comprar 3 ou 4 bolinhas de pão à padaria, ou melhor, ao pão quentinho. Inicialmente relutante, lá foi enquanto o esperavam no carro à porta da loja. Saiu contente, com a encomenda e o jornal A Bola para o avô, que decidiu trazer de sua iniciativa.
Viva o luxo!

2 - Mousse de chocolate

A bisavó Carlota faz a reputada mousse de chocolate da família. Como o Campeão gabou a mousse do fim de semana, carinhosamente a avó se pôs na cozinha, e lá lhe fez mais uma mousse. Acontece que o Campeão vai agora para o cuidado dos avós paternos e por isso disse à avó Carlota »não há problema. Sabes onde a minha avó paterna mora? Então podes lá ir levar a mousse». Valha-lhe a resolução sempre pronta!

3 – Courgette

Uma das actividades da escola para as férias do Verão é plantar uma courgette. Assim, foram distribuídos a todos os meninos sementes de courgette para as plantarem durante as férias. O menino(a) que tiver a maior courgette (pois começam cedo as medições... já sei a piada que aí vem), ganha um prémio para toda a classe. O Campeão plantou a sua em Mag8 e parece que a courgette já despontou da terra. Vamos ver o que vale o solo português...

Patrícia

cor-de-rosa

Pela boca morre o peixe. Um dizer bem português e muito usado lá em casa.

Pois bem, o peixe desta vez somos nós. Que tanto criticámos o cor-de-rosa e nos vemos agora espectadores impotentes da captura da nossa filha por uma aberrante mistura de vermelho e branco, que invade os cérebros de criancinhas desprevenidas (na grande maioria do sexo feminino) e as transforma em seres desprovidos do mais elementar senso comum.

Traduzindo, a Catarina tornou-se numa cor-de-rosa-ólica. Seja o que for, tem que ser cor-de-rosa. E nós, que sempre rejeitámos sujeitar-nos à tirania social, vemos sistematicamente rejeitadas as tentativas de introduzir variedade cromática no dia-a-dia da nossa filha.

Escusado será dizer que isto dá azo às histórias mais engraçadas. E a melhor deu-se recentemente com um pacote de M&M que eu trouxe de uma das minhas viagens: a Catarina seleccionou meticulosamente os cor-de-rosa, comeu apenas esses e deixou os outros na caixa sem mais ter voltado a perguntar por eles.

Nuno

11.7.09

Obama no Gana

Estes são tempos inspiradores e excitantes que vivemos. Hoje, o Presidente dos Estados Unidos da América visitou a Republica do Gana onde, novamente, deixou um discurso em registo positivo e de confiança.

"Here in Ghana, you show us a face of Africa that is too often overlooked by a world that sees only tragedy or the need for charity" Obama disse. "That is the change that can unlock Africa's potential. And that is a responsibility that can only be met by Africans." Outras frases ou expressoes notaveis:
- Fighting among faiths and tribes" must end for progress to begin
- Africa needs "opportunity for more people"
- Africa's diversity should be a source of strength, not a cause for division"

Quantas vezes ouvi isto nos ultimos dois anos, nas conferencias e eventos em que participei quando trabalhei no grupo do continente africano e quanto nisto acredito.

Gosto. Gosto do registo, da imagem e, acima de tudo da mensagem.

Que África possa beneficiar da inspiração e construir paises em que as pessoas vivam com dignidade. E que eu possa assistir a essa mudança.

Patrícia

10.7.09

Dorme bem



Meu princípe do mundo, meu cavaleiro de luz.

Patrícia

Absolutamente reconhecível

Não estou lindíssima? A Miminha desenhou-me. Obra inteiramente dela. Os pormenores, para a pequenota de 3 anos e 3 meses não estão nada maus, até me favorece.
Adorei o desenho!

Patrícia

8.7.09

Intensa

É a palavra que melhor caracteriza a Miminha. Ela é intensidade em forma de pessoa e põe-na em tudo o que faz.

Patrícia

Triângulo conjugal

Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe (e o pai mas vou escrever isto em nome da mãe que é o que sou) e a(s) avó(s) representam, em relação ao pequenote, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante. A mãe tem todas as vantagens da presença constante. Dorme perto dele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Aconchega-o de noite. Tenta sempre passar a informação do que vai acontecer a seguir, para o preparar. Contra si tem o cansaço da rotina, a obrigação de educar e o ónus de castigar.

Já a avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora noutra casa com regras tão diferentes e sempre flexiveis porque "é uma ocasião especial". Traz, em todos os momentos, presentes. Faz coisas não rotineiras e programadas. A avó leva a passear, "nunca ralha". Deixa lambuzar de gelados. Não tem a pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia.

Umas férias passadas em sua(s) casa(s) é uma deliciosa fuga à rotina e disciplina materna, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido...

E o misterioso entendimento que há entre avó(s) e neto, na hora em que a mãe perde a paciência e o castiga, e ele olha para a avó, sabendo que, se não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade e apoio... Além é claro das compensações....

Numa coisa imagino-nos iguais: o olhar das outras mães e avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do meu maravilhoso filho.

Todos os papéis tem a sua importância e singular peso na harmonia e sensação e certeza de que o filhote é muito amado. Estou certa de que daí vem parte da sua contagiante alegria. De modo que tenho de engolir o sapo e agradecer à(s) "amante(s)".

Patrícia

7.7.09

Educar uma mulher é educar uma nação

Se tivesse de escolher uma causa, escolheria a igualdade, entre géneros, pelo direito à educação. Diz o ditado que quem educa uma mulher educa uma nação. Isto pode parecer feminismo empolado mas não o é.

Dizem os estudos e estatísticas que o contributo das mulheres educadas é crítico na prevenção de mortes prematuras e doenças e, no desenvolvimento da economia. Por cada 3 anos de estudos, a probabilidade de ter uma família menos numerosa mas mais saudável, a aposta na correcta nutrição e educação, aumenta exponencialmente.

Por isso tenho de louvar esta iniciativa das Nações Unidas a favor da educação das meninas e raparigas em www.ungei.org.

Não que tenha muito que me queixar, apesar de saber que teria mais hipóteses de progressão na carreira se fosse homem, e que sobre isto não restem dúvidas, mas aceito a progressão que tenho porque é compensada com qualidade de vida e tempo para a minha família.

Que os meus filhos cresçam educados e com a noção de igualdade de géneros no que respeita à educação. Que entendam também que os géneros são naturalmente diferentes e aportam diversas vantagens e desvantagens em diferentes ocasiões. Assim é a vida.

Patrícia

Agarrada ou crackberry


É a única expressão que me vem à cabeça. E que me têm já dito algumas vezes, seja o Nuno ou os miúdos "agora não podes largar isso?".

Agarrada às novas tecnologias. Agarrada ao e-mail e ao Blackberry. Como se deles viesse a sensação de controlo e domínio da situação em cada minuto e, como sou uma control freak, nada mais apropriado, como é fácil cair na tentação de ir ver o que se passa quando a luz vermelha pisca.

Estou algo ansiosa para ver como vai ser nas férias porque deveria afastar-me pela necessidade de pausa em prol da sanidade mental... mas por outro lado vai estar à mão de semear.

É um vício. E grande. E como tal não pode ser bom.

Patrícia

5.7.09

E lá foi o Campeão

para 2 maravilhosos meses de férias em Portugal continental e ilhas. Novamente sózinho e desenvolto.

Tudo correu bem e à chegada lá tinha os avós e provavelmente tios e primos (?). Mais ainda não sei, apenas que nestes dias sinto sempre alguma tensão entre o tempo em que o deixamos no aeroporto e o tempo em que o ouvimos à chegada a Lisboa.

Não choro, como lá estava uma mãe hoje. Coitado do filho dela, só pode ficar mais nervoso se parte com a imagem da mãe a chorar... Mas fico com o coração do tamanho de um passarinho e a bater na versão assustada. Mais um cabelo branco, para a colecção de "medalhas de mãe".

Patrícia

2.7.09

Dor de cotovelo

O Diogo prepara-se para 2 meses de férias em Portugal. E eu a roer-me de inveja. Neste caso nem é Portugal que me atrai, invejo apenas os 2 meses de descanso mental: nem um "tenho que" pela frente!

Eu lido bem com o envelhecimento mas este aspecto faz-me voltar a querer ser criança. Como eu adorava as férias...

Nuno

A minha praia


Eu sei que há melhores, mais bonitas, mais limpas, com melhores acessos, com mais serviços e mais bem frequentadas. Admito também que devemos manter a mente aberta para novas experiências, com ou sem praia, e que no fundo até gosto de vivê-las.
Mas esta é a única praia que alguma vez será minha. Mesmo que seja de muitos outros. Porque eu, nem de longe um grande adepto de praia, sonho com esta todos os dias do ano.
Ao som deste mar a bater nesta areia vivi momentos fantásticos. Cada vez que, depois de um ano sem aqui vir, sou preenchido pelos cheiros e sons que emanam da beira-mar e das rochas, sou inteiramente feliz e lembro-me da importância de ter sítios aos quais criemos laços emocionais eternos.
Nuno

1.7.09

Lola

Hoje, último dia de aulas do Campeão, o "play date" foi diferente: não foram meninos mas meninas que vieram brincar. A Lola foi da turma do Campeão durante o ano, e a sua irmã, mais nova veio por acrescento.

Para mais tarde recordar, note-se que os cadernos deste ano da Lola tinham "Diogo écrit partout", segundo os pais dela. Quer dizer que a Lola tem excelente gosto está visto!

As brincadeiras foram, claro, diferentes. Jogos, vestir e despir os fatos de princesa da Miminha, quiseram pôr os brincos de colar que dei à Miminha, e apesar de serem mais contidas no espaço, as meninas também requerem muita atenção. Também cansativo.

Fica uma foto de mais uma actividade do "dia da mamã": as pinturas de pokémon nas mãos da "trupe".



Patrícia